Afiliada da TV Globo é investigada pelo MPT por demitir jornalistas que considera “gordas”

13 maio 2021 às 16h22

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A jornalista Marcela Mesquita diz que foi demitida porque “estava acima do peso”. Michelle Sampaio e Micheli Diniz garantem que também foram pressionadas

A exigência de um padrão de beleza na televisão brasileira parecia mas não está superada. Pelo menos uma emissora, a TV Vanguarda — seria “vanguarda do atraso”? —, de São José dos Campos (São Paulo), continua exigindo que suas jornalistas (tudo indica que a exigência só envolve mulheres) sejam “magras”.
Na segunda-feira, 10, a jornalista Marcela Mesquita foi demitida pela TV Vanguarda, depois de prestar serviços à empresa por 12 anos de maneira competente. O Ministério Público do Trabalho está investigando a afiliada da Globo porque decidiu demitir profissionais que estariam acima do “peso” estabelecido pela empresa.

Quando voltou da licença-maternidade, Marcela Mesquita recebeu a informação de que seus serviços não eram mais necessários à emissora. A repórter afirma que, antes de ser afastada , ficou na “geladeira” por dois anos e meio. “Na época, fui informada pela chefe de redação, Terezinha Almeida, que a direção tinha decidido me afastar porque eu estava ‘fora do padrão’, ‘acima do peso’. Foram esses os termos que usaram.” Fica a pergunta: a emissora, se boicota seus profissionais que escapam ao padrão físico da empresa, rejeita os telespectadores que também estão fora do padrão?

Sob pressão, Marcela Mesquita recorreu ao apoio de psiquiatra, psicólogo e nutricionista. Apesar de seu esforço, a chefia não a autorizou a voltar ao ar. “Me falaram que não estava pronta.”
As jornalistas Michelle Sampaio e Micheli Diniz também denunciaram que a TV Vanguarda as pressionou a “perder” peso.
Michelle Sampaio relata que foi desligada da emissora por “não ter atingido o objetivo, que era emagrecer”. A jornalista trabalhou 16 anos na TV Vanguarda. Micheli Diniz sublinha que, “durante 15 anos”, seus chefes a pressionaram para emagrecer.