Ninguém critica os deputados stalinistas. Mas os parlamentares que defendem a liberdade para a prática do tiro são chamados de a “bancada da bala”

Escrevi, no Jornal Opção, artigo demonstrando, com números, que o lockdown causou enormes prejuízos para a educação e para a economia, como já se esperava, mas que não veio a cumprir, minimamente que fosse, o prometido: evitar o contágio do Covid-19.

O jornal recebeu uma série de protestos contra o artigo, sem que, em nenhum deles, constassem números ou argumentos que o desmentissem. Apenas a acusação: “negativista”. Um adjetivo que a nossa imprensa adora difundir. E que os pouco ou nada esclarecidos adoram empregar, mesmo negando uma evidência numérica.

No Congresso brasileiro, deputados e senadores do PT, do PSOL, do PC do B e outros partidos marxistas, se intitulam, e assim são mencionados pela imprensa, como “progressistas”. Mas não existe nada mais dedicado ao atraso do que buscar uma forma de governo muito aplicada — e fracassada — nas décadas de 1940 a 1980 (e na época atual), exatamente o que esses congressistas fazem hoje, com empenho até religioso. De onde vem esse costume de brandir a linguagem como arma política?

Ióssif Stálin e Nikita Kruschev, políticos da União Soviética | Foto: Montagem/Reprodução

O marxismo não pode se apresentar como sucesso administrativo e econômico. Foi fracasso retumbante em dezenas de nações onde se implantou como luminosa promessa e para onde só levou pobreza (em alguns casos miséria), crueldade e morte. Mas se experimentou essa incomparável derrota, nem por isso o marxismo, como religião que é, morreu. E apoiado em dois sucessos, assombra até hoje o mundo liberal. Esses dois sucessos, na chamada guerra da conscientização, estão na desinformação de Kruschev e na hegemonia de Gramsci.

A desinformação, nascida na URSS com Stálin, mas levada ao paroxismo por Nikita Kruschev, incorporou-se, algumas vezes até de maneira inconsciente, na prática esquerdista do mundo todo e tornou-se ferramenta fundamental na notícia usada politicamente. Consiste em difundir informações verídicas ou apenas aparentemente verdadeiras, desde que úteis à causa, esconder aquelas que mesmo verídicas possam ser prejudiciais e fabricar aquelas que de momento sejam necessárias à esquerda, dando a elas aparência de verdades.

Já a hegemonia de pensamento que o marxismo busca conquistar na sociedade civil, segundo o filósofo comunista Antonio Gramsci, se alcança por um trabalho paciente de convencimento da sociedade civil, usando a estrutura ideológica, principalmente imprensa, escola e igreja na conversão da consciência social para as teses marxistas.

A imprensa brasileira, mais que qualquer outra, incorporou a desinformação e o gramscismo à sua maleta de ferramentas. Pesquisa feita no ano passado, pela Universidade Federal de Santa Catarina, mostrou que mais de 80% dos jornalistas brasileiros são de esquerda, 10% deles filiados ao que há de mais sinistro no esquema partidário brasileiro.

E, pior, por aqui, ao contrário do que acontece na Europa, por exemplo, a imparcialidade profissional cedeu lugar à militância.

Se a esquerda fracassou irremediavelmente na economia e na administração, e isso acontece, inevitavelmente, toda vez que ela alcança o poder, está ganhando a guerra da informação. Isso, repito, porque incorporou a desinformação, como se viu no mundo à época da Guerra Fria, quando a URSS fez com que acreditássemos estar ela em pé de igualdade bélica e tecnológica com os Estados Unidos, mesmo estando léguas atrás, como ficou demonstrado na era Reagan, principalmente na corrida espacial, a chamada Guerra nas Estrelas.

No Brasil, os exemplos do século passado são muitos. Criou-se um mito totalmente falso de que as esquerdas lutavam pela democracia, no regime militar. A verdade (que a imprensa esconde até hoje) é que estavam financiadas pela China, pela URSS e por Cuba para tentar implantar aqui o comunismo.

E o regime militar brasileiro, um tanto frouxo se comparado à ditadura cubana, esta sim, ditadura de verdade, ficou na história como se fosse algo nivelado ao regime de Fidel Castro, o que chega a ser ridículo. Mas a imprensa se refere ao período 1964-1985 como a “ditadura militar”.

Os que não viveram o período até duvidam de verdades incontestes, que foram muito bem escondidas pela desinformação. Por exemplo: o país nunca cresceu tanto, economicamente como no regime militar (de 11 a 12% ao ano); o presidente que deixou o governo com maior popularidade em nossa história republicana foi Emilio Médici.

A desinformação impede que notícias verdadeiramente alarmantes circulem, quando deveriam explodir nas manchetes de jornais ou nos noticiários televisivos. Dois exemplos: a descondenação de Lula da Silva, mesmo condenado em três instâncias, por uma dezena de juízes competentes e de carreira.

Quem o descondenou? Um simples advogado que nunca teve experiência judicante, mas que foi feito ministro, em última palavra, pelo próprio réu (na verdade por seu robô, Dilma Rousseff), e usando um artifício jurídico ridículo. Isso é algo espantoso em qualquer lugar do mundo. É matéria para escândalo em escala nuclear. Mas passou em brancas nuvens por nossa imprensa.

Outro exemplo: a imprensa (e não só do Brasil) escondeu o escândalo “El Pollo”. Um general, ex-ministro do governo venezuelano, chefe internacional de tráfico de drogas, depois um clandestino, é preso espetacularmente na Espanha e vai ser extraditado para os Estados Unidos. Enredo para um filme de 007. Mas não aparece na imprensa brasileira. Por quê?

Porque, perante um juiz espanhol, o preso denunciou autoridades espanholas, italianas, argentinas, e … Lula da Silva, como financiadas por ele com dinheiro do tráfico. A linguagem ajuda, no espalhar a desinformação e no trabalhar o gramscismo.

Os deputados do PC do B pertencem a uma agremiação partidária dissidente, que se separou do antigo “partidão”, o PCB, por não concordar com as críticas de Kruschev ao genocídio de Stálin. São, ao menos em teoria, adeptos rebeldes do velho e genocida ditador.

Orlando Silva, deputado federal do PC do B | Foto: Reprodução

Algum órgão de imprensa já se referiu, por exemplo, a Orlando Silva, do PC do B (aquele que comprava até tapioca com cartão de crédito do governo, quando ministro dos Esportes) como “deputado stalinista”? Ou como “deputado comunista”? Jamais!

Já a turma de deputados que defende a liberdade para a prática do esporte (Olímpico) do Tiro ou a liberdade (constitucional) da legítima defesa é intitulada pela imprensa, depreciativamente, como a “bancada da bala”. Não seria, com muito maior razão, a bancada do PT a “bancada do roubo”? Para nossa imprensa, nem pensar.   

O jornalista americano Neil Patell, do jornal Daily Signal, falava, em um comentário de 2021: “A linguagem, claro, é fundamental para o debate político. A esquerda entende isso melhor do que a direita. E conta com a ajuda da imprensa, que sempre insiste em usar a linguagem preferida da esquerda… A escolha dos termos usados pode mudar o resultado do debate. A esquerda entende isso. Essa se atém a isso incansavelmente, e a esquerda — com a ajuda da imprensa — é detentora dos termos usados em praticamente todos os debates políticos… Outro exemplo é a moda atual de usar a palavra “progressista” como substituta de “esquerdista”.

O rótulo de “esquerdista” pega mal. Lembre-se disso quando os políticos se disserem “progressistas com orgulho”.

O filósofo liberal Ludwig von Mises, ainda em 1950, escrevia: “Os socialistas criaram uma revolução semântica capaz de converter o significado dos termos em seu exato oposto… Os socialistas jamais conseguiriam conquistar corações e mentes caso declarassem explicitamente que seu objetivo final é rebaixar todos os indivíduos à servidão. Por isso, por motivos de imagem e propaganda, os socialistas optaram pela falsa retórica de que defendem o socialismo junto com a liberdade, uma postura flagrantemente contraditória… Ao mesmo tempo em que dizem defender a liberdade, os socialistas defendem abertamente que a redução da liberdade e a submissão a seus ditames é um preço a ser pago pela obtenção de mais prosperidade.  Em sua novilíngua, “não vale a pena” ter liberdade se ela gera pobreza.  Sacrificar a liberdade com o intuito de “trazer riqueza para as massas” é plenamente justificável, dizem eles. Para os poucos e rebeldes individualistas que quiserem a liberdade de se recusar a aceitar os ditames socialistas, o destino será o mesmo dos camponeses ucranianos que morreram esfaimados por Stalin. As populações que aceitaram a promessa de trocar um pouco de liberdade por um pouco mais de prosperidade ficaram sem ambas”.