Glenn Greenwald finge não entender que combater a Lava Jato é compactuar com ladroagem
05 janeiro 2020 às 00h00
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Imprensa discute ataque à produtora Porta dos Fundos e Flávio Bolsonaro. Mas esquece Renan Calheiros e atentado contra o presidente
De Aveiro, Portugal – Dois fatos chamaram-nos a atenção, no fim do ano passado, pelo alarde e número de aparições nos jornais, rádios e televisões da dita “imprensa tradicional”: Os coquetéis molotov atirados na porta da frente do Porta dos Fundos e os apuros do senador Flávio Bolsonaro.
Para quem não sabe – e a maioria não sabe –, o Porta dos Fundos é uma produtora brasileira (carioca) de filmes humorísticos para o Youtube. Filmes de gosto muito duvidoso, aliás. A produtora – daquelas sempre a exigir respeito, mas ela mesma pouco ou nada respeitosa –, meteu-se em polêmica recente, ao satirizar tema religioso, desagradando enormemente os católicos não só do Rio de Janeiro, mas do Brasil inteiro. Alguns engraçadinhos, tentando levar seu desagrado até a ignorância, atiraram dois coquetéis molotov na frente da produtora, na madrugada do dia 24 passado.
Se desejavam amedrontar os responsáveis pela produtora, só fez dar publicidade a ela. O barulho feito pelas redações e as entidades de sempre, como a OAB, foi desproporcional. Os coquetéis molotov não são explosivos. São artefatos incendiários de poder muito limitado, e servem mais para sujar do que destruir algo. Podem até assustar, mas raramente ferem alguém. Mas não foi isso que saiu da fala ou da pena de nossos jornalistas “tradicionais”. O caso foi ampliado, exagerado e divulgado como “atentado a bomba”. Um delegado mais ansioso por publicidade chegou a classificar o fato como “tentativa de homicídio” contra um suposto guarda-noite que hipoteticamente estivesse na trajetória dos coquetéis, embora sequer pareça existir guarda-noite na empresa.
Juristas “globais”, como Walter Maierovitch, classificaram o acontecido como “terrorismo”. Não sabem, por certo, a diferença entre um carro-bomba e um coquetel molotov, para fazer essa afirmação. Estão todos histéricos para que se descubram os autores do “atentado”. Entre os responsáveis é mencionado o economista e empresário Eduardo Fauzi Richard Cerquise.
Quanto mais à esquerda o jornalista, mais histérico. Tudo isso por um fato insignificante, atingindo uma empresa ainda mais insignificante. Um ridículo, na verdade, mas que me lembra algo sério: o atentado contra a vida do presidente Bolsonaro, até hoje não esclarecido, este sim, bradando por solução. E que não interessa a nenhum dos jornalistas “tradicionais”. Que nunca falam disso.
Por sua vez, está ficando cada vez mais difícil para o senador Flávio Bolsonaro explicar suas contas para o Ministério Público e para a Justiça do Rio de Janeiro. No mínimo, Flávio Bolsonaro, quando deputado estadual, adotou ou tolerou uma prática que embora disseminada nas assembleias legislativas e na própria Câmara dos Deputados, é absolutamente condenável: as “rachadinhas”. Essa prática consiste em admitir funcionários de gabinete dispostos a transferir parte de seus salários – ou mesmo a totalidade deles – para o gabinete (ou seu titular) onde trabalham, ou deveriam trabalhar – pois em alguns casos, além de tudo, são funcionários fantasmas. O leitor se espantaria se soubesse quantos parlamentares adotaram e adotam esse procedimento.
Que se apure tudo, é o que desejamos. Basta de inimputáveis, como vimos muitos nos governos petistas. Que se apure e se aplique a lei, em Flávio Bolsonaro ou em quem quer que o mereça. Ocorre que este assunto tem feito a festa da imprensa, como se a única prática de corrupção a ser apurada seja aquela imputada ao senador Flávio Bolsonaro. O restante, no universo político brasileiro, principalmente nos tempos recentes, é só honestidade e pureza? Os jornalistas “tradicionais” não têm outro assunto, uma causa maior? Um momento: não vamos furar a fila, que é grande, ou acabar com ela.
Há muita coisa a apurar, de que os jornalistas se esquecem por completo. Querem exemplos? Há muitos, grandes – na verdade imensos – e importantes. Um deles: o desvio dos bilhões de dólares da caixa preta do BNDES, quer para as ditaduras de esquerda, quer para os “campeões nacionais”, tipo JBS e Eike Batista. Nenhum “jornalista tradicional” fala em encarcerar Lula da Silva, Dilma Rousseff e Luciano Coutinho pelos bilhões levados para Cuba, Angola, Moçambique, Venezuela? Dinheiro entregue a Odebrecht, Andrade Gutierrez e outras empreiteiras sem concorrência mas com muito superfaturamento e corrupção? Dinheiro do sofrido trabalhador brasileiro que foi subtraído da Saúde que ele não tem, da Educação que é uma das piores do mundo, da segurança que mata 60 mil por ano? Isto não interessa mais? Cai no esquecimento?
Baskem no Brasil e nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos se apura e se prende responsável pelos crimes cometidos pelos donos e dirigentes da Braskem, empresa que se agigantou às custas dos “favores” da Petrobrás e dos financiadores públicos nacionais. No Brasil ninguém fala nisso, inclusive os jornalistas.
Não vejo um órgão de imprensa cobrando uma apuração sobre a quebra da telefônica Oi, embora se saiba que, enquanto ela quebrava num escândalo internacional, que envolveu até a Portugal Telecom e o Banco do Espírito Santo, sócios ligados ao PSDB e ao PT saíam ricos do imbróglio. E embora se saiba que os prejuízos ficaram pendurados no BNDES, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, ou seja no bolso de todos os brasileiros.
A “grande imprensa” se cala quanto aos processos – uma dúzia deles, fala-se – contra o senador Renan Calheiros, que dormem o sono eterno nas pastas ou gavetas dos ministros do pomposo, mas cada vez mais desacreditado Supremo Tribunal Federal (segundo pesquisa do Datafolha).
Sim, vamos apurar o que pesa contra Flávio Bolsonaro, mas sem desprezar os bilhões que sumiram por aí e ninguém foi ainda responsabilizado por eles. Há mais crimes a não esquecer.
Nenhum jornalista pede o indiciamento da ex-deputada comunista Manuela D’Ávila por seu envolvimento confesso na quebra do sigilo telefônico do juiz Sergio Moro. E Moro foi o único juiz brasileiro a ter coragem suficiente para romper a cadeia de corrupção que há décadas sufocava o povo brasileiro. Cadeia que roubava bilhões, em compadrio de empreiteiras, presidentes, ministros, senadores, deputados e governadores.
Se há alguém merecendo respeito no Brasil, é Sergio Moro. Pelo contrário, esses “jornalistas” correm em socorro do “colega” que divulgou o sigilo do ministro (a meu ver, um subjornalista), Glenn Greenwald, que vive de invadir a privacidade alheia, pessoa indesejada no próprio país onde nasceu.
Observe bem o leitor: tudo o que Glenn divulgou nos EUA e na Inglaterra só serviu para dificultar o combate ao terrorismo. Tudo o que publicou no Brasil tem como alvo sepultar a Operação Lava-Jato e defender PT, PSOL e seus crimes. Glenn vive com um parlamentar psolista, David Miranda, recentemente detido na Inglaterra, onde ao que parece atuava a serviço de seu parceiro em atividade prejudicial à segurança britânica.
David Miranda, além disso, é alvo de investigação por movimentação atípica de dinheiro e não explica seu súbito enriquecimento. Glenn é um ativo defensor de Dilma Rousseff, e não se cansa de afirmar que ela foi vítima de um golpe quando foi legalmente impedida. Nenhum “jornalista tradicional” vai defender Sergio Moro, possivelmente o homem a quem o Brasil honesto e trabalhador mais deve? E todos continuarão a acobertar Glenn Greenwald, ignorando que ele combate a Lava-Jato e dificulta, consciente, o combate ao terrorismo? Combater a Lava-Jato é compactuar com a ladroagem.
E exercer qualquer ação que favoreça o terrorismo é ignorar tragédias, simplesmente por acontecerem à distância. Como, na semana que passou, a decapitação de uma dúzia de cristãos (só por serem cristãos) pelos terroristas nigerianos, que filmaram e divulgaram a execução. Nessa mesma semana um carro bomba na Somália matou cerca de 100 pessoas, inclusive todas as crianças que se encontravam em um ônibus escolar. Isso é ser jornalista?