Mesmo com o clima natalino na Venezuela, que adiantou as comemorações, que devem durar até o fim do ano, para o dia 1º de outubro, o presidente do país, Nicolás Maduro, está de mal humor com o Brasil. Maduro convocou o embaixador do país no Brasil e, hoje, ameaça transformar o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, persona non grata na Venezuela.

Em comunicado, o governo venezuelano diz que Celso Amorim “se comporta como um mensageiro do imperialismo norte americano e que o assessor tem se dedicado em emitir juízo de valor sobre processos que apenas correspondem a venezuelanos”.

Essa “reação” de Maduro ocorre após Amorim participar da Comissão das Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e afirmar que autoridades venezuelanas estão “acusando erroneamente o Brasil de barrar a entrada do país no Brics”. O assessor admitiu, no entanto, que votou a favor da entrada de Cuba no bloco, mas não da Venezuela.

O mal estar entre os dos países não é o primeiro desde o terceiro mandado do presidente Lula (PT). Há alguns meses, o atrito aconteceu por conta do plebiscito feito por Maduro para definir a anexação do Essequibo, que pertence a Guiana. A relação, na ocasião, já se tornou tensa.

Com o passar dos meses, houve a eleição na Venezuela onde Maduro “venceu”, mesmo com a comunidade internacional questionando a legitimidade do pleito, por conta de acusações de fraudes. A eleição causou ainda mais problemas entre os países, já que o Brasil não reconhece oficialmente a vitória de Maduro.

A fala de Amorim, explicitando ser contrário a adesão da Venezuela nos Brics, fez com que Maduro, mais uma vez, tivesse um “ataque de pelanca”. Porém, o alvo de Maduro vem sendo o Itamaraty, sempre poupando Lula. Essa decisão recorrente de Maduro mostra que ele tem certo medo de que Lula, especificamente, boicote a Venezuela.

A Venezuela olha para o Brasil e diz que o país é um capacho dos Estados Unidos, o que não é verdade. Mas, para Maduro, é compreensível que se fale isso. Maduro precisa culpar a todos pela crise democrática e econômica causadas por ele. Falas como essa dão legitimidade para o ditador perante a sociedade de seu país. Como em filmes da Marvel, Maduro é o grande herói e precisa de sempre um novo vilão poderoso para que ele ao menos mostre que está tentando derrotá-lo. Desta vez, esse “vilão” é Celso Amorim.