O repórter enfrentou a máfia do futebol e publicou reportagens candentes sobre a roubalheira

Jamil Chade, ex-“Estadão”: um dos melhores correspondentes internacionais do Brasil | Antonio Cruz/Agência Brasil

Jamil Chade é “o” repórter, aquele profissional infatigável que busca as pautas que deixam a impressão de que, de tão complexas, não podem ser transformadas em reportagens. A máfia do futebol, superpoderosa — jornalistas foram processados e intimidados —, parecia intocável. Graças a Jamil Chade — e a vários outros jornalistas, com o corajoso Juca Kfouri (um dos poucos que não se intimidaram) —, as histórias das falcatruas foram detidamente contadas, tanto em jornais quanto em livros. A imprensa “abriu” os olhos dos promotores e magistrados em diversos países.  Pois Jamil Chade, o repórter que ninguém quer demitir, porque pertence ao time dos realmente notáveis, decidiu sair do “Estadão” e da “Rádio Eldorado”. O jornalista divulgou a informação no Facebook, sustentando que se trata de uma decisão pessoal e que está prestes a investir noutro projeto.

Jamil Chade trabalhou 19 anos no “Estadão”. Suas palavras: “Foram 19 anos incríveis. Foi pelo jornal que viajei com papas, fui a quatro copas, passei por mais de 60 países. Foi no ‘Estadão’ que aprendi tudo o que sei. E fico feliz por ter encerrado minha participação sem qualquer frustração ou crise. Muito pelo contrário. O momento no mundo é decisivo. Ou nos levantamos todos os dias para contribuir para o fortalecimento da democracia (no sentido mais amplo possível) e ampliar nossos espaços de liberdade, ou o preço a ser pago ameaça ser alto demais. Portanto, podem avisar lá: não faltará tinta”.

O jornalista escreveu um livro no qual denuncia, documentadamente, a máfia internacional do futebol. Jamil Chade aventurou-se também pela seara da literatura, com o romance “Caminho de Abraão — Fé, Amor e Guerra em Travessias Separadas pelo Tempo.