Considere os erros do passado para encarar 2025 sem medo
31 dezembro 2024 às 15h57
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Nos últimos dias, o Jornal Opção publicou uma série de matérias especiais em retrospectiva de 2024. De crimes que chocaram Goiás à seleção de maiores acontecimentos políticos, passando pela forma como o ano alterou para sempre o clima, os marcos da cultura, da saúde, um resumo das crises em Goiânia, personalidades de Goiás que nos deixaram e, por fim, as expectativas do cidadão goiano para 2025. Fazendo um “balanço dos balanços”, 2024 foi um ano de progresso, mas com tropeços. Para 2025, há um sentimento de receio que vale a pena ser analisado.
O medo tem seus motivos. A melhora na saúde nacional aumentou a expectativa de vida, e a regionalização do serviço aumentou a qualidade de vida no estado. Porém, ainda se sentem as consequências da pandemia (65 milhões de pessoas vivem com Covid Longa, segundo a OMS) e o serviço em Goiânia foi marcado por uma crise sem paralelo nos anos recentes. Na economia, o PIB e o emprego cresceram, mas a taxa de juros e inflação também.
Desde 2014, a perspectiva do brasileiro para o futuro não é tão positiva. Em janeiro daquele ano, antes da crise econômica de 2015, o “índice da felicidade”, do World Population Review mostrava o Brasil em 16º lugar, à frente de Luxemburgo, o país com maior renda per capita do mundo. Hoje, o Brasil está em 44º lugar, atrás de países como a Nicarágua, que tem comparativamente menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Algum ceticismo para com o futuro é bem-vindo. Talvez, a crise econômica brasileira de 2015 pudesse ter sido evitada com alguma desconfiança. Por outro lado, os brasileiros parecem estar cedendo à dúvida: a taxa de fecundidade, que era de 2,32 filhos por mulher no Brasil em 2000, deve atingir 1,53 em 2025. Segundo o IBGE, o país terá 2,4 milhões de nascimentos neste novo ano.
Entre outros fatores, um dos elementos que explica a queda é justamente a dúvida quanto ao futuro. A perspectiva de que os filhos podem herdar um mundo pior contribui para a opção das famílias por menos crianças. Porém, o medo leva à um engano comum: considerar que as condições e atitudes de amanhã serão iguais às de hoje.
Hoje, o aumento no custo de vida faz com que seja difícil prover para grandes famílias; a piora nas mudanças climáticas torna o futuro sombrio; o acirramento das guerras deixa o planeta mais isolado. Mas este mundo de hoje não é aquele em que os adultos de amanhã vão viver; até lá, a humanidade terá trabalhado para solucionar esses problemas conhecidos.
Na década de 1960, o mundo ocidental vivia em medo da guerra nuclear com a União Soviética. Na década de 1970, houve o medo pelo fim do petróleo. Na década de 1980, o medo do desconhecido — novas drogas, tecnologias, modos de vida. Nem um destes medos é incapacitante hoje. A União Soviética se desfez, o petróleo está sendo abandonado por razões que não a escassez, conflito geracional cedeu lugar à euforia tecnológica.
Da mesma forma como somos incapazes de imaginar o que vai afligir as próximas gerações, somos incapazes de enxergar como nossas atuais preocupações lhes parecerão tolas. Este é o papel da inexplicável esperança humana — nos guiar por tempos escuros, mesmo quando não há razão para otimismo, porque não há alternativa senão continuar trabalhando e acreditando em um 2025 melhor.