Livro revela que obras de George Orwell não podem ser lidas em Cuba. O governo da oligarquia Castro não permite
16 abril 2014 às 13h38
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A História da Destruição Sem Fim das Bibliotecas” (José Olympio, 419 páginas, tradução de Léo Schlafman), de Lucien X. Polastron, mostra como livros e bibliotecas foram tratados como criminosos. Portanto, fadados à destruição. Um caso notável: em Cuba, ilha dos Castro, os três únicos exemplares de George Orwell não podem ser lidos.
Em 2001, aparentemente sabendo qual seria a resposta, um grupo de bibliotecários solicitou “um livro qualquer de George Orwell”. “Os três únicos títulos e exemplares da ilha estavam na Biblioteca Nacional, onde um funcionário respondeu que não podiam ser consultados”, diz Polastron. Tempos atrás, Fidel Castro determinou: “Dentro da revolução, tudo. Fora da revolução, nada!” “O resultado dessa frase reflete-se nas livrarias e nos 3 milhões de volumes das bibliotecas: o universo conhecido se reduziu grosso modo à vida e à obra de Ernesto Guevara ou aparentados políticos. Em novembro de 1999, centenas de livros oferecidos pela Espanha foram destruídos na chegada.” O governo decide o que é bom e o que é ruim e faz as escolhas para os leitores do país.
Mas, mesmo na ditadura, a oligarquia Castro não consegue controlar tudo. “Há hoje uma rede de livreiros amadores que adquirem não se sabe como e fornecem silenciosamente livros clandestinos, com grande risco para sua segurança pessoal. Apesar dos aborrecimentos, confiscos e encarceramentos, esses imprudentes eram dezoito em 1999 e cerca de 60 em 2003. As férias europeias permitem comprar um exemplar de ‘A Revolução dos Bichos’, de George Orwell, para ler à beira da piscina.”
O autor não diz, mas, se um cubano viajar ao exterior e voltar com um exemplar, dos mais inofensivos, do escritor cubano Guillermo Cabrera Infante, morto no exílio, poderá ser punido. O livro será recolhido e a pessoa poderá responder processo, sob acusação tentar de distribuir propaganda imperialista contra Cuba e a Revolução. A obra de Cabrera Infante é uma ode de amor a Cuba, mas, em entrevistas e artigos, falava mesmo mal, muito mal, da ditadura cubana e dos oligarcas Fidel e Raúl Castro.