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A imprensa comete uma injustiça com o ministro da Saúde, que faz um trabalho eficiente, mas não reconhecido

Após o fracasso do despotismo truculento de Stálin, a cúpula soviética percebeu que o regime estava prestes a ser desnudado perante a percepção mundial. Foi quando Krushev, que era muito mais inteligente que Stálin, resolveu, devidamente assessorado, adotar como arma de combate a dezinformatsia, a desinformação: a mentira, a meia verdade e a omissão.

Vale a pena ler o livro dos acadêmicos estadunidenses Richard H. Schultz e Roy Godson, cujo título é justamente “Dezinformatsia”, de 1984. Infelizmente, não foi traduzido para português. Mas existe outra publicação, “Desinformação  Ex-chefe de Espionagem Revela Estratégias Secretas Para Solapar a Liberdade, Atacar a Religião e Promover o Terrorismo” (Vide Editorial, 556 páginas, 2015), do general soviético romeno Ion Mihai Pacepa, traduzido e editado no Brasil, que traz os mais relevantes fatos ligados à estratégia de Krushev, inclusive a dimensão desse movimento, que envolveu milhões de agentes durante e após a Guerra Fria, e cuja eficácia foi reconhecida inclusive pelas autoridades dos EUA.

Durante décadas, o globo inteiro foi induzido a pensar que a URSS e os EUA estavam no mesmo nível de desenvolvimento, embora o mundo comunista estivesse anos-luz na traseira do mundo capitalista. Eram os primórdios da desinformação. A valência da desinformação foi tão grande, aliada ao fato de ser uma forma de combate plácida, não sanguinária, não despertando grandes reações, que ela se tornou parte da luta cultural das esquerdas em todo o mundo. Uma das pouquíssimas coisas eficientes, ao lado do gramscismo, que o marxismo conseguiu produzir.

A desinformação, se bem que pacífica, não é uma arma ética. Qualquer indivíduo com estofo moral recua, antes de usá-la. Se não produz danos físicos em seus alvos, por outro lado pode destruir reputações e causar pesados danos políticos e institucionais. Aliada ao ódio bastante comum dos marxistas por seus demônios, como o capitalismo, a burguesia, os militares, a religião e o conservadorismo, e principalmente pelas pessoas a eles ligadas, costuma ser bastante destrutiva no Brasil.

Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, e Jair Bolsonaro, presidente da República | Foto: Agência Brasil

Um exemplo recentíssimo de desinformação: a página brasileira do Yahoo de domingo, 14, trazia uma manchete: “Revista científica critica ‘necropolítica’ de Bolsonaro”. O texto rezava: “A necropolítica está viva no Brasil. Esta a definição do governo Bolsonaro, conclui um artigo assinado por seis pesquisadores e publicado pela revista ‘The Lancet’, a mais importante publicação científica do mundo”.

À primeira vista, e para quem só lê a notícia no Yahoo e não o artigo da revista, trata-se de substanciosa matéria, com pesados argumentos de cunho científico publicada por seis sumidades internacionais na importante “The Lancet”, atingindo o presidente Bolsonaro.

Confira a desinformação: 1) A revista “The Lancet” é uma importante publicação científica inglesa, mas é precário dizer que seja a mais importante do mundo. 2) Os seis “pesquisadores” são apenas nulidades da Universidade de Brasília, “professores” de quem nunca se ouviu falar. 3) A própria UnB sequer aparece entre a 600 melhores universidades do mundo, e navega no descrédito, a não ser no conceito dos professores “ideológicos” incapazes de encarar os fatos, e a despeito de consumir 2 bilhões de reais dos nossos impostos por ano. 4) O artigo nada tem de científico, sendo apenas uma medíocre diatribe político-ideológico contra o governo brasileiro.

Imagine o nível dos autores: foram precisos seis para escrever toda a vulgaridade. Mas quem lê apenas o título da reportagem do Yahoo se impressiona. Isso é desinformação.

Outro exemplo: a imprensa de esquerda martela na existência de um “gabinete do ódio”, ligado a Jair Bolsonaro, entidade abstrata que seria usada contra os opositores do governo. Mas nunca se identificou essa entidade. Por outro lado, essa imprensa radical estimula o ódio contra o presidente, com até incitações ao seu suicídio por parte de colunistas conhecidíssimos. Os epítetos lançados sobre ele, sem a menor base nos fatos, são pesados: fascista, racista, genocida. Como se vê, gabinete do ódio existe, mas contra o presidente. Isto também é desinformação.

Outro exemplo clássico de desinformação residiu no assassinato da vereadora Mariele Francisco, dita Marielle Franco. A imprensa movimentou-se nacional e até internacionalmente, vendendo a imagem da vereadora como um exemplo de admiração nacional — o que é desinformação — e exigindo que se descobrissem os mandantes do crime.

Por outro lado, a imprensa se calou quanto aos mandantes da tentativa de assassinato do presidente Bolsonaro, tentativa essa até hoje envolta nas mais densas brumas de mistério. Mistério que seria ao menos em parte desfeito se soubéssemos quem paga os caros advogados do criminoso. Isso também é desinformação.

Quando se trata da questão do desarmamento social, a mídia sempre ouve “especialistas” a favor do desarmamento, nunca opiniões abalizadas de quem entende do assunto. Pura desinformação.

E um exemplo gritante de desinformação está na diferença de tratamento que a imprensa radical dá a duas autoridades responsáveis pelo combate à pandemia: a nacional, ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e a internacional, presidente da OMS, Tedros Adhanom.

A começar pela acusação frequente a Pazuello de não ser médico. Mas essa mesma esquerda vê com naturalidade um simples — e até então inexpressivo — biólogo à testa da Organização Mundial da Saúde.

Afinal, Pazuello é um general — da ativa! — berram eles. E um dos objetos de ódio das esquerdas é a farda. Já Adhanom é um companheiro marxista. Salve ele!

Se algo nefasto acontece num estado, como a falta de oxigênio no Amazonas, a culpa é de Pazuello.

Mas os radicais das redações festejaram quando o STF atribuiu a governadores e prefeitos a responsabilidade das medidas de combate à pandemia, fazendo do governo federal pouco mais que um repassador de recursos.

E Tedros Adhanom, que só um ano após a decretação da pandemia enviou uma equipe à China para um levantamento de suas origens? Tudo certo. Ressalte-se que a equipe da OMS voltou da China de mãos vazias, pois o governo chinês não liberou para ela boa parte dos dados que pediu. E Tedros calado.

Além disso, o mais importante sequer foi cogitado: saber, para ampla divulgação, as medidas tomadas pelo sistema de saúde chinês para o enorme sucesso no vencer o vírus. Desinformação é omitir tudo isso, e resguardar o esquerdista Adhanom.

Voltemos a Pazuello: é diretamente acusado dia sim, outro também, de ineficaz no combater a pandemia — sem dizer por quê. Mas a imprensa não menciona que o impacto do vírus sobre o Brasil, medido em mortes por cem mil habitantes, está abaixo de Bélgica, Eslovênia, Reino Unido, Itália, Portugal, Espanha, França, Suíça e outros países desenvolvidos da Europa. Também abaixo dos EUA.

Como o número de mortos entre os infectados está proporcionalmente abaixo de México, Peru, Colômbia, Argentina — na América Latina — e abaixo de Itália, Polônia, Reino Unido e até da Alemanha, países que têm os melhores hospitais, na Europa. Omissão também é desinformação. Na Inglaterra devastada pelo vírus ninguém culpa a rainha ou o primeiro-ministro.

Pazuello, para essa imprensa extremista, é culpado pela baixa vacinação: “não planejou!” — é o berreiro. Esses jornalistas “engajados” omitem que faltam vacinas no mundo todo.

O Brasil já vacinou mais que a Alemanha, a Rússia (que tem fábrica de vacinas), a Itália, a França, a Espanha, e percentualmente mais que a própria Índia (que tem fábrica de vacinas), e o poderoso e rico Canadá. Estes dados não interessam a essa imprensa derrotista.

O ministro Pazuello é um grande injustiçado na questão pandêmica. Deveria ter a solidariedade das instituições nacionais para seu árduo e dedicado trabalho, como acontece com seus homólogos mundo afora. Mas o que recebe são acusações, investigações e inquéritos, por parte de quem quer derrubar o presidente, fazer prevalecer a roubalheira afastada nas últimas eleições ou simplesmente levantar teses de esquerda que já foram enterradas sob os escombros do Muro de Berlim.

Há que se selecionar os colunistas que se lê, se quiser o leitor ser informado e não desinformado. Nem tudo é manipulação na imprensa brasileira. Ainda temos J. R. Guzzo no “Estadão”, temos Alexandre Garcia em vários jornais e na CNN Brasil, Augusto Nunes na Record, Luciano Trigo na “Gazeta do Povo” e outros jornalistas sérios, que informam fatos e os comentam com inteligência e sem distorcê-los. São jornalistas sem “dezinformatsia”.