Amauri Ribeiro e o desserviço diário: deputado se envolve em nova polêmica

21 maio 2025 às 21h58

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O deputado estadual Amauri Ribeiro (UB) voltou a protagonizar momentos de tumulto e agressões verbais na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), atrasando novamente os trabalhos da Casa. O episódio mais recente ocorreu nesta quarta-feira, 21, após o parlamentar atacar publicamente a deputada Bia de Lima (PT), em decorrência de uma entrevista que ela concedeu a uma emissora de rádio. A deputada compartilhou que gostava de se relacionar com homens mais novos.
Durante a sessão plenária, Amauri classificou a fala do parlamentar como “desrespeitosa” e utilizou termos como “papa-anjo” e “pedófila”, alegando que a expressão “novinhos” seria usada por criminosos. “Se referir a crianças como ‘novinhos’. Papa-anjo é o termo usado por pedófilos. A senhora citou que gosta de novinhos. Acho um desrespeito”, declarou, em tom ofensivo.
Criminosa, no entanto, é a postura de Amauri. Grave é o crime de calúnia, que significa imputar falsamente a alguém a prática de um ato criminoso. Por que ele nunca se pronunciou sobre um certo outro deputado, que de fato, é investigado por pedofilia? Porque eles são “tchuchuca com outros homens, mas vão pra cima das mulheres como tigrões”, como bem exemplificou Soraya Thronicke em debate com Bolsonaro. Não se pode confundir liberdade de expressão com liberdade para cometimento de crimes.
O deputado goiano é uma espécie de Chico Bento sem carisma. Ele reforça o estereótipo do roceiro incivilizado. Além de tudo, ainda terminou os ataques com “tá dado o recado”, bordão que utitiza em sua persona política. Alvo da 15ª fase da Operação Lesa Pátria, o deputado bolsonarista chegou a dizer no plenário que deveria estar preso por ter ajudado bolsonaristas acampados. “Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, disse o deputado em junho de 2023.
Bia de Lima já foi alvo de várias agressões do “chapeludo”, como é conhecido o parlamentar em questão. Após os ataques desta quarta, Bia solicitou a presidência dos trabalhos que o deputado fosse enquadrado por quebra de decoro. No entanto, Amauri Ribeiro manteve o comportamento agressivo e voltou a atacar verbalmente um colega, forçando o presidente da sessão, deputado Clécio Alves (Republicanos), a encerrar os trabalhos, gerando novo atraso na pauta legislativa.
A deputada então assumiu a presidência de Alego para pedir providências ao presidente Bruno Peixoto (UB). No local, foi novamente cercada por Amauri, que voltou a proferir ofensas. Diante da insistência do parlamentar, Bia optou por deixar a sala. Logo depois, o deputado Mauro Rubem (PT) chegou ao gabinete e apresentou novo episódio de descontrole: Amauri passou a gritar palavrões e chegou a ameaçar de agressão física.
A situação só foi contida com uma intervenção de segurança da Casa, do próprio presidente Bruno Peixoto e do deputado Gustavo Sebba (PSDB).
Em agosto de 2021, Amauri Ribeiro fez um discurso em tom intimidador contra a então vereadora Luciula do Recanto (PSD-GO), de Goiânia. “Eu fico puto quando vejo uma vereadora invadindo a casa de um cidadão, igual a essa vereadora de Goiânia que se diz protetora de animais. Arrebenta o portão da casa de um cidadão, sem mandado, sem ordem judicial, porque ela também não é polícia, nem com ordem ela poderia, e invadir uma casa. Para mim, merecia um tiro na cara.” A Câmara Municipal de Goiânia repudiou a fala do deputado estadual na época.
Parlamentares classificam o comportamento de Amauri Ribeiro como incompatível com o decoro parlamentar. O episódio reacende o debate sobre a necessidade de medidas mais firmes para coibir excessos e preservar a integridade da Assembleia, cuja imagem pública é desgastada por episódios como este.
O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, já se manifestou no sentido de que a imunidade parlamentar não é absoluta e não abrange a violação de normas protetivas específicas, como aquelas que defendem a integridade física e a dignidade das mulheres. Quem disse isso foi o procurador regional eleitoral Marcello Santiago Wolff quando o MPE recebeu uma denúncia contra Amauri Ribeiro por violência política de gênero.
Amauri também já respondeu a processo na Justiça Federal em Goiás por racismo na modalidade homofobia.
Comportamentos de políticos como Amauri e Gayer apequenam a política goiana. Os deputados são bancados pela população, a mesma que menosprezam diariamente, ofendem e nada por ela fazem. Parlamentares que trabalham à serviço do ódio contribuem para um política cada vez mais suja, misógina e arcaica.
Deputados criminosos, já que são blindados pelo foro privilegiado, devem ser cassados, para que enfim possam responder criminalmente por suas atitudes.
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