O esquerdismo preconizado pelo Foro de S.Paulo está na pauta do PT e é prejudicial ao Brasil 

Baderna e depredação de bens públicos e privados são atos de “movimentos sociais” apoiados pelo governo federal | Foto: Getúlio Lefundes
Baderna e depredação de bens públicos e privados são atos de “movimentos sociais” apoiados pelo governo federal | Foto: Getúlio Lefundes

Há muito, multiplicam-se as evidências de que o governo brasileiro está empenhado no que pretendia, desde sua criação em 1990, o Foro de São Paulo: Ga­nhar para o “socialismo”, na Ame­ri­ca Latina, o que ele perdeu na Eu­ro­pa Oriental. Ressuscitar o stalinismo, ainda que amenizado, aqui por essas bandas. Este, o objetivo. Os meios estão claramente expostos na teoria de Antonio Gramsci. O Foro de São Paulo é uma entidade que congrega os partidos de esquerda da América Latina e entidades marginais, como as Farc (as milícias narcorrevolucionárias colombianas). Entre seus fundadores estão Fidel Castro e Lula. Diga o leitor se há alguma inverdade nas afirmações a seguir:

1) Os denominados “movimentos sociais” vêm afrontando a lei, ano após ano, desde que se instalaram no governo presidentes conhecidamente de esquerda: um autoexilado (Fer­nando Henrique Cardoso), um ex-líder sindical (Lula da Silva), uma ex-integrante de movimentos armados financiados pelo comunismo internacional (Dilma Rousseff). Esses “movimentos sociais” promovem invasões, incêndios, depredações de patrimônio público ou privado, destruição de bancos de pesquisa científica, agressões a policiais e até assassinatos. Embora claramente fora da lei, não são perseguidos, mesmo que seus responsáveis sejam conhecidos (como o chefe do MST, João Pedro Stédile). São chamados ao diálogo com o governo (via de um dos ministros mais poderosos, Gilberto Carvalho), e financiados com verbas públicas. Houve até, quando as atenções se voltavam para a Copa do Mundo, tentativa governamental, por decreto, de lhes conferir ad aeternum parte do poder, com a criação dos “conselhos”, nos moldes dos sovietes leninistas, que daria a eles assento permanente na administração federal.

2) Os “governos socialistas” vizinhos vêm sendo objeto de uma condescendência que beira o absurdo, por parte desses governantes brasileiros. Foram colocados seus interesses “bolivarianos”, qualquer que seja a abominação que se esconda nessa palavra, acima dos interesses legítimos do Brasil e de seu povo, e do juramento constitucional de defendê-los que esses governantes brasileiros fizeram. Embora não seja preciso exemplificar, pois o leitor tem deles conhecimento, pelos poucos veículos de comunicação independentes, lembremos alguns fatos: a tomada à força da refinaria da Petrobrás na Bolívia por Evo Morales, o absurdo aumento do preço da energia paga ao Paraguai do bispo “bolivariano” Fernando Lugo (contrariando um tratado internacional), os financiamentos que nunca serão pagos concedidos ao Equador do “socialista” Rafael Correa, entre outros lesivos ao Brasil. Não nos esqueçamos de que essa solidariedade tem mão única: a Bolívia em nada nos beneficia, e abastece de cocaína os viciados que estão transformando o Brasil num país em guerra.

Os demais vizinhos, e entre eles está a Venezuela, que nos deu o calote na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, nunca tiveram para com o Brasil a mesma deferência (ou seria subserviência?) do governo brasileiro para com eles.

3) O tratamento dado a Cuba (que nem país vizinho é) só é explicável pela cumplicidade ideológica. É uma das últimas e mais cruentas ditaduras do planeta. Vive uma economia miserável. Em nada nos beneficiam as relações comerciais com a ilha. A presidente, quando lá se encontra, parece estar melhor que no Brasil. Lá, é só sorrisos, principalmente se estiver junto ao ditador mumificado Fidel Castro. Quando cá, entre os brasileiros, a presidente esbanja mau-humor e é conhecida pelas descomposturas que passa nos que têm a paciência (ou a servidão) de trabalhar com ela. Gasta nosso dinheiro, que tanta falta faz aqui, financiando os ditadores para a modernização do porto de Mariel, enquanto os nossos portos estão a pedir essa mesma modernização, para reduzir o sufocante “custo Brasil” que tanto encarece nossas exportações. Enquanto todos os chefes de estado que vêm ao Brasil se hospedam em hotéis, Raúl Castro é abrigado por Dilma na Granja do Torto.

E para financiar a ditadura cubana, implantou o programa Mais Médicos, cuja vantagem de atender aos menos favorecidos é anulada pelo regime de escravidão em que trabalham os médicos cubanos, cujo salário é quase todo confiscado pela ditadura castrista. Muitas leis brasileiras foram atropeladas para implantar esse programa. E foram muito maltratados na questão os médicos brasileiros e suas associações.

4) Nossa diplomacia, que ostentou até o advento desses governantes uma posição de independência, ponderação e eficiência, é hoje uma caricatura. Também pudera. Influencia­da por uma das figuras mais caricatas do governo, Marco Aurélio Garcia, como ser diferente? O Itamaraty passou a ser um apoiador de traficantes (caso das Farc) e ditadores, desde que “de esquerda” ou “anti-imperialistas”. A lista é grande, e vai desde Kadhafi (que Lula chamava de irmão) até Omar AL-Bashir, o genocida do Sudão. Não se pode contar com um voto do Brasil na ONU para condenar alguém com esse perfil, por mais absurdos que cometa. Para não falar no vexame de Manuel Zelaya, financiado pelo Itamaraty para tentar uma guerra civil em Honduras, que não veio porque os hondurenhos o desprezaram e o desprezam até hoje. E do vexame de tentar segurar na presidência paraguaia o apeado bispo conquistador Fernando Lugo, quando até o próprio já havia aceitado como legal a medida de deposição.

Poderíamos citar uma dezena de medidas antidemocráticas de nossa política externa. Uma delas foi a abjeta manutenção em uma sala de 20 metros quadrados, por mais de um ano, do senador boliviano Roger Pinto Molina, sem lhe conceder o merecido asilo. Para quê? Para agradar Evo Morales. O senador foi salvo por um diplomata corajoso e humanitário, que está sendo prejudicado, por sua atitude digna, em sua carreira. O Ministério da Justiça auxilia o Itamaraty, quando a tarefa é nos manchar lá fora: Entrega atletas cubanos a Fidel Castro, em vez de dar-lhes asilo, procrastina o devido asilo ao senador Pinto Molina, dá refúgio ao terrorista assassino Cesare Battisti e ao terrorista colombiano “padre” Olivero Medina.

5) O governo criou uma Comissão Nacional da Verdade encarregada de relatar culpas ocorridas no confronto entre o regime militar e o terrorismo de esquerda. Desde que a culpa seja toda dos militares. É uma comissão para reescrever a história, como fazia o regime stalinista. É uma nostalgia cínica. A verdade só poderia surgir de um contraditório, nunca de um grupo ligado a um dos lados, ao terrorismo de esquerda, que unanimemente compõe a comissão. O governo quer deixar registrado que os comunistas de armas na mão, comandados, financiados e treinados na Cuba de Fidel Castro e na China de Mao-Tsé Tung, almejavam santamente, com toda a força de seus corações, a pura democracia. É a “verdade” da Comissão.

6) O Brasil tornou-se terra dos bandidos. Roubos, assaltos, tráfico de drogas são bastante facilitados pela criminalização e consequente desestímulo das polícias estaduais, vitimização dos bandidos e desarmamento da população, medidas “socialistas” que tornam fácil a ação de assaltantes e assassinos. Não há política eficiente de combate ao tráfico, facilitado pelos governos vizinhos, e nem ao uso, tolerado condescendentemente nas “cracolândias a céu aberto”. Há desestímulo também na Polícia Federal, pouco valorizada e objeto de tentativas de politização.

7) Há um permanente desejo de censurar a imprensa, apesar da reação também permanente da sociedade. Desde a frustrada tentativa lulista de criar o Conselho Federal de Jor­na­lismo em agosto de 2004, passando pela aprovação de resolução pelo diretório nacional do PT em março de 2013, defendendo a censura, até a recente declaração do presidente do partido, Rui Falcão, na convenção do mês passado, no mesmo sentido. Alinhar toda a imprensa ao noticiário oficial é o que pretende o governo.

Venezuela de hoje é o retrato do que o Brasil pode se tornar amanhã

Se houver, caro leitor alguma inverdade nas afirmações acima, peço que a aponte. Darei a mão à palmatória. Se não há inverdades, é patente que estamos sendo levados por caminhos que a grande maioria dos brasileiros não deseja. Caminhos que no passado mostraram de sobra os desacertos e sofrimentos a que conduzem. E que mostram ainda hoje: basta olhar a Venezuela e o caos lá instalado.

P.S: Dois grandes artigos recentes mostram que Brasil e mundo acordam para as falácias petistas: Um, de João Ubaldo Ribeiro (o último que o brilhante escritor escreveu), faz fina ironia sobre a crescente intervenção governamental em nosso dia a dia. Outro, de Mario Vargas Llosa, acusa a propaganda enganosa que o governo faz de si mesmo, aqui e lá fora. O artigo de João Ubaldo chama-se “O Correto Uso do Papel Higiênico” e foi publicado em “O Globo” no dia seguinte à sua morte. O de Vargas Llosa saiu no madrilenho “El País”, de 12 de julho, e intitula-se “A Máscara do Gigante”. Lê-los é juntar o agradável ao utilíssimo. l