Dissolver parlamento não é “golpe”, mas aposta final de Macron na França

10 junho 2024 às 13h21

COMPARTILHAR
O presidente francês Emmanuel Macron convocou no último domingo, 8, eleições parlamentares antecipadas. O artificio de “dissolução” veio após uma derrota contra a sua rival política, Marine Le Pen, em votação no Parlamento Europeu. Entretanto, desinformação e notícias falsas estão tentando transformar o dispositivo legal previsto na Constituição francesa como um “coup d’État”.
Primeiro, a votação que ocorreu foi no Parlamento Europeu da União Europeia, enquanto a dissolução anunciada por Macron foi no legislativo francês. Ou seja, estamos falando de dois locais distintos e em nenhum momento o presidente da França quis “sabotar” a eleição que foi derrotado.
Segundo, como dito anteriormente, o artificio é legal e está previsto em lei na França, uma república semipresidencialista (12º artigo da Constituição francesa). Lembrando que ocorrem eleições separadas para a Assembleia Nacional (legislativo) e para presidente. Na ocasião, o pleito está marcado para 30 de junho e com segundo turno no dia 7 de julho.
É possível classificar a medida de Macron como um “tudo ou nada”, com o objetivo de conter o avanço dos rivais de extrema direita.
Por exemplo, a última vez que a Assembleia Nacional foi dissolvida foi em 1997 com o ex-presidente Jacques Chirac. Só que não teve o resultado esperado e não venceu as eleições. Na ocasião, a coalizão de socialistas conseguiu maioria no parlamento, com Lionel Jospin assumindo o cargo de primeiro-ministro.
Ou seja, se a tentativa de Macron der errada igual a de Chirac, o presidente francês pode perder força interna. Na pior das hipóteses, a extrema direita pode indicar um primeiro-ministro se for vitoriosa no pleito.
A aposta de Macron em questão é solidificar uma nova coalização moderada para evitar qualquer possibilidade de vitória dos extremistas e fortalecendo o presidente. Basicamente, ele assume que está “enfraquecido” com a esperança de que os receios da possibilidade de radicais no poder lhe tragam de volta a força política para governar.
Leia também: