Livro Operação Alpha conta a história da maior apreensão de cocaína no Brasil
29 dezembro 2019 às 00h00
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O delegado Antônio Borges Filho relata como descobriu os traficantes brasileiros e colombianos e apreendeu a droga
“Conheces este livro? Não? Podes levá-lo. Depois mo devolves” – fala-me Silvio, um amigo português, aqui de Aveiro. O livro foi dado a ele pelo autor, com dedicatória, e chama-se “Operação Alpha”. Foi escrito pelo delegado da Polícia Federal brasileira Antônio Borges Filho, e publicado no ano passado. Curioso, tratei de lê-lo de uma sentada, até porque logo às primeiras páginas lembrei-me dos fatos ali contados, que a poeira de 25 anos havia encoberto em minha memória.
A ação policial federal, executada em 1994, chefiada pelo delegado Borges e outros integrantes do DPF, e só agora contada em livro, resultou numa apreensão de 7,5 toneladas de cocaína, no Estado do Tocantins. A droga estava pronta para exportação aos Estados Unidos. A apreensão foi recordista mundial, em termos de quantidade. Basta dizer que a mais expressiva apreensão alemã foi, até agora, de 4,5 toneladas. E o recorde brasileiro só foi batido pelos EUA, neste ano, um quarto de século depois. Um navio apreendido no porto de Filadélfia, na Pensilvânia, transportava 16 toneladas de cocaína.
O livro relata todas as fases da operação, desde uma denúncia anônima, que o insubstituível faro policial do delegado não desprezou, passando pelas difíceis escutas telefônicas (o equipamento era então precário e os juízes relutavam em autorizar escutas), pelo acompanhamento dos envolvidos e dos veículos (aviões e caminhões) que transportavam as drogas e detecção e vigia dos lugares de depósito.
Lembro ao leitor que a telefonia móvel, hoje auxiliar preciosa de investigação policial, apenas engatinhava em 1994. E o livro termina com verdadeira operação de guerra em uma fazenda em Guaraí, cidade do Tocantins, onde se deu a apreensão. Não sem uma troca de tiros entre policiais e traficantes brasileiros e colombianos. Felizmente nenhum policial foi ferido, e apenas uma baixa ocorreu: um traficante colombiano ferido a bala.
Uma história – real – do valor policial, lutando com as deficiências materiais e superando-as com inteligência, persistência e bravura. A operação contou com a participação de policiais federais de Anápolis, Goiás, e o DPF era chefiado pelo coronel Alcides Romão, muito conceituado, principalmente em Goiás. Havia comandado o batalhão do Exército de Jataí-GO e chefiado o escritório goiano do então Serviço Nacional de Informação (SNI).