O sucesso de uma sociedade é inseparável das escolhas políticas que ela faz. A que escolhe os caminhos da esquerda cedo ou tarde se arrepende. A história comprovou essa assertiva dezena de vezes, e não a desmentiu uma vez sequer.

A despeito disso, não são poucos os que por aqui teimam em trilhar os caminhos “progressistas”, que inevitavelmente levam às dificuldades, às privações, ao fracasso, enfim, e a muita corrupção. Convido o leitor a um estudo comparativo. É bastante ilustrativo, e vem a propósito de uma declaração surreal do presidente Lula da Silva, em agosto do ano passado: “O único país que equacionou seus problemas na América Latina foi Cuba”.

Logo Cuba, presidente, que o comunismo transformou em uma ilha quase de mendigos?

A marca econômica de Cuba sempre foi a cana-de-açúcar. Em 1880 a ilha já produzia cerca de 600.000 toneladas de açúcar/ano. Em 1913 produzia 2,8 milhões de toneladas, e em 1919 produziu 4,4 milhões, que exportou quase que na totalidade para os vizinhos Estados Unidos.

A produção, integrada com a produção americana, foi sempre crescente, chegando a 7 milhões de toneladas em 1961. Cuba era então o maior exportador mundial de açúcar.

Já no Brasil, a soja era um grão praticamente desconhecido em 1960, embora tivesse sido introduzido em nosso território nos primeiros anos do século XX. Em 1960, a produção brasileira de soja foi perto das irrisórias 200.000 toneladas.

Em fins 1959, o ditador cubano Fulgencio Batista foi deposto por Fidel Castro, que em abril de 1961 declarou regime ditatorial comunista na ilha, e estatizou toda a economia cubana, inclusive a produção de açúcar. A ditadura persiste até hoje, sem alterações.

Quase ao mesmo tempo, em 1964, os militares assumiram o poder no Brasil e mantiveram um regime politicamente autoritário, mas sem intervenção estatal na economia. E devolveram o poder aos civis vinte anos depois. Nos últimos 40 anos, a maioria dos governos brasileiros foi de esquerda, mas tiveram todos, ainda que a contragosto, que respeitar as regras de livre mercado na economia. A produção agrícola brasileira, vigorosa, a de soja inclusive, foi sempre empresarial.

O governo não ajudou e às vezes até atrapalhou.  Tomando como base o ano de 1960, o que aconteceu com a produção de açúcar em Cuba, e a produção de soja no Brasil?

Confira o gráfico abaixo, e vamos interpretá-lo à luz da história conhecida. Ele mostra a produção cubana de açúcar, ano a ano, em milhões de toneladas, de 1960 (foi de 6 milhões de toneladas) até 2022 (quando foi menor que 1 milhão). Fonte: Stephen Geldart (especialista londrino em commodities). 

Nos dois anos subsequentes à tomada de poder por Fidel Castro, a produção cubana de açúcar ainda foi alta (6 e 7 milhões de toneladas, respectivamente) e Cuba ainda era o maior exportador mundial.

Com as desapropriações de 1961, as duas reformas agrárias (de 1960 e 1963) e dificuldades de mão de obra, houve uma queda inicial da produção, que caiu para cerca de 4,5 milhões de toneladas anuais, em média, de 1962 a 1969.

Foi quando Fidel Castro, que então direcionou a exportação para a União Soviética, mobilizou toda a ilha, prometendo produzir 10 milhões de toneladas anuais, de 1970 em diante. Tentava mostrar eficiência do regime. Nunca chegou lá. Seu recorde foi de cerca de 8 milhões, naquele ano de 1970.

Mas era a época da Guerra Fria e os soviéticos investiram pesado em Cuba, seu aliado postado ali junto do inimigo, os EUA. Viram que se fazia necessária uma modernização mecanizada na cultura da cana, pois a mão de obra ficava cada vez mais difícil.

Não poupando seus rublos, os soviéticos e buscaram de início ajuda no … capitalismo. Bancaram maquinário importado da Austrália e da Alemanha Ocidental, ao mesmo tempo em que desenvolviam seu próprio maquinário e o fabricavam na URSS. Compravam a preços favorecidos o açúcar cubano, que perdera o mercado americano.

