O mestrado com sua orientação esmerada me fez voar alto e para longe, muito longe do ponto incipiente em que eu havia começado na vida do pensamento

Gustavo Mesquita

Noé Freire Sandes foi um historiador e professor titular da Universidade Federal de Goiás. Do meu contato com os professores, quando eu ainda era um menino estudante, ele se mostrou o mais importante, o mais rico, o mais frutífero.

O historiador Noé Freire Sandes (centro) ladeado pelos professores Anselmo Pessoa, da Letras, e Lisandro Nogueira, de Cinema | Foto: Reprodução

Seu jeito, uma mistura entre seriedade e delicadeza, logo despertou uma identificação que parecia promissora. E realmente foi. O mestrado com sua orientação esmerada me fez voar alto e para longe, muito longe do ponto incipiente em que eu havia começado na vida do pensamento.

Esse mestrado rendeu-nos dois prêmios nacionais e acabou publicado pela prestigiada Global Editora.

Em momentos diferentes, agradeci ao professor Noé pelo trabalho que tanto significou para mim: pedra polida. Escrevo essas linhas, agora que ele nos deixa, para dizer, com muito sentimento, que não esquecerei o valor pessoal do nosso encontro de vida. Descanse em paz, professor.

Noé Freire Sandes morreu na terça-feira, 8, aos 59 anos.

Gustavo Mesquita, doutor em História, é autor do livro “Gilberto Freyre e o Estado Novo — Região, Nação e Modernidade” (Global, 240 páginas).

Leia abaixo um poema da americana Emily Dickinson, que viveu 55 anos, para homenagear o intelectual Noé Freire Sandes. Os dois viveram pouco, mas intensamente.

Poema de Emily Dickinson

A lembrança, ninguém a faz crescer

Quando perdeu a raiz.

Apertar-se em volta a terra,

Mantê-la ereta, talvez

Possa enganar o universo,

Mas não recupera a planta.

A memória verdadeira

É como o cedro — tem pés

Calçados em diamante.

Nem se pense adiante

Cortá-la, se já arraigou:

Seus brotos de ferro irrompem

Novamente, se alguém a derrubou.

(Tradução de Aíla de Oliveira Gomes. “Uma Centena de Poemas”, de Emily Dickinson)