Jornal Nacional não exclui jornalismo fatual mas começa a apresentar reportagens de mais fôlego

11 janeiro 2017 às 18h55

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Repórteres fizeram uma série de reportagens sobre a longevidade dos brasileiros, com informações de várias partes do país, e divulgou ótima matéria sobre a Biblioteca Mário de Andrade
O “Jornal Nacional” está mudando. Em busca das chamadas notícias quentes, seus editores, repórteres e apresentadores raramente abriam espaço para reportagens especiais, mostrando um Brasil que funciona, por exemplo. Agora, com a mudança de orientação, o “JN” começa a publicar matérias mais amplas e de interesse para além do imediato.
A equipe do jornal fez uma série de reportagens sobre a longevidade dos brasileiros. No lugar de focar apenas nas doenças, como é praxe, mostrou como as pessoas lidam com a velhice. Os velhos estão trabalhando e buscando melhorar sua qualidade de vida. Numa cidade pequena do Rio Grande do Sul, a prefeitura e a sociedade se organizaram para integrá-los. Todos os dias há atividades, em vários campos, para os idosos do município.
Na terça-feira, 10, o “JN” deu “boa noite” com uma reportagem sobre a Biblioteca Mário de Andrade. O repórter, com um texto (e fala) ágil, de ótima qualidade, mostrou que várias pessoas vão à biblioteca à noite para estudar e pesquisar. À noite, dado o contrato de trabalho, ficam apenas um servidor na portaria e o pessoal (terceirizado) da segurança. Os leitores entram, pegam os livros que querem e, se quiserem, podem levá-los pra casa. A operação é feita pelo leitor, com o uso de computadores.
Um detalhe curioso: as matérias especiais valorizam o trabalho dos repórteres, mas, de algum modo, retiram o foco do apresentador, que é a estrela do telejornalismo no Brasil.
Concorrência implacável
O que está levando o “JN” a mudar, a apresentar reportagens mais densas e de amplo interesse social? É possível que, além do jornalismo das tevês fechadas (a Globo News é uma concorrente cada vez mais complicada para o jornalismo da TV Globo), a internet está derrubando o jornalismo puramente de notícias, fatual. É cada vez mais raro divulgar notícias exclusivas e o resultado é que, quando o “Jornal Nacional” vai ao ar, depois das 20h30, suas notícias já “pereceram”, ao menos em parte. Não dá para ignorar as notícias mais importantes do dia, que às vezes podem ser mais bem exploradas por um jornalismo mais atento e profissional, mas é preciso incorporar reportagens de espectro mais amplo, com ar, digamos, de novidade.