Técnicos russos às dezenas foram enviados para Cuba, para tentar melhorar as safras. Com isso Cuba e URSS conseguiram, a duras penas e alto custo, manter uma produção de açúcar entre 7 e 7,5 milhões de toneladas anuais por cerca de 20 anos, até o colapso da URSS, em fins de 1991.

Sem a ajuda soviética, essa artificialidade oficial, a produção despencou para a metade (3,5 milhões de toneladas) na década seguinte. Cuba agora tinha que vender sua produção sem subsídios, aos preços de mercado. E a administração comunista, incompetente, nunca foi exemplo, em lugar nenhum do mundo. Muito menos em Cuba.

A falta do incentivo empresarial que cria soluções, o sucateamento industrial sem os subsídios, primeiro da URSS, que cessaram em 1992 e depois da Venezuela, que caíram na década de 2010, fizeram que a produção despencasse outra vez. Cuba, outrora o maior exportador mundial de açúcar, produz hoje menos de 1 milhão de toneladas anuais, próximo de seu consumo. Já se viu obrigada a importar.

A soja no Brasil: vitória da livre iniciativa

E o que ocorreu com a soja no Brasil? Vejamos o gráfico abaixo. Fonte: Aprosoja.

O volume da soja produzida no Brasil era inexpressivo em 1960 (200 mil toneladas), crescendo para 600 mil toneladas em 1965.

A partir da década de 1970, a cultura passou a ser expressiva, e a produção, que então era de apenas 1,5 milhão de toneladas/ano, em 1980 atingiu os 15 milhões. E a partir da década de 1980 não parou de crescer, como mostrado no quadro acima, atingindo no presente ano a marca de 150 milhões de toneladas e o posto de maior produtor mundial do grão.

É de se ressaltar que todo o crescimento na produção da commoditie se deve à livre iniciativa. A conquista, em aumento de produção e principalmente de produtividade se deve ao agricultor brasileiro.

À exceção da inegável contribuição em pesquisa dada pela Embrapa, adaptando a soja às nossas condições (o que aconteceu nos governos militares), não há participação do governo nessa vitória.

Pelo contrário, os governos de esquerda sempre viram o agronegócio como algo nefasto (fascista, no entender do presidente Lula da Silva e seus petistas) e o fustigaram, inclusive com as invasões de sua milicia, o MST.

E vai a pergunta: o que aconteceu em Cuba e no Brasil, de 1990 até os nossos dias, para que Cuba, então o maior exportador de açúcar do mundo regredisse, apesar do esforço e do poder de um governo ditatorial, a ponto de mal produzir para seu consumo, caindo de 8 milhões de toneladas/ano para menos de 1 milhão? E o Brasil, que produzia apenas 15 milhões de toneladas/ano de soja, nas mesmas três décadas, multiplicasse por dez sua safra e vencesse o campeonato mundial de produção e exportação do grão, sem ajuda do governo?

Apenas uma luta ideológica entre as duas culturas. Enquanto a intervenção estatal e a ineficiência socialista destruíam a competente produção cubana de açúcar de cana, a livre iniciativa e a democracia econômica do campo brasileiro levavam a produção de soja a patamares sem concorrentes em escala planetária.

E muita gente existe, nas três esferas de poder, que prefere o modelo cubano. Culpa do bloqueio americano, dizem. Não existe esse tal de bloqueio, mas apenas um embargo, mais para efeito interno dos EUA, para que o seu capital não vá em auxílio de quem desapropriou fortunas de cidadãos americanos.

O embargo nunca impediu muita coisa. Ou impediu Dilma de doar a Cuba 1 bilhão de dólares nossos, de todos os trabalhadores brasileiros? Ou impediu a Venezuela de doar petróleo? O que há de verdade, nesse duelo produtivo, em que fomos largamente vencedores, é que os regimes de esquerda são naturalmente acomodados, indolentes e incompetentes — desanimados, em uma palavra. Enquanto a livre iniciativa é criativa, dinâmica e combativa. Vive do ânimo, que só sobrevive com liberdade. É a explicação.