O bom exemplo dos colégios militares e o equívoco do governo Lula

23 julho 2023 às 00h00

COMPARTILHAR
Dado relevante e exemplar: no exame do Enem de 2016, em Goiás, os cinco colégios colocados nos primeiros lugares eram colégios militares: 1 — CPMG César Toledo (Anápolis), 2 — CPMG Hugo de Carvalho Ramos (Goiânia), 3 — CPMG Carlos Cunha (Rio Verde), 4 — CPMG Vasco dos Reis (Goiânia) e 5 — CPMG Dionária Rocha (Itumbiara).
No mês passado, algumas autoridades do Ministério da Educação anunciaram que o governo federal não mais investiria em Colégios Cívico-Militares, criados no governo anterior.
Dada a grande aceitação desse modelo escolar, principalmente pela população mais vulnerável, acreditei que tal medida não seria levada avante, em que pese a fúria de Lula da Silva contra tudo que é de autoria de seu antecessor. E que tal providência, se houvesse, pouparia ao menos os colégios do programa já implantados.
Mas no dia 10 deste mês, ofício do MEC para os secretários de Educação estaduais dava conta da extinção total do programa, da desmobilização do pessoal militar que serve na administração dos colégios já em operação e da sua volta à condição de colégios comuns da rede pública de ensino.
A medida significa que 216 escolas, implantadas prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social em todo o Brasil, terão desestruturadas suas administrações que levam em conta esforço, dedicação, civilidade, disciplina, respeito ao professorado, cuidado no trajar e no comportar em sociedade, preservação das instalações público-escolares, além de mais outras coisas úteis, cujo aprendizado só traz benefícios aos jovens.
Das 27 unidades federativas (26 Estados e Distrito Federal), 19 reagiram imediatamente: os governadores vão incorporar esses colégios, tal como são, na rede estadual de ensino, ao invés de proceder à sua conversão. Evidentemente, os governadores que não acompanharam essa grande maioria são os mais submissos ao governo lulista, os mais extremados à esquerda e os menos dotados de luzes intelectuais. Algumas considerações, para que os leitores do Jornal Opção fiquem bem-informados, não de “achismos”, mas de fatos e números, o que nem sempre acontece através da “grande imprensa”.
1
Os colégios militares do programa federal, do Programa das Escolas Cívico-Militares (Pecim) e que o governo quer desmobilizar, são apenas uma fração do conjunto de escolas de administração compartilhada com Forças Armadas, Polícias Militares e Bombeiros Militares.
Em Goiás, por exemplo, temos 8 colégios do Pecim, federais. Mas existem mais de 70 colégios militares estaduais. A medida infeliz do governo federal não consegue extinguir essas unidades de ensino, que, como veremos, pairam um tanto acima da média dos péssimos estabelecimentos de ensino público brasileiros.
2
Os colégios militares existem desde muito antes do governo Bolsonaro. A implicância do governo atual deve-se em parte, penso, à ignorância do atual ministro da Educação e do atual ministro da Defesa quanto ao fato (hoje, ministros são escolhidos por companheirismo, não por conhecimento). Em Goiás, por exemplo, os Colégios Militares foram criados pela Lei 8125, de 1976, que estruturou a Polícia Militar do Estado, e foram implantados a partir de 1998.
3
Os colégios militares de uma maneira geral, e não só os do programa federal Pecim, estão entre as escolas públicas que melhor atendem as suas comunidades. Uma reportagem do jornalista Leonardo Desideri, publicada neste mês no jornal paranaense “Gazeta do Povo”, traz depoimentos de gestores civis desses colégios cívico-militares que afirmam os benefícios que a coadministração militar levou aos estabelecimentos. É importante ressaltar um deles: traficantes, que rondam as escolas, se afastam das escolas militares: são o diabo fugindo da cruz. A postura e o aproveitamento dos alunos mudaram para melhor nos colégios que passaram a adotar o modelo. Violência, depredação e evasão escolar tiveram reduções consideráveis (cerca de 80%), segundo o próprio Ministério da Educação e Cultura, em relatório de 2022. Os colégios do Pecim, quando convertidos em militares, tiveram a demanda aumentada em até 300%.
4
Os colégios militares têm se livrado da degradação que atingiu o ensino público brasileiro, que fica, em todas as avaliações internacionais, nos últimos lugares. Um exemplo local: No exame do Enem de 2016, em Goiás, os cinco colégios colocados nos primeiros lugares eram colégios militares: 1 — CPMG César Toledo (Anápolis), 2 — CPMG Hugo de Carvalho Ramos (Goiânia), 3 — CPMG Carlos Cunha (Rio Verde), 4 — CPMG Vasco dos Reis (Goiânia) e 5 — CPMG Dionária Rocha (Itumbiara).
5
No mar de ideologia, descaso e incompetência que destruiu o ensino público brasileiro, existem alguns poucos estabelecimentos de ensino que se salvam, além dos Colégios Militares. Como os 24 Colégios de Aplicação (criados em 1946), escolas de ensino médio ligadas a universidades, onde os professores têm formação mais aprimorada e onde se testam métodos mais efetivos de ensino; e os 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que são, basicamente, as antigas Escolas Técnicas Federais. O Brasil deu verdadeiro vexame no exame internacional PISA, de 2018, onde se avaliaram quase 600 escolas brasileiras. Ficou nos últimos lugares, até mesmo na América Latina, em Leitura, Ciências e Matemática. Se destacarmos, porém, 12 Institutos Federais e 1 Colégio Militar que participaram do Pisa 2018, veremos que eles nada ficam a dever aos colégios internacionais que melhor se classificaram na avaliação global (dados do MEC).
6
Uma tese de mestrado bastante cuidadosa, de autoria da professora Karla Marisa Fernandes Barbosa, apresentada à Universidade de Brasília (UnB) em 2021, faz uma comparação da eficiência dos colégios militares e das escolas de aplicação. Mas não deixa de comparar esses dois modelos com a rede comum de ensino. Mostra que: a) As escolas de aplicação e os colégios militares tiveram resultados bem superiores aos dos demais colégios dos mesmos municípios, de 2016 a 2019, como mostram os números do Ideb e do Pisa. b) As despesas per capta nos colégios militares são bem menores do que nas escolas de aplicação (cerca de 5 vezes menores) c) As notas do Enem dos colégios militares foram em média 5% maiores que as das escolas de aplicação.
Os que combatem os colégios militares, em resumo, o fazem por motivos puramente ideológicos.
Uma professora, também em uma tese que tive oportunidade de acessar, alega que a presença de militares fardados na escola é elemento “de constrangimento para os alunos”. Argumento que só se mantém de pé para quem distorceu seu cérebro com enganos marxistas.
Um agente público preparado, guardião da lei, protetor da cidadania (e que arrisca sua vida para isso) constrange um aluno? Ou quem constrange o aluno é o traficante que o policial afugenta com sua simples presença? O argumento chega às raias da idiotice. É obrigatório para um aluno de colégio militar: uniforme limpo e apresentável; higiene corporal; respeito aos colegas e principalmente aos mestres; dedicação aos estudos; ordem (inclusive sonora), para não perturbar o ambiente escolar; limpeza e cuidado com as instalações público-escolares.
Já na rede pública comum, o normal tem sido, nos últimos tempos: desleixo e até sujeira no trajar; descuido consciente com a higiene, como modismo; assentar-se de qualquer maneira, e até mesmo no chão das salas de aula; desrespeito e até agressão a professores; estudar o mínimo possível, apenas para passar de ano, com a complacência dos mestres (daí os analfabetos funcionais); pixações e sujeira das paredes das escolas; depredação de móveis e instalações e até uso de drogas.
Dado a que estamos nos últimos lugares sempre que há uma avaliação internacional sobre educação, e considerando que os melhores sistemas de ensino hoje se encontram em locais como Singapura, Hong Kong, Irlanda, Finlândia, Polônia, Taiwan, Austrália etc., faço para terminar uma pergunta ao leitor, já que não há como dirigi-la ao Presidente da República: Se adentrarmos uma escola desses lugares no mundo de ensino excelente, de ótimo aproveitamento, de alunos brilhantes, encontraremos ambiente semelhante a um de nossos colégios militares ou a uma das escolas badernadas pela ideologia marxista que abundam por aqui.