“Os poemas não perduram como objetos, mas como presenças. Quando você lê algo que merece ser lembrado, libera uma voz humana: devolve ao mundo um espírito companheiro. Leio poemas para ouvir essa voz. Escrevo para falar àqueles a quem escutei.” — Louise Glück

Prêmio Nobel de Literatura de 2020, a poeta americana Louise Glück morreu na sexta-feira, 13, aos 80 anos. Ele tinha câncer. Seu pai era judeu húngaro.

Ao premiá-la, a Academia Sueca ressaltou “sua inconfundível voz poética que, com beleza austera, universaliza a existência individual”. Uma síntese precisa,

“The Wild Iris”, de 1992, deu a Louise Glück o Prêmio Pulitzer, o mais prestigioso dos Estados Unidos.

No ensaio “Proofs and Theories”, Louise Glück escreveu: “Os poemas não perduram como objetos, mas como presenças. Quando você lê algo que merece ser lembrado, libera uma voz humana: devolve ao mundo um espírito companheiro. Leio poemas para ouvir essa voz. Escrevo para falar àqueles a quem escutei”. No mesmo texto, disse: “O não dito, para mim, exerce grande poder”.

Um dos obituários publicados no Brasil diz que Louise Glück é “adepta da simplicidade”. É uma leitura enganosa. A poeta nada tem de simples e sua poesia é de uma sofisticação extraordinária. Por que parece “simples”? Porque toma como objeto de sua poesia questões do cotidiano e temas como a velhice. Quem escreveu o obituário informa que dois bardos foram decisivos para que se tornasse poeta: o irlandês William Butler Yeats e  o americano T. S. Eliot, que, claro, nada tinham de “simples”. Assim como a própria Louise Glück, são poetas altamente complexos.

Felizmente, o Brasil conta, via Companhia das Letras, com parte da bela e refinada poesia de Louise Glück, que transformava o cotidiano numa espécie de Céu. Ou seja, poesia das alturas.