Perigo não é Berlusconi, mas as ideias de Hugo Chávez
29 novembro 2014 às 11h08
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O governador do Rio Grande do Sul, o petista Tarso Genro, no dia 25 de novembro, publicou na UOL um artigo, cujo título, já por si um artigo. É: “Irada com derrota, oposição pode favorecer invenção de um Berlusconi caboclo”.
Pareceu-me, pelo veneno das linhas e entrelinhas, que Tarso é quem está irado com a derrota exemplar que conseguiu conquistar a duras penas, perdendo a reeleição para o governo gaúcho. A duras penas, digo, porque se há algo difícil, quase impossível no Brasil, é quem está no poder perder uma reeleição majoritária. Aliás, em qualquer lugar do mundo. Tarso conseguiu a façanha.
A exemplo de outro petista, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, Tarso está indignado com as oposições, que classifica ora “de direita”, ora de “neoliberais”, coisas, no seu (dele) entender, piores do que xingar a mãe.
Indignado porque as oposições estão explorando a roubalheira do Petrolão, coisa que, interpretado seu artigo, seria normal e corriqueira na empresa, tanto assim que já havia sido denunciada por Paulo Francis. Essa exploração, ainda segundo seu artigo, pode levar a uma instabilidade política tal que gere um futuro presidente com as características de Berlusconi, o caricato ex-primeiro-ministro italiano. Menos, Tarso, menos.
O que deve mesmo nos preocupar não é um Berlusconi, mas um Hugo Chávez. Um Berlusconi ainda daria para suportar, pois, mesmo com todos os seus defeitos, o italiano não desorganizou a economia de seu país e nem atentou contra a democracia. Já um Hugo Chávez…
Tarso termina sua diatribe pedindo a Dilma que nomeie logo seus ministros, pelo republicanismo democrático. Hum… Tarso jamais acreditou em repúblicas democráticas, exceto aquelas cujo modelo é Cuba. E quanto a esse seu pedido: “Presidente, nomeie logo seus ministros fundamentais…” me pareceu que nele bradava uma oração oculta: “e eu entre eles”. Esperemos que não.