Duplipensar: “O poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer fato que tenha se tornado inconveniente”. — George Orwell, em “1984”

A esquerda sempre usou a linguagem como arma de guerra, principalmente como maneira de desinformar. Isso, nos dois sentidos: para auto exaltação e para diminuição dos inimigos (os adversários são para ela, também inimigos).

Os exemplos são abundantes, principalmente na imprensa engajada, a imprensa de esquerda no Brasil, o que equivale a 90% do total da mídia.

A esquerda se intitula sempre “politicamente correta”, o que deixa implícito que os oponentes vivem na incorreção, isto é, no erro e no engano voluntário.

A imprensa local nunca se refere a seus adversários (desculpem, inimigos) do espectro político como “a direita”. Ela é e será sempre a “extrema direita” ou “o fascismo”. Já quando estão a fazer uma autorreferência, nunca se intitulam “a esquerda”, como seria natural. O título que se atribuem é o de “progressistas”. Percebe o leitor a antonímia?

A luta política não se dá, como seria natural, entre esquerda e direita. É entre progressistas e ultradireitistas (quando não fascistas). Assim, já se sai em vantagem desde as primeiras notícias.

Ultradireita dá ideia de grupo raivoso, intransigente, radical, pronto a destroçar os oponentes no desforço físico e nunca no campo das ideias. Já o progressismo tende a significar o conjunto de pessoas que buscam o avanço, a melhoria, as condições mais elevadas no campo econômico ou social, as relações mais civilizadas entre os componentes do grupo social a que pertencem. Isso lembra alguma coisa ao leitor? Usar a mentira e crer nela não lembra “1984”, o romance distópico de George Orwell?

Ação totalitária duplipensar

Daniel Ortega, Nicolás Maduro e Miguel Díaz-Canel nada têm de progressistas | Foto: Reprodução

Para não irmos muito longe, vejamos um exemplo da ação totalitária chamada duplipensar, descrita no livro de Orwell. Examinemos o que há de verdade e o que há de intenção (má intenção, melhor dizendo) quando a esquerda se dá o direito de se intitular “progressista”.  

Petistas, psolistas e membros do PC do B, para ficar só em alguns ativistas da esquerda, no que pensam para o Brasil quando alardeiam seu progressismo?

Têm em mente progredir no tempo, elaboraram um plano para atingir, digamos em 2054, daqui a 30 anos, metas concretas importantes para o brasileiro no campo social? Ou progredir na economia, dobrando nesse tempo a renda per capita do Brasil? Progredir talvez no social, atingindo excelência na saúde e na educação, e estimulando a liberdade e os costumes que tornem as relações entre indivíduos mais respeitosas e cordiais?

Não é difícil responder, se mantivermos nossa observação apenas sobre a ação desse segmento político, sobre o que admira e defende, sem nos impressionarmos com o palavreado que usa, com a “narrativa” (como gosta de dizer) que adota.

Quando fala em progresso, a esquerda não pensa em futuro próximo ou distante, pensa em uma marcha rumo às condições vividas pelo Leste Europeu na década de…1950. É muito progredir.

Indiscutível: quando defendem o regime cubano, os ditos “progressistas” estão advogando um sistema que tornou piores todas as condições de existência na Ilha, desde sessenta anos atrás, quando existia uma Cuba próspera, com elevado PIB per capita, e que era o maior exportador mundial de açúcar. E que hoje é um país em mendicância (este ano está dependendo de doações da ONU em alimentos, para que a população não passe fome).

Quanto progresso querem nossos “progressistas”!

Quando defendem cegamente o regime venezuelano, estão dizendo que é preciso progredir como fez a Venezuela, de uma renda nacional de 260 bilhões de dólares em 2013 para uma de 97 bilhões em 2023, apesar de uma imensa riqueza em petróleo. É progresso demais a almejar!

Quando julgam que em nada merece reparos o regime nicaraguense, estão apenas afirmando que nós, no Brasil, devemos progredir no regime de liberdade de culto de que hoje desfrutamos (salvo alguns ataques woke) para algo muito próximo do que se praticava já em 1921 na União Soviética, quando havia proibição ou ridicularização do culto religioso, fechamento de igrejas e prisão (ou até mortes) de padres, freiras e bispos. Suprassumo do progresso!

Nos três casos citados, os ativistas de esquerda do Brasil mostram como querem o progresso de nossas liberdades individuais, algo valioso para todo e qualquer um, e algo talvez mais precioso que a vida para muitos. É progresso demais, na mente dos “progressistas” brasileiros.

Como eles gostam de pedir respeito à ciência, se apelarmos para a linguística, que também é uma ciência, o vocábulo mais apropriado para adjetivar nossos esquerdistas não seria “progressista”. Seria “sinistro”.

Etimologicamente, o equivalente da palavra “esquerda” é o adjetivo latino sinister/sinistra/sinistrum. Esquerda e sinistro são, cientificamente, sinônimos. E os “sinistros” brasileiros não aprendem. Continuam a acreditar, piamente, que o seu sistema “socialista” traz progresso, apesar de, em cerca de 80 experimentos por todo o mundo, de cem anos para cá, ter sido um completo fracasso em todos os casos. Só trouxe, sem exceção, miséria, ou sofrimento ou morte, quando não os três juntos.

Eles mesmos, que exaltam a ciência, ignoram a afirmação do maior cientista destes mesmos cem anos, Albert Einstein, que dizia: “Concentre-se em aprender, em vez de concentrar-se em acreditar”.

Nossos sinistros não aprenderam nada de história, mormente sobre o que aconteceu e acontece em seus quintais e continuam acreditando em sua mais que provada utopia, apesar dos pesares. Progressistas? Não são nada disso.

(Obs.: George Orwell (1903-1950), cujo nome real era Eric Arthur Blair, foi um escritor inglês caracterizado pelo combate ao totalitarismo e autor dos dois livros mais vendidos no século passado, ambos de combate perspicaz às ditaduras. Foram traduzidos no Brasil: Fazenda dos Bichos, de 1945 e 1984, escrito em 1949).

Brasileira ajudou Orwell a publicar seu primeiro livro