O Brasil vive um cenário de polarização política cada vez mais intensa. A disputa entre direita e esquerda tem levado muitos a adotar posturas extremistas, resultando até mesmo na fragmentação de famílias. As divergências ideológicas se tornam tão profundas que ultrapassam o campo da convivência saudável, afetando as relações pessoais.

Atualmente, o foco não é mais a luta pela democracia, mas sim a responsabilização daqueles que atentaram contra ela. As investigações em curso buscam esclarecer os fatos e revelar a verdade por trás dos eventos, oferecendo provas claras que possam dar base a uma história sólida e justa.

Nesse contexto, ao longo dos últimos anos, os bolsonaristas têm se destacado por um padrão de comportamento: atacar a imprensa e desacreditar toda informação que seja contrária ao Bolsonaro ou aos seus aliados. Durante o período em que Jair Bolsonaro esteve no poder, muitos se deixaram seduzir pela promessa de mudança e de salvação, mas uma parte significativa da população já acordou desse delírio coletivo.

Como cavalos de corrida

Entretanto, é fato que uma parcela dos seguidores permanece fiel ao líder, como cavalos de corrida com antolhos, incapazes de enxergar a realidade além do imposto para eles. Para entender o comportamento de muitos bolsonaristas, é preciso compreender o conceito de “antolho”.

Essa ferramenta, comumente usada em animais de tração, limita o campo de visão, forçando o animal a focar apenas em uma direção. Da mesma forma, muitos ainda seguem a liderança de Bolsonaro sem questionar ou analisar as informações apresentadas. Essa visão restrita cresce hoje graças a um recurso cada vez mais comum entre seus apoiadores: a palavra “narrativa”.

Agora, a palavra da moda entre os bolsonaristas é justamente essa. Utilizam-na para desacreditar qualquer denúncia, investigação ou fato que seja contra suas crenças. Tudo que contraria sua visão de mundo é rotulado como uma construção fictícia, sem base real. Ou seja, não importa a veracidade dos fatos, o importante é seguir a “narrativa” que lhes foi entregue.

Essa estratégia, embora eficaz em manter a coesão do grupo, também estreita a capacidade crítica dos seguidores. O uso repetido de “narrativa” se transforma em uma forma de blindagem contra a realidade, criando um ambiente onde a verdade é subjetiva e manipulável. Esse é o antolho ideológico que impede muitos de verem o cenário político com mais clareza.

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