Jornalista americano publica livro para explicar Edward Snowden e a espionagem do governo dos Estados Unidos

03 maio 2014 às 10h53
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O britânico Luke Harding escreveu um livro para explicar Edward Snowden, o ex-funcionário da NSA que quase detona os Estados Unidos. Agora, sai o livro “Sem Lugar Para se Esconder — Edward Snowden, a NSA e a Espionagem do Governo Americano” (Sextante, 288 páginas), do advogado e jornalista americano Glenn Greenwald, radicado no Brasil.
Edward Snowden parece personagem de ficção; aliás, seu nome é parecido com o de personagem de Charles Dickens. Mas o americano intranquilo é um personagem da realidade que, no fundo, certamente entrará para a ficção. Suas revelações de que os governos dos Estados Unidos e da Inglaterra espionaram (continuam espionando, possivelmente) as principais autoridades do mundo e, quando querem, até cidadãos comuns, com o apoio de empresas como Google, Facebook e telefônicas, provocaram uma crise mundial.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que era tido e havido com meio santo, foi desnudado e pôde ser visto como efetivamente é: o líder de um império político e econômico que, obviamente, não quer deixar de ser “o” império e, por isso, faz tudo, até espionar líderes de potências como Alemanha, China e Brasil, para manter-se no topo.
Homem do establishment, Obama é um instrumento plenamente consciente de que gerir um império, que está sob ataque — por exemplo, da China, da Alemanha e, até, do Brasil —, significa até espionar e, portanto, atropelar princípios legais e, mesmo, pessoais (a ética de um estadista imperial é a realidade, não é extraída dos melhores livros de filosofia, direito e ciências políticas).
Hoje, em vez de enfraquecer Obama, as revelações de Snowden o tornaram mais forte em seu próprio país. Quem acreditava que era fraco, até um instrumento das esquerdas irrealistas, percebeu que o líder do Partido Democrata joga pelas regras da realpolitik. Obama foi eleito não para “enfraquecer” os Estados Unidos, para criar uma situação mundial de igualdade entre as nações, e sim, com uma retórica menos dura do que a de George W. Bush, para assegurar que seu país mantenha a hegemonia por mais tempo. O presidente americano nunca iludiu ninguém, mas as pessoas às vezes se iludem com a retórica e o charme do homem de Chicago e de Harvard.