Brasil demite o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Só falta Bolsonaro referendar
29 março 2021 às 11h42
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O “ataque” à senadora Kátia Abreu sugere que o ministro não percebe que a China é o maior parceiro comercial do país do Barão do Rio Branco
Os Estados Unidos e a China são os dois países mais ricos do mundo e os principais compradores de produtos do Brasil. Os chineses são os grandes parceiros do país do Barão do Rio Branco.
Pois o ministro das Relações das Relações, Ernesto Araújo, tem problemas exatamente com os Estados Unidos de Joe Biden e a China de Xi Jinping.
Na cachola de Ernesto Araújo, mal-formada por leituras puramente panfletárias — derivadas do que pensa o filósofo Olavo de Carvalho —, a China de Xi Jinping é a mesma de Mao Tsé-tung. Não é, claro. São muito diferentes. Na sua “leitura” cansada e retardatária, o chanceler ainda não chegou nem mesmo a Deng Xiaoping.
Como soldado invernal da Guerra Fria, congelado pelo tempo (verdadeiro Rip Van Winkle), Ernesto Araújo parece acreditar que a China quer dominar o Brasil pelo viés político. Não quer, não. Mas, do ponto de vista econômico, a China, sendo o maior parceiro comercial do país de Rubens Ricupero, tem uma presença fortíssima nos alegres trópicos. O chanceler não precisa ir longe. Basta perguntar para a senadora Kátia Abreu e para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Hoje, se a China quebrar, ou se parar de comprar produtos patropis, como soja, o Brasil vai de embrulho… A rigor, Ernesto Araújo deveria “trabalhar” a China com mais habilidade e luvas de pelica. Os chineses vão continuar, e ele passará — como os passarinhos, mas não Mario Quintana.
Para piorar a situação do chanceler — a barba seria uma homenagem retorcida aos comunistas ou ao filósofo alemão Karl Marx? —, suas ações e pensamentos são contrários aos Estados Unidos do presidente Joe Biden, do Partido Democrata. Como se sabe fora do Itamarary, o país de Henry James e Faulkner é o segundo maior parceiro comercial da terra de Afonso Arinos de Mello Franco.
O mundo fantasioso das ideologias
Ernesto Araújo vive no mundo das ideologias — o dos sonhos e ilusões. Não é o mundo real, como sabem Teresa Cristina e Kátia Abreu. Suas guerrinhas têm mais a ver com os devaneios de Olavo de Carvalho, o homem da Virginia, do que com os problemas reais dos brasileiros.
Fora do tempo real, filho de um tempo imaginário, Ernesto Araújo só prejudica o Brasil, os brasileiros. O ponto G do chanceler não é o 5G dos chineses. É a ignorância. Não à toa deu para citar frases em latim — quiçá sem entender que estava se revelando como adorador, consciente ou inconsciente?, do fascismo italiano, o de Benito Mussolini. Talvez ele ache que Mussolini é o Bendito. O latinório é uma prova de sua cultura bacharelesca, não firmada em raízes sólidas, e sim em frases de efeito, que, retiradas do contexto, às vezes nada dizem de relevante.
O presidente Jair Bolsonaro, nefelibata de primeira linha, talvez não saiba, mas Ernesto Araújo já está “na chom”. No chão. Caiu. Ninguém o quer mais, nem aqui nem na China, e muito menos nos Estados Unidos. O Congresso, da Câmara dos Deputados ao Senado, o rejeita. Diplomatas divulgaram uma carta sugerindo que “Arnesto” é o pior ministro da história do Brasil. O Barão de Rio Branco diria o mesmo, por certo, sobre o Rolando Lero da direita diplomática, quiçá não-diplomática.