A pandemia e seus mitos e o uso político da crise na saúde
11 julho 2021 às 00h00
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Melhor que uns 40 países da Europa, da América e da África, temos um índice de mortos/infectados de 2,8%. Peru e México estão próximos dos 10%
Já temos um ano e meio de pandemia, e ainda pairam muitas perguntas sobre o assunto, que a Ciência não sabe responder. Só os jornalistas de esquerda sabem.
Aliás, esse jornalismo, que o colunista Augusto Nunes batizou de “jornalismo funerário”, parece torcer pelas mortes. Os âncoras de TV anunciavam, com visível satisfação, cada centena de milhar de mortos no Brasil. Combatiam o tratamento precoce como se fosse outra praga, e nem davam voz aos médicos que o defendiam. Temos que convir que os mecanismos de contágio e de morbidade ainda não foram desvendados, assim como os mecanismos de cura são desconhecidos, e parecem longe de uma descoberta.
A origem do vírus sequer pode ser indagada, sob pena de melindrar os “companheiros” chineses.
Veja, leitor, como a grande imprensa nem toca no assunto. O mito do “lockdown”, que a imprensa brasileira tanto defendeu, até com veemência, e que tantos dirigentes mundo afora adotaram sem qualquer titubeio, e que a tantos milhões de humildes tirou o sustento, vai aos poucos sendo desmitificado, à medida que resultados numéricos vão aparecendo e sendo interpretados.
Na Europa, apenas um país — a Suécia — não aceitou a lógica do “fecha tudo”. Manteve abertas as escolas, o comércio, a indústria. Não impôs o uso das máscaras: usasse quem quisesse. O país adotou como defesa um plano, criado pelo cientista Anders Tegnell, de maciça conscientização da população, baseado principalmente na responsabilidade individual, na higiene, no distanciamento social e na vigilância de fronteiras.
Ao mesmo tempo, a Suécia buscou a compra de vacinas, no que, como no resto da Comunidade Europeia, não teve sucesso: os estados fabricantes do imunizante, venderam e não entregaram o prometido, premidos pelos seus governos a vacinar antes os seus nacionais.
Nem é preciso dizer que as autoridades suecas de saúde foram duramente criticadas pelos colegas europeus, por não adotarem o “lockdown”. Para “vacinar” o leitor contra o indiscriminado uso político da pandemia nestas plagas, mostro o pequeno quadro abaixo, referente aos três países europeus que têm a mesma população que a Suécia, mais a própria, suas contaminações e suas mortes, relembrando que apenas ela, a Suécia, em toda a Europa, não adotou um lockdown rigoroso, e preservou sua economia. Serve como arma para qualquer esquerdista encardido, adepto do controle social à moda de Stálin, quando este vier defender o tal “lockdown”. Não que adiante muito, como sabemos. Esse pessoal vive em outra realidade, e seus dogmas, para eles, não comportam discussão. Para eles o lockdown resolve tudo e ponto final. Mas vejamos, com o exemplo sueco, que não é bem assim:
PAÍS POPULAÇÃO CONTÁGIO POR COVID MORTES POR COVID
(milhões) (milhares) (pessoas)
República Checa 10,7 1.700 30.300
Grécia 10,6 426 12.700
Portugal 10,3 887 17.100
Suécia 10,2 1.090 14.600
O índice que verdadeiramente, em última instância, dá a medida dos estragos feitos pela pandemia é o de mortos. O de infectados conta, sem dúvida, pois é ele que dá a pressão sobre os profissionais e equipamentos de saúde, além de ser responsável pelas sequelas que contaminados, mesmo curados, carregam por tempos, ou mesmo pelo resto da existência. Mas, sem dúvida, prejuízo mesmo, irremediável, é sucumbir.
Observe-se que embora se recusasse ao “lockdown”, a Suécia sofreu impacto do vírus bem mais ameno que aquele sofrido pelos checos e pelos portugueses, que adotaram os mais severos fechamentos. Apenas a Grécia, entre os quatro países de população equivalente se saiu melhor que a Suécia, a única que não “fechou tudo”.
E o ritmo de vacinação, nos quatro países, foi bastante próximo. Quase coincidente. O que talvez explique o melhor resultado grego, é o fato de ele ter optado pela vacina da Janssen, em dose única, que resulta mais rápido. Mas fica claro, e isso o leitor só vê aqui, pois a “grande imprensa” esconde, que o “lockdown” não influi em nada na marcha viral.
Muito se tem dito sobre o número de mortes por Covid, no Brasil. Afirmamos que reside aí o pior da pandemia, pois nada mais irremediável que a morte. O impressionante número de mortes no Brasil tem sido usado à larga, por motivos políticos, principalmente pelos grupos interessados no desgaste e na derrubada do governo, o que, em última análise, é um desrespeito à dor alheia.
O leitor já deve ter observado que é quase com satisfação que os âncoras de TV (repito) anunciam a mortandade, e quase escondem a diminuição das mortes, quando ocorre. Dá-se ênfase ao número absoluto de óbitos, política e vergonhosamente, não se referindo ao número proporcional, como deveria ser feito. Afinal, somos o sexto país em população no mundo, e é infantilidade ou má fé ignorar esse fato quando se mencionam nossos mortos por Covid.
Fomos muito impactados, e isso é trágico, mas não somos o segundo pais em número relativo de mortos, como a “imprensa funerária” quer fazer crer, usando sempre os números absolutos. O Peru tem o dobro do número de mortes por cem mil habitantes do que tem o Brasil. Perderam proporcionalmente mais seus filhos que o Brasil, ainda, a Hungria, a Bósnia, a República Checa, a Macedônia, o Montenegro e a Bulgária, o que essa imprensa esconde. Isso sem levar em conta os dados da Rússia e da China, que não são confiáveis, pois são escamoteados por seus governos ditatoriais, e da Índia, que resolveu também, de certa forma, escondê-los.
O Brasil consegue também, razoavelmente, recuperar seus infectados. Melhor que uns quarenta países da Europa, da América e da África, temos um índice de mortos/infectados de 2,8% (o do Yemen, por exemplo, é quase 20%, e Peru e México estão próximos dos 10%). Isso não se vê na imprensa brasileira. Só aqui no Jornal Opção.