“‘Fahrenheit 451” (Biblioteca Azul, 216 páginas, tradução de Cid Knipel e prefácio de Manuel Costa Pinto), romance de Ray Bradbury, rendeu um belo filme de François Truffaut, tão bom quanto o livro.

O livro narra uma realidade distópica num mundo totalitário, no qual os leitores não são bem-vindos; pelo contrário, são perseguidos.

Ray Bradbury estaria falando de uma sociedade semelhante à construída pelo nazismo na Alemanha e pelo comunismo na União Soviética? É provável. O romance se tornou premonitório, mas também a respeito da sociedade democrática — na qual as big techs mandam mais, em termos de poderio econômico e outros, que os Estados nacionais, que tentam criar legislações para contê-las, porém são “contornados” pela habilidade e pela velocidade das tecnologias inovadoras e, aparentemente, incontroláveis.

O escritor americano morreu em 2012, aos 91 anos, e por isso pegou muito do que a tecnologia está fazendo com os hábitos das pessoas em todo o mundo. As telas dos celulares, mais do que as da televisão, galvanizam a atenção das pessoas — sempre distraídas, diria Saul Bellow, pelo perfunctório.

No íntimo, Ray Bradbury deve ter pensado: “Sou o Nostradamus da literatura”. Preste atenção: numa sala onde se espera consulta médica há em média de 20 a 30 pessoas. É muito difícil alguma sacar um livro e começar a lê-lo. Mas todos, até as crianças, estão mesmerizadas pelas redes sociais e jogos. A internet, como disse o escritor, é “uma grande distração”.

Se poucos estão lendo, pelo menos há uma vantagem: ninguém (fora da China, de Cuba e da Rússia) está queimando livros. Os bombeiros atuais não queimam livros, ao contrário do que acontece no romance de Ray Bradbury.

Ao escolher “‘Fahrenheit 451” para o primeiro livro de seu clube do livro, Felipe Neto, um garoto inteligente e perspicaz, acertou na mosca. Nada mais adequado.

“A escolha de ‘“Fahrenheit 451’ foi por vários motivos, mas o principal foi o fato de o livro falar sobre a importância da literatura em si, de uma maneira incrível e que agrada do público adolescente ao adulto. A obra de Ray Bradbury é atemporal e permitiu que a gente criasse uma série de conteúdos fantásticos”, disse Felipe Neto, tão astuto quanto o Ulisses de a “Odisseia’, a história do grego Homero.

Clube do Livro Felipe Neto

O Clube do Livro Felipe Neto já conta com 4 mil assinantes.

Por causa da indicação de Felipe Neto, de seu clube, ‘“Fahrenheit 451” aparece entre os mais vendidos da Amazon e, possivelmente, das outras livrarias, como Livraria da Vila, Palavrear, Pomar, Leitura, Martins Fontes e Travessa.