O Jornal Opção completa 44 anos apostando no Brasil e em Goiás
22 dezembro 2019 às 00h00
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O jornal aposta na análise política que busca apresentar o que os fatos realmente dizem. Não se escuda meramente no jornalismo declaratório, à beira da datilografia
No domingo, 22, o Jornal Opção completa 44 anos, pós-balzaquiano e às portas do meio século de existência.
O Jornal Opção, que foi semanário, diário e voltou a ser semanário — e hoje é diário na internet —, surgiu em dezembro de 1975, sob o governo do general-presidente Ernesto Geisel. Seu principal criador, o jornalista e economista Herbert de Moraes Ribeiro, era leitor de várias publicações, notadamente do “Opinião” — jornal que combatia a ditadura. Ao lê-lo, Herbert observava duas coisas. Primeiro, a massa crítica acentuada dos textos. Segundo, a qualidade editorial. Os textos eram, no geral, muito bem-feitos.
Leitor da “Folha de S. Paulo”, de “O Globo”, do “Estadão” (lia, com imenso prazer, o articulista Fernando Pedreira), do “Jornal da Tarde” e da revista “Veja”, Herbert planejava criar um jornal em Goiás que fosse diferente dos demais. Ele queria contar o que havia por trás dos fatos puros, os bastidores e, sobretudo, analisá-los e conectá-los de maneira ampla.
Criado o jornal, em plena ditadura civil-militar, Herbert conseguiu manter uma linha crítica e analítica. O jornalista, que teve de se tornar empresário para garantir a sobrevivência do jornal, sempre exigiu dos jornalistas apuração detida dos acontecimentos e texto primoroso (o jornal tinha de ser tanto bem escrito quanto bem pensado). Detestava gralhas e, na segunda-feira, aparecia com o jornal todo marcado com marca-texto verde (o mesmo que usava para a leitura de livros de filosofia, economia e política). O manual de redação do jornal, estabelecido por Herbert, sugeria evitar o uso de “via de regra” (seguia a recomendação de Carlos Castelo Branco para Paulo Francis), “desempenho”, “penetração”, “racha”, “a nível de”, “fazer a gata parir”. Palavras e expressões de duplo sentido — ou com conotação sexual, o que possibilitava grosserias (que ele detestava) — não eram de seu agrado.
Na opinião de Herbert, jornal é uma espécie de usina de reciclar lixo. Deve-se descartar o lixo e publicar aquilo que é aproveitável. Apreciava ensinar que jornalismo é crítica; o resto, postulava, era perfumaria. (Há uma coisa que poucos sabem sobre Herbert: entendia tudo de informática e internet. Leu vários livros sobre o assunto e conversava demoradamente com especialistas.)
Hoje, o Jornal Opção é dirigido pela jornalista Patrícia Moraes Machado, que, formada em São Paulo, passou uma temporada na Espanha, no jornal “El País” — jornal que combina a exposição factual com a análise da notícia.
Com o apoio de sua equipe, Patrícia Moraes modernizou o Jornal Opção. Ela é a principal responsável pela pegada contundente do jornalismo diário do jornal. Não à toa o jornal se tornou, seguramente, o mais influente de Goiás — tanto pela rapidez na divulgação das informações quanto pela qualidade do que é apresentado ao leitor. Na cobertura de política, notadamente em termos de análise — que significa explicar ao leitor o que realmente está acontecendo nos bastidores, porque o que está na superfície, muitas vezes, não é a versão completa dos fatos —, o jornal permanece insuperável. Na cobertura factual, também deixa os demais jornais para trás. As jovens editoras do Online, Elisama Ximenes e Mayara Carvalho, fazem um trabalho excepcional — com o apoio de Felipe Cardoso, Fábio Costa, Fernando Leite, Lívia Barbosa, Eduardo Pinheiro, Thauany Melo e Fernanda Santos. Daí o acesso extraordinário — em termos qualitativos e quantitativos.
Com minha participação, a edição semanal é editada pelos jornalistas Augusto Diniz e Rodrigo Hirose — dois craques. São repórteres afiados e, ao mesmo tempo, articulistas de primeira linha.
Aferição da audiência do jornal, via Google Analyticz, mostra que o Jornal Opção é acessado em todo o país e, mesmo, no exterior (China, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Alemanha, Inglaterra). Determinadas reportagens ou análise, de repente, aparecem com mais de 100 mil acessos únicos em São Paulo — contando apenas a capital. O jornal é mais lido em Goiânia, Brasília e São Paulo.
Em Goiás, a campeã em acesso é Goiânia, mas municípios como Anápolis, Caldas Novas, Rio Verde, Jataí, Porangatu, Pirenópolis, Luziânia, Valparaíso, entre outros, foram conquistados pelo jornal. Os leitores, principalmente políticos, empresários e intelectuais, dizem que o Jornal Opção é o veículo de comunicação que mais bem interpreta o que ocorre em Goiás. Como diz Rodrigo Hirose, “jornalismo é equipe, a soma de sua diversidade” e a equipe do jornal, acrescenta, “é azeitada”. Trabalha-se com alegria no Jornal Opção, afirma o recém-chegado repórter Ton Paulo. Recentemente, o repórter Ítalo Wolff ganhou um prêmio de divulgação científica — o que evidencia que o jornal atua em várias áreas.
Há jornais que preferem abrir espaço para a direita e há jornais que preferem abrir espaço para a esquerda. O Jornal Opção abre espaço para todas as correntes ideológicas. Na redação mesmo, há um crítico visceral, Augusto Diniz, do governo de Jair Bolsonaro — em especial de seu discurso autoritário, que, se não for contido, tende a se tornar uma prática autoritária, porque, de fato, o presidente confunde, por vezes, o pessoal e o institucional, subordinando este àquele —, e há um articulista, Irapuan Costa Junior, que avalia a gestão do ex-líder do PSL como de qualidade e é crítico permanente da esquerda. Há pouco tempo, um colaborador, Adalberto de Queiroz (aluno de Olavo de Carvalho e fã de Bolsonaro), deixou o jornal — alegando que, ao publicar as notícias do Intercept Brasil sobre a Vaza Jato, havia se tornado um “veículo de esquerda”. O jornal continua com sua política de abrir espaço para as contradições da política e da sociedade. Ressalve-se que o escritor Adalberto de Queiroz se arrependeu da crítica — exposta no Facebook. O membro da Academia Goiana de Letras talvez tenha esquecido que o Jornal Opção foi um dos primeiros a entrevistar o filósofo Olavo de Carvalho — quando era um sacrilégio ouvi-lo.
Sobreviver 44 anos num país com a economia quase sempre instável — já se disse que é mais fácil o homem ir a Marte do que ser empresário no Brasil — não é nada fácil. Pois o Jornal Opção, quarentão com corpinho de menino de 18 anos, continua inovando, resistindo. Trata-se de um jornal que não desiste do Brasil e de Goiás, fundamentalmente não desiste de defendê-los. Porque sabe que, apesar de tantas crises, o país já deu certo. Com seus 197 anos de Independência, o Brasil já é a oitava maior economia do mundo. Não é pouca coisa.