A equipe econômica do prefeito Sandro Mabel (UB) estima que o caixa do Paço terá um déficit de aproximadamente R$ 1,5 bilhão até o final do ano. Na área mais crítica, a saúde, as dívidas que se acumulam com prestadores de serviços, hospitais, médicos e fornecedores, segundo o Ministério Público, é de quase R$ 300 milhões. Algumas das previsões mais pessimistas chegam a vislumbrar um déficit de R$ 2 bi, se nada fosse feito. A meta ambiciosa de Mabel é chegar ao final de 2025 com R$ 1 bilhão para investimento na cidade. Terá sucesso?

A título de comparação, para dimensionar o tamanho da crise, a gestão de Wilson Pollara, ex-secretário de saúde preso nos últimos meses de mandato de Rogério Cruz (SD), disse durante prestação de contas que até o terceiro trimestre daquele ano foram investidos mais de R$ 1 bilhão na saúde do município. Relatório do Ministério Público, porém, afirmada que as dívidas se acumulavam enquanto o secretário e auxiliares faziam negociações fora da normalidade legal e moral.

Enquanto a população questionava porque os investimentos, apesar de volumosos e acima do teto constitucional não chegava no povo, tendo em vista a baixa capacidade de atendimentos das unidades de saúde, a falta de insumos, além das estruturas assoladas pela falta de zelo, fingia-se por aquelas bandas que tudo estava bem. Além da má administração, havia o fator desvio.

Ao fim e ao cabo, as medidas obscuras resultaram em um final de gestão trágico, com a morte de diversas pessoas na fila por atendimento e transferência para Unidades de Saúde Intensiva (UTI). A saúde municipal precisou passar por uma intervenção estadual, que agiu para garantir os leitos de UTI e parar a sangria. Faltou combustível para ambulância, faltaram coletores para exames, faltaram ações pensando no bem estar da população.

Iniciada a gestão de Mabel, a decretação de calamidade pública na área da saúde e das finanças foi a alternativa encontrada para garantir que tudo volte ao normal. Será um começo de mandato de arrocho financeiro e fiscal, medidas econômicas que podem gerar ruído com pressões nada republicana de alguns poucos vereadores na Câmara. Se chegar ao final do primeiro ano com um volumoso caixa para investimento, Mabel terá mostrado ao que vem.

Entre as providências mais imediatas, está a renegociação de contratos com fornecedores, suspensão de horas extras e novas diretrizes para gestão da frota municipal, além de ajustes administrativos como o recadastramento de servidores ativos e inativos.