‘Autoridade monetária se queixar do mercado é igual marinheiro se queixar do mar’

– Gabriel Galípolo

Profissional é aquele que, por dominar um conhecimento, consegue assegurar que as causas produzam sempre os mesmos resultados. Um profissional só se qualifica se dominar a causa e os seus efeitos. Cada ação deve ser seguida da mesma reação.

O amador ou diletante, desprovido de competência, administra por tentativa e erros com acertos aleatórios. Ele conhece algum êxito se dotados de boa intuição, e mais das vezes de sorte (resultado sem méritos). Enquanto o profissional detém uma proporção elevada de acertos, o amador os têm eventualmente. Um depende da competência e o outro das circunstâncias, da sorte.

As decisões ou são baseadas no conhecimento (teórico e prático), ou pela sorte. Esta, ao contrário da competência, costuma ser fortuita. E sendo assim, sabemos que a fortuna não   premia sempre o mesmo jogador.

A sorte tem sido apontada como um dos atributos do político Lula. Os seus partidários o consideram um sortudo. Os seus primeiros mandatos como presidente da República foram premiados por conjunturas favoráveis: internamente, a economia herdada não apresentava dados muito negativos — inflação controlada, orçamento equilibrado, baixo desemprego; e externamente, foram muito positivos — explosão dos preços das commodities que, por termos saldos consideráveis à exportar, garantiu manter reservas cambiais expressivas, apesar do fracasso da indústria nacional.

 Ademais, pelo menos no primeiro mandato, os ministérios tinham no comando pessoas competentes e patrióticas. Os resultados de muita sorte e de algum respeito à competência elevaram nas pesquisas de opinião pública a avaliação do seu governo.

Lula, há dois anos, inicia um terceiro mandato. Recebe um país bem arrumado novamente. No meio da sua atual governança, a fortuna parece que o abandonou. Não foi feliz (?) na formação do seu exagerado ministério, que formado de politiqueiros e medíocres, só produziu bobagem. Não tem um projeto para o país. Limita-se a ações táticas com vistas às próximas eleições. Os maus resultados refletem a qualidade da sua gestão.

Se antes tudo parecia dar certo, agora neste mandato é o contrário. Uma gestão precária, com ideias equivocadas, sem tanta sorte, têm como resultado inflação crescente, desequilíbrio orçamentário, moeda desvalorizada, com a consequente perda de confiança do mercado financeiro, popularidade em queda e déficit orçamentário preocupante, que está sendo cantado em prosa e verso como sendo um desastre previsível.

Não só os dados econômicos mostram que a “sorte” do Lula acabou. No leilão de títulos públicos federais, realizado pelo Tesouro Nacional nesta quinta-feira, 28, o governo Lula não conseguiu vender os títulos, o real está entre as moedas que mais se desvalorizaram de 2024 para cá, a inflação supera o teto da meta do Banco Central com tendência à alta. Uma dívida do Tesouro de 9 trilhões, cujo serviço é o maior item do orçamento, gera desconfiança* (veja a nota ao final do texto).

Os resultados políticos não são melhores. Eles não vêm de encontro com o sonhado pelo presidente. Suas infelizes manifestações da política internacional TODAS repercutiram muito mal. O presidente da Ucrânia ignorou, como represália, o presidente do Brasil no seu encontro; Israel irritou-se com a comparação de sua ação em Gaza com o Holocausto; Xavier Milei debochou e desqualificou o governo petista; Daniel Ortega brigou com Lula; Maduro criticou a posição brasileira nas eleições venezuelanas; e o apoio a Kamala Harris foi de uma incompetência diplomática antológica.

Agora, para fechar com chave de ouro as trapalhadas do “ex-sortudo”, a primeira-dama com expressão de baixo calão ofende Elon Musk, agora influente participante do governo americano e importante influenciador de opinião pública internacional. Ela comprou briga com gente grande. Isto é incompetência ou azar, coragem ou ignorância?

 No campo interno, mais precisamente nas eleições municipais, o PT foi condenado à irrelevância. As ideias equivocadas do partido, um populismo socializante superado, enganaram muitos por algum tempo, mas não conseguem mais enganar a maioria por mais tempo — como diria Abraham Lincoln. Duas décadas do desastroso “jeito petista de governar” foram suficientes, pelos resultados, para uma perda da credibilidade. A realidade se impôs à narrativa.

O tempo de “sortudo” acabou. E o de “azarão” está por vir, com os resultados da atual gestão petista, cuja colheita será a volta da inflação, dos juros altos, do reduzido investimento e uma possível recessão. Ele foi um sortudo. A realidade é que a obsolescência intelectual não determina bons resultados. E a sorte não premia sempre o mesmo jogador.

*YouTube —  A avaliação negativa do mercado financeiro sobre o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou em dezembro ao pico de 90%, segundo dados da pesquisa Genial/Quaest sobre o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.