A profissional húngara parece que não entende a comunicação moderna. Sempre que aparece, mesmo falando em processo, sua imagem fica ainda mais desgastada

Petra Laszlo derruba refugiado rasteira

Há erros que não podem ser corrigidos. Resta pedir desculpas e, mesmo que não sejam aceitas, seguir adiante.

A jornalista húngara Petra Lászlo, de 40 anos, no momento em que estava trabalhando como repórter-cinegrafista, decidiu interferir na história, chutou imigrantes (muitos deles são sírios) na fronteira da Hungria e da Sérvia. Além de chutar uma criança, deu uma rasteira num homem que carregava uma criança.

Ante a repercussão internacional e, em seguida, demitida do canal N1T, a cinegrafista pediu desculpas: “Quando assisto o vídeo hoje, não me reconheço. Lamento sinceramente o que fiz, e assumo a responsabilidade. Entrei em pânico. Não sou uma cinegrafista racista e sem coração. Sou apenas uma mulher, hoje mãe desempregada, com filhos pequenos, que tomou uma decisão ruim em um momento de pânico.”

Plausível? Talvez, mas inaceitável. O que fará daqui pra frente será decisivo para que seu papel social seja reavaliado.

Mas, depois do primeiro erro, pela qual pediu desculpas — sinceras, por certo —, Petra Laszlo volta às manchetes. Agora, decidiu processar o refugiado Osama Abdul Mohsen. “Ele mudou seu depoimento, porque inicialmente culpou a polícia. Meu marido quer provar minha inocência. Para ele, é uma questão de honra”, disse a cinegrafista ao jornal russo “Izvestia”.

A jornalista sublinha que também vai processar o Facebook, pois se diz ofendida pelos “ataques” dos usuários da rede social. É evidente que, para denunciar o exagero de Petra Laszlo, cometeram brutalidades inauditas, como se a húngara fosse quase uma nova Hitler ou uma nova Stálin. Uma reencarnação do “mal” do século 20.

https://www.youtube.com/watch?v=0yv4uLQQrxg

Entretanto, ainda que Osama Abdul Mohsen tenha mudado o depoimento, ou mesmo que não tivesse mudado, o fato é que Petra Laszlo agrediu pessoas indefesas.

Numa época em que a repercussão de um fato, sobretudo se seguido de imagens fortes, é imediata e global, tornando-se viral em questão de minutos, as imagens da cinegrafista chutando uma menina e um homem que carrega um menino vão depor contra ela por muitos e muitos anos.

Sempre que seu nome for mencionado, para o bem ou para o mal, as imagens serão exibidas. O processo contra Osama Abdul Mohsen, levado adiante ou não, serve apenas para desgastar ainda mais o nome da jornalista.

A recuperação de sua imagem, se isto é possível, e talvez seja, depende menos de novos confrontos e mais de um certo “mergulho”. Envolver-se em trabalhos sociais, inclusive ajudando refugiados, é, certamente, o que pode enfraquecer as críticas ao seu nome como pessoa e profissional.