Livro ‘A Galáxia Rosa’ é alerta sobre avanço das esquerdas autoritárias contra as liberdades democráticas
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08 dezembro 2024 às 00h00
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Acredito que o leitor não saberá o que é A Galáxia Rosa. Eu não ouvira falar dela até o ex-deputado Vilmar Rocha me brindar com um livro, editado pela Fundação Konrad Adenauer, com esse título, de autoria de Sebastian Grundberger. Apresentemos fundação e autor: a Fundação Konrad Adenauer, que nasceu em 1956 em Berlim, leva o nome de um de seus criadores, o maior politico alemão do pós-guerra, o ex-chanceler Adenauer.
É uma fundação beneficente ligada ao partido Democracia Cristã, de centro-direita (UDC), financiada em parte pelo governo alemão. Está presente em mais de 100 países e tem dezenas de escritórios espalhados pelo mundo, no Brasil inclusive. Promove estudos de ciências políticas e visa a valorização do humano em seu contexto social, defendendo a liberdade e os valores ocidentais da democracia cristã, com foco no estudo dos excessos das ditaduras e memória histórica dos genocídios cometidos.
Sebastian Grundberger é um cientista político e historiador graduado na universidade alemã de Ingolstadt e pós-graduado em Valparaizo, no Chile. Trabalhou na ONU e no Parlamento Europeu. Hoje, chefia o escritório da Fundação Konrad Adenauer em Montevidéo. Escreveu o livro de que falamos, La Galaxia Rosa, em espanhol, que foi distribuido gratuitamente pela Fundação Konrad Adenauer. Vale mencionar que é prefaciado pelo ex-presidente de Costa Rica, Miguel Ángel Rodríguez, e não à toa. Costa Rica tem sido, ao longo de décadas, o país mais democrático das Américas e teve outro ex-presidente, Óscar Árias, escolhido Prêmio Nobel da Paz em 1987. Alguns comentários sobre a publicação:
Em 2004, no jornal New York Times, o jornalista Larry Rother (sim, aquele que quase foi expulso do Brasil por sugerir em artigos que Lula se excedia no consumo de álcool) publicou uma reportagem em que falava da Maré Rosa, referindo-se à onda de governos de esquerda que avançava sobre a América Latina, e que resultou em Hugo Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Michelle Bachelet no Chile, José Mujica no Uruguai e outros.
Grunberger toma essa classificação para nomear o que chama, e intitula seu livro, A Galáxia Rosa. Ele se refere a um conjunto de entidades de esquerda, com atuação internacional, cujo fim expresso é minar a democracia no subcontinente, ainda que em muitos casos (como no Brasil) usando o substantivo democracia à larga, como argumento de ação a favor de autoritarismos de esquerda. “Narrativa”, como Lula não se cansa de dizer. As “constelações” que compõem essa galáxia são principalmente o Foro de São Paulo (FSP), o Grupo de Puebla (GdP), o Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO) e a Progressiva Internacional (PI).
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Observa Grundberger em seu livro, onde procura destrinchar origens, métodos de ação e patronos dessas organizações, que elas agem de maneira altamente coordenada quando se trata de desenvolver o marxismo no subcontinente e estão cada vez mais influenciadas por China, Russia e Irã. A democracia só interessa para essas organizações enquanto meio das esquerdas de chegarem ao poder, tanto que regimes hoje escancaradamente autocráticos como os de Cuba, Nicarágua e Venezuela contam com a solidariedade incondicional de toda a “Galáxia”.
Grundberger não deixa passar em branco o contraponto representado pela fragilidade da organização internacional da direita, que apesar da solidez moral de seus princípios, não faz frente à atuação desses organismos de esquerda em termos de mobilização política, divulgação e exploração dos meios culturais e artísticos . Vejamos de passagem alguns aspectos dessas “constelações”:
Foro de São Paulo
Foi fundado em julho de 1990, num encontro dos partidos e movimentos marxistas da América Latina e do Caribe, na cidade de São Paulo, alegadamente para refletir sobre as consequências da dissolução da União Soviética. À boca pequena, afirmava-se o propósito de “conquistar na América Latina para o marxismo o que se perdeu no Leste Europeu”. Cerca de 48 partidos e outras organizações de 14 países estavam presentes. As estrelas principais eram Fidel Castro e Lula, mas até os narcoterroristas das FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia estavam lá. Hoje o Foro abriga mais de uma centena de partidos e organizações de 27 países, e está cada vez mais ativo.
Alinhado com as ditaduras cubana, venezuelana e nicaraguense, o Foro se fortaleceu nesses 34 anos, embora suas fontes de financiamento nem sempre sejam claras. Houve época em que os seus fundos vinham do petróleo venezuelano, o que hoje é uma fonte minguada.
Fala-se de recursos brasileiros, dado a intimidade do Foro com o PT (a secretária executiva do Foro é a petista Mônica Valente), partido que teria acumulado recursos e patrocínios nos processos desvendados pela Operação Lava-Jato. Mas Grundberger fala também no financiamento do narcotráfico, principalmente pela presença das FARC no Foro.
Grupo de Puebla
Tem sua origem na política de esquerda chilena, mais precisamente em um filme (Al fondo a la izquierda) produzido pelo deputado e cineasta comunista chileno Marco Enríquez-Ominami (alcunha ME-O) em 2019, como reflexão sobre a manutenção do marxismo na América Latina. Reuniu-se em Puebla, no México, o grupo de políticos de esquerda entrevistados no filme de ME-O, ainda em 2019, e fundou a organização que se reúne duas vezes por ano.
O venezuelano Maduro, o equatoriano Rafael Correa, o uruguaio Pepe Mujica, Dilma Roussef e muitos outros políticos de esquerda fazem parte. Eles se reúnem e emitem seus manifestos, vistos por alguns como solidários aos regimes autoritários latinos e com críticas ao chamado “imperialismo norte-americano”. Quem os financia? O Grupo não dá pistas, embora se suspeite que boa parte de seus fundos venha do partido presidido por ME-O, o chileno Partido Progressista.
Progressive Internacional (PI)
O mais abrangente, teve sua origem na esquerda norte-americana (senador Bernie Sanders, Noam Chomsky, etc), que fundou em 2020 (sem reunião formal, devido à pandemia) a associação, a que se juntaram organizações de esquerda de todo o mundo, inclusive o MST brasileiro. Seus componentes latino-americanos são os mesmos do Foro de São Paulo e do Grupo de Puebla, logo a atuação, no que respeita ao subcontinente é idêntica.
CLACSO – Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais
É a constelação acadêmica na Galáxia Rosa. Foi fundada em 1967, com apoio da ONU, então (e sempre) dominada pela esquerda. A organização congrega centenas de centros universitários pelo mundo e consegue reunir fundos de doação de países europeus. Promove encontros e seminários frequentes, sempre adotando temas de esquerda e promovendo doutrinação de apoio às ditaduras latino-americanas. Um de seus últimos diretores foi o marxista brasileiro Emir Sader (2006-2012).
Essa coordenação e essa intensa movimentação na política, na imprensa, nos meios universitários, culturais e artísticos da América Latina têm enorme importância para as esquerdas. Representa um perigo para as liberdades democráticas e permite o avanço do narcotráfico, inegavelmente ligado à “sinistra”, como vários próceres esquerdistas já admitiram. Um exemplo é o do filho do presidente da Colômbia Gustavo Petro e outro o do General venezuelano hoje preso nos EUA, Hugo “El Pollo” Carvajal. O livro é um alerta.