Ator Carlos Vereza rompe com Bolsonaro e fica com o ministro Mandetta
04 abril 2020 às 08h25
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“Estava tentando defender Bolsonaro, pela normalidade das instituições. Mas ele desautorizar publicamente o ministro da Saúde por ciúmes, não dá mais: tirei o time”
As milícias digitais do bolsonarismo, com seus gabinetes (no plural) do ódio, plantaram um ovo da serpente nas cabeças de algumas pessoas. Mesmo quando o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos estão equivocados, o que ocorre muitas vezes, os militantes — inclusive pessoas inteligentes — têm de dizer que estão “certos”. Ou seja, não podem pensar pela própria cabeça — e têm de repetir os jargões e as agressões costumeiras contra adversários reais e imaginários. Se o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao lutar pela vida das pessoas, não segue o Prez — até para salvá-lo e salvar o seu governo —, pronto: começa a apanhar nas redes sociais. Antes era bom, agora não presta — é a senha para a pancadaria universalizada. Passa a fazer parte de uma conspiração que tem entre os orquestradores, claro, a Imprensa, notadamente a TV Globo e a “Folha de S. Paulo”.
Pois um dos militantes, e dos mais fervorosos, decidiu desgarrar-se do bolsonarismo radical. O ator Carlos Vereza, um dos melhores do país, apoia (ou apoiava) o presidente Jair Bolsonaro e seu governo — enfrentando a “pancadaria” da esquerda (hegemônica no meio artístico). Mas, no embate entre Mandetta e Bolsonaro, decidiu ficar com o primeiro — com a luta pela vida, e não com a próxima eleição, no caso a de 2022. O artista postula, como o ministro, que as pessoas, para sobreviverem, devem ficar em casa — isoladas. Pelo menos neste momento — no qual o número de contaminações e mortes está crescendo.
“O número de mortes no país não está maior porque as pessoas estão se preservando em casa. Obrigado Mandettta”, postou Carlos Vereza. “A mesma fritura de sempre: Bolsonaro agitando seus apoiadores radicais preparando o ambiente para demitir Mandetta”, postulou o ator.
Carlos Vereza, que se define como de direita, disse, de maneira enfática: “Essa estratégia de vitimização de Bolsonaro esgotou-se pela repetição, tornou-se previsível, e portanto cansativa. Sempre elege um inimigo, seja real ou imaginário. Assim mantém seus radicais aficionados em constante tensão como se estivesse em clima de campanha permanente. E, aí de quem, em sua equipe, comece a destacar-se pela competência: é fritado e expelido sem remissão; e ele sempre vitimizado, ‘traído’ por aqueles em ‘quem tanto confiou”.
O ator sublinhou que “estava tentando defender Bolsonaro, não tanto por ele, mas pela normalidade das instituições. Mas ele desautorizar publicamente o ministro da saúde por ciúmes, não dá mais: tirei o time”. Possivelmente para não ser atacado de forma destemperada e selvagens pelas milícias digitais do bolsonarismo, o ator explica que não fará mais postagens abertas ao público nas redes sociais.
Daqui pra frente, a prevalecer o espírito errático de Jair Bolsonaro — que parece sabotar o próprio governo —, ele tende a perder apoio, sobretudo apoio qualificado. Observe que Carlos Vereza, que era elogiado, a partir de agora, vai ser massacrado pelo bolsonarismo, que afasta e não agrega. Se brincar, passará a ser chamado de “agente” do comunismo internacional. Há poucos dias, alguém postou, numa rede social, que a rede de televisão Band é “comunista” e incluiu a foice e o martelo no símbolo da empresa (que, claro, é capitalista).