Leonardo Rivetti chutou equipamento do profissional e o agrediu fisicamente. Preso, pagou fiança e foi para sua casa

Repórteres, fotógrafos e cinegrafistas são vítimas dos tempos de conflagração nas ruas. Dida Sampaio, o excepcional repórter-fotográfico do “Estadão”, foi agredido numa manifestação de bolsonaristas. Na quarta-feira, 20, o empresário Leonardo Rivelli chutou o tripé da câmera do cinegrafista Robson Panzera e, em seguida, usou-o para espancar o profissional. Panzera estava registrando imagens da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, segundo o iG, para uma reportagem a respeito da pandemia do novo coronavírus. Ele é funcionário da TV Integração, afiliada da TV Globo em Barbacena, Minas Gerais.

Leonardo Rivelli persegue o cinegrafista Robson Panzelli: barbárie | Foto: Reprodução

Panzera, registra o iG, “sofreu uma lesão no dedo, um corte na mão e foi encaminhado ao Hospital Regional de Barbacena. A ação foi registrada pela repórter e colega de trabalho, Thais Fulin. ‘O agressor passou de carro xingando e filmando o cinegrafista. Até estamos acostumados com os xingamentos, infelizmente’”, relatou a jornalista à revista “Época”.

Logo depois de xingar o cinegrafista, que não havia reagido, Leonardo Rivelli desceu de seu automóvel, disposto a brigar. Depois da agressão, foi embora, mas decidiu voltar. Ao ser detido pela polícia, disse: “Agredi mesmo”. Ele foi levado para uma delegacia.

O empresário do setor alimentício Leonardo Rivelli foi levado à delegacia para prestar esclarecimentos sobre a agressão. Pagou fiança de mil reais e voltou para sua casa.

“A gente está trabalhando, saindo de casa, para informar, para que as pessoas fiquem mais seguras e tranquilas. Tem que dar um basta [nessas agressões], é inaceitável. A gente está contaminado por uma polarização, onde os lados são muito agressivos e extremistas. ‘Olho para aquilo que eu acredito e não existe mais nenhuma verdade em volta’”, assinala Panzera.

Leonardo Rivelli, o agressor | Foto: Reprodução

O diretor Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Daniel Camargos, condenou a agressão: “A violência contra um jornalista é um ataque contra a democracia e contra a imprensa livre. Essa vulnerabilidade dos jornalistas ao fanatismo de militantes não pode ser endossada por governantes. Os líderes políticos de países democráticos devem defender uma imprensa livre. A Abraji exige que as autoridades policiais apurem o ataque e punam os responsáveis”.

A liberdade de expressão está sob ataque. Antes, eram traficantes que atacavam e até matavam jornalistas — caso de Tim Lopes, da TV Globo. Agora, são militantes políticos que estão agredido repórteres, cinegrafistas e fotógrafos.