Noé Freire Sandes era uma mistura entre seriedade e delicadeza
09 setembro 2020 às 16h03
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O mestrado com sua orientação esmerada me fez voar alto e para longe, muito longe do ponto incipiente em que eu havia começado na vida do pensamento
Gustavo Mesquita
Noé Freire Sandes foi um historiador e professor titular da Universidade Federal de Goiás. Do meu contato com os professores, quando eu ainda era um menino estudante, ele se mostrou o mais importante, o mais rico, o mais frutífero.
Seu jeito, uma mistura entre seriedade e delicadeza, logo despertou uma identificação que parecia promissora. E realmente foi. O mestrado com sua orientação esmerada me fez voar alto e para longe, muito longe do ponto incipiente em que eu havia começado na vida do pensamento.
Esse mestrado rendeu-nos dois prêmios nacionais e acabou publicado pela prestigiada Global Editora.
Em momentos diferentes, agradeci ao professor Noé pelo trabalho que tanto significou para mim: pedra polida. Escrevo essas linhas, agora que ele nos deixa, para dizer, com muito sentimento, que não esquecerei o valor pessoal do nosso encontro de vida. Descanse em paz, professor.
Noé Freire Sandes morreu na terça-feira, 8, aos 59 anos.
Gustavo Mesquita, doutor em História, é autor do livro “Gilberto Freyre e o Estado Novo — Região, Nação e Modernidade” (Global, 240 páginas).
Leia abaixo um poema da americana Emily Dickinson, que viveu 55 anos, para homenagear o intelectual Noé Freire Sandes. Os dois viveram pouco, mas intensamente.
Poema de Emily Dickinson
A lembrança, ninguém a faz crescer
Quando perdeu a raiz.
Apertar-se em volta a terra,
Mantê-la ereta, talvez
Possa enganar o universo,
Mas não recupera a planta.
A memória verdadeira
É como o cedro — tem pés
Calçados em diamante.
Nem se pense adiante
Cortá-la, se já arraigou:
Seus brotos de ferro irrompem
Novamente, se alguém a derrubou.
(Tradução de Aíla de Oliveira Gomes. “Uma Centena de Poemas”, de Emily Dickinson)