Alessandro Souza Santos / Foto: Reprodução/TV Record
Alessandro Souza Santos / Foto: Reprodução/TV Record

Você conhece o Jardim Ingá? Como o Entorno do Distrito Federal — ou de Brasília — é uma região desconhecida da maioria dos goianos, talvez por considerá-la mais parte da capital federal do que de Goiás, poucos sabem onde fica o Jardim Ingá, de belo nome. A reportagem “Preso suspeito de 40 homicídios” (“Pop”, de 23 de abril), de Rosana Melo, revela que o Jardim Ingá reúne 24 bairros de Luziânia e tem população estimada em 100 mil habitantes. Lá, ao lado de cidadãos decentes — a maioria —, traficantes vendem drogas e matam seus adversários.

Rosana Melo conta a história de Alessandro Souza Santos. Aos 21 anos, com feição de recém-saído da adolescência, Souza Santos, conhecido como Japinha, está envolvido em mais de 40 homicídios. É o inominável, diria Samuel Beckett. Fica a sugestão para Rosana Melo vasculhar, durante algum tempo, os “29 inquéritos de assassinato” nos quais é mencionado como autor ou coautor. “A maioria de suas vítimas foi morta a tiros em disputa territorial por causa do tráfico de drogas”, informa a excelente repórter. Mas quem são tais vítimas? Muitos não seriam apenas usuários e, às vezes, usuários-pequenos traficantes de drogas?

Quem não acredita que uma pessoa possa matar tanto talvez deva ler o livro “O Nome da Morte: A História Real de Júlio Santana — O Homem Que Já matou 492 Pes­soas” (Planeta do Brasil, 245 páginas), do jornalista Klester Cavalcanti. Trata-se de uma grande reportagem e, ao mesmo tempo, um livro assustador. Júlio Santana matou Mária Lúcia Petit, na Guerrilha do A­raguaia, quando estava a serviço da Polícia Militar e do Exército, e o sindicalista Nativo da Natividade, em Goiás, já como pistoleiro. Ele “trabalhou” como assassino profissional durante 35 anos.