As coisas estão ficando feias e perigosas no Brasil. O país está se mexicanizando. Na terra do poeta Octavio Paz, máfias criminosas matam políticos e jornalistas, sobretudo aqueles que denunciam os carteis da cocaína e da maconha.

Ainda não se pode garantir que o crime organizado, no qual pontificam o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), se tornou um Estado dentro do Estado. Talvez no Rio de Janeiro isto seja verdadeiro, ou quase verdadeiro. Mas em outros Estados, como Goiás, o crime organizado é combatido com extremo e necessário rigor.

O PCC é a maior máfia patropi, inclusive conectada a uma das máfias italianas, a calabresa ’Ndrangheta (mais rica e poderosa do que a Cosa Nostra, a máfia siciliana). A organização, que não deveria mais ser tratada como facção, está instalada em quase todos os Estados do país, atuando sozinha ou em parceria com outros grupos criminosos, e conta com um exército de mais de 40 mil “soldados” e “oficiais” (os “generais” estão, em parte, presos) — mil deles no exterior.

Na verdade, o PCC se tornou uma holding do crime, com várias empresas no mercado — postos de gasolina, hotéis, construtoras, concessionárias de automóveis, joalherias e distribuidoras de bebidas. Seu faturamento anual supera 1 bilhão de reais.

O PCC, assim como o Comando Vermelho, trata seus adversários como inimigos e, quando pode, elimina-os.

A jornalista Danielle Afif, de 49 anos, editora e colunista do jornal “A Cidade”, de Angra dos Reis (RJ), divulga denúncias contra as máfias do crime que atuam no Rio de Janeiro. Neste Estado o crime organizado inclui as milícias — além das facções, sobretudo o Comando Vermelho.

Por denunciar criminosos das várias esferas — há políticos associados ao crime organizado —, Danielle Afif está sendo ameaçada de morte.

Numa carta, escrita à mão e enviada via Correios, Danielle Afif é avisada que ela e os filhos serão assassinados por pistoleiros — esquadrões da morte — do Comando Vermelho.

A carta informa que um morador do Morro D’Água e um traficante se reuniram para discutir a morte da jornalista. Seu assassinato teria sido encomendado por 50 mil reais ao Comando Vermelho.

A Polícia Civil está investigando a grave denúncia de Danielle Afif. Na verdade, a jornalista está pedindo socorro.