O presidente Lula da Silva é bom de briga. O petista gosta delas. É um eterno beligerante. Bom de tática ele está sempre no ataque. Um dia o alvo é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em outro a “insensibilidade do mercado financeiro” e agora chegou a vez dos dividendos da Petrobrás. Nem sempre ele tem razão e sempre ignora os cânones da teoria econômica. Fala a linguagem que o homem comum entende. Ele investe naquilo que a sua sensibilidade diz ser a aspiração popular. Nunca vai contra a crença geral. Pouco importa a veracidade dos fatos. O que vale é navegar a favor da maré.

Os resultados comprovam a validade da tática praticada. Ele fica bem na briga, pois consegue , contra tantos casos  que lhe são contrários, ter um eleitorado cativo, fiel. A sua deficiência de dominar conceitos básicos passam despercebidas do grande público. Os seus erros gramaticais só doem nos ouvidos de uma minoria. A maioria usa do mesmo português sem os “esses, errres” e com erros de concordância. Ele não dá a mínima importância para as suas limitações. Até se vangloria delas e as usa em seu favor. Em tudo e por tudo, ele é igual aos seus seguidores.

Lula, como um deles, conhece o seu eleitorado. Ignora olimpicamente a verdade, como quando reconheceu exagerar na Europa o número de crianças famintas nas ruas, que sabia ser mentira. A massa não dá o devido valor ao caráter dos políticos. Nem mesmo se a complexidade e profundidade dos problemas são ignorados nos seus discursos. A postura irritada e indignada de Lula é uma constante. Investe contra o seu governo como se oposição fosse. Nunca joga na defesa. Ataca  os seus antes que outros o façam. Só tem um compromisso — a próxima eleição.

Entretanto, nem sempre as bravatas de Lula estão erradas. Nos últimos episódios, ele está certo ao considerar um escândalo os dividendos da Petrobrás. Os dividendos só são respeitáveis se o lucro da empresa é legítimo. O que não é o caso da Petrobrás. O lucro de uma empresa que detém na prática um monopólio e tem o respaldo do governo é imoral. Não fosse o aval governamental e a capacidade de determinar os seus preços, a Petrobrás não teria sobrevivido à Lava Jato. Estaria na vala das falidas…e os minoritários a ver navios.

A Petrobrás é uma aberração. É um monopólio que o governo concede a acionistas privados nacionais e internacionais. É um privilégio para uma minoria. O seu lucro é imoral, pois não resulta de uma competição no mercado que lhe dê legitimidade. O lucro deve ser a medida do desempenho de uma empresa em relação aos seus concorrentes. O lucro deve ser uma mais valia pela contribuição da operação dada à economia.

No subproduto da sua crítica, Lula está errado quando ignