Você sabia que a vacina contra a Covid é uma vitória da iniciativa privada, e não do Estado?
25 setembro 2022 às 00h00
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Praticamente todas as vacinas desenvolvidas contra a Covid-19 o foram em laboratórios privados, inclusive a CoronaVac, na China
É hoje um tanto difícil definir o que seja um estado socialista, tantas são as nuances que o termo comporta. Num Estado socialista europeu moderno, os meios de produção são privados, existem a liberdade política pluripartidária e direito a voto para todos os níveis de governo. A intervenção forte do Estado se faz presente apenas na regulamentação, na redistribuição de renda e na busca do bem-estar social. Seria mais uma social-democracia.
Na China, seguindo o programa de Deng Xiaoping (1904-1997), o socialismo teoricamente continua a ser o marxismo-leninismo, o regime político é centralizado e de partido único, mas o Estado, numa pausa, convive com uma economia de mercado que possa promover o desenvolvimento e aumentar a produtividade do país, inclusive com a atração de capitais estrangeiros. O comunismo virá no futuro. A pausa, evidentemente, não tem prazo para acabar, até porque o crescimento da China é admirável e se deve, claro, não ao futuro comunismo, mas à presente economia de mercado. Melhor ir deixando como está.
Num Estado socialista puro, no modelo soviético, como em Cuba, os fatores de produção são totalmente detidos pelo Estado, e o regime político é unipartidário. O socialismo se liga às ideias de coletivismo, de subordinação do indivíduo ao Estado (um ente onipotente e onipresente), de internacionalismo. Em contraposição, a democracia capitalista se associa às ideias de liberdade individual, de Estado mínimo e empreendedorismo, com boa dose de nacionalismo.
Tudo isso é dito para chegarmos ao Covid e suas vacinas.
Um político socialista diria que a melhor maneira de enfrentar uma pandemia como essa que nos assolou seria usar a força do Estado no tutelar a população, o qual ditaria o comportamento a ser adotado por todos, mesmo com o uso da força, e mobilizaria seus meios e seus laboratórios estatais para desenvolver medicamentos preventivos e curativos, de uso obrigatório também por todos.
Um político democrata diria que a melhor maneira seria o Estado conscientizar a população para medidas sanitárias comprovadamente eficazes, estimular a comunidade cientifica e o empresariado na busca de cura e prevenção, além de administrar com eficácia o sistema público de saúde. Tudo isso feito com respeito às escolhas individuais de cada um. De uma maneira geral, os governos, mesmo os mais democráticos, adotaram os meios socialistas mais radicais de enfrentar a pandemia do Covid, exceto num particular: no desenvolver as vacinas. E foi essa a única medida que, indiscutivelmente, resultou em benefício das populações atingidas, vale dizer, do mundo todo. As vacinas foram inegavelmente o herói da história. E como surgiram? Da ação estatal? Ou do esforço empresarial do indivíduo? Vamos examinar.
Desde sua descoberta, há mais de dois séculos pelo médico inglês Edward Jenner, o método imunizante vem salvando vidas. Jenner descobriu como imunizar contra varíola transmitida pela vaca, e estava batizada a vacina, de vaccinus (vem da vaca). Desde então uma longa história da imunização marcou a humanidade, algumas etapas da qual bem conhecidas, como a descoberta da vacina contra o cólera, por Pasteur, na França e ainda no século XIX, e a vacina contra a poliomielite, descoberta nos Estados Unidos por Jonas Salk, na metade do século passado. Com o avanço da ciência e dos métodos de pesquisa também avançou a produção de vacinas contra muitas outras infecções. Nesse particular — e parece que só nele — o mundo tinha condições de reação rápida contra o Covid. Simultaneamente, em vários locais, pesquisadores buscaram, desde os primeiros dias da pandemia, vacinas efetivas.
E alguns chegaram lá:
— Na Alemanha, um casal de médicos de origem turca (Ugur Sahin e Ozlem Torci), naturalizados alemães, haviam fundado um laboratório, o BioNTech, na cidade de Mainz, onde faziam pesquisas avançadas sobre o câncer. No começo da pandemia iniciaram estudos de uma vacina contra o Covid-19, conseguiram atrair para o projeto a gigante estadunidense Pfizer, e desenvolveram a vacina, com efetividade de 95% contra o coronavírus, em questão de meses. Era a vacina Pfizer, a primeira do mundo contra o Covid, iniciando vacinação em dezembro de 2020. Muitas outras surgiriam, logo depois. Entre elas:
1
— No Reino Unido, a farmacêutica AstraZeneca uniu-se ao laboratório da Universidade de Oxford e conseguiram produzir a vacina Oxford AstraZeneca, com eficácia de 70%, pronta em janeiro de 2021.
2
— Nos EUA, a indústria farmacêutica Moderna associou-se a pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde do governo e produziram a vacina Moderna, com eficácia de 94%, em abril de 2021.
3
— Ainda nos EUA a gigante farmacêutica Johnson & Johnson desenvolveu, e colocou à venda sua vacina Janssen, com eficácia de 66%, em abril de 2021, alguns meses de atraso em relação à Pfizer, mas ainda encontrando um mundo inteiro buscando comprar imunizantes.
4
— Na China, uma empresa privada, a Sinovac Biotech também produziu sua vacina, a CoronaVac, efetiva em 50%, em maio de 2021.
5
— Na Rússia, o Instituto Gamaleya de Epidemiologia e Microbiologia, em Moscou, do Ministério da Saúde, desenvolveu a vacina Sputnik V, pronta em agosto de 2021, com eficácia de 91%.
Como se viu na pandemia, a pronta resposta a um grave problema quem dá mesmo é a livre iniciativa e não o Estado. Não é o socialismo quem resolve. É a vontade de crescer, a ambição do homem quem faz marchar a sociedade, nunca o centralismo do Estado. Praticamente todas as vacinas desenvolvidas contra O Covid o foram em laboratórios privados, inclusive a CoronaVac, na China. Das citadas, apenas a Sputnik V, russa, tem origem estatal, e foi delas a mais demorada a ser produzida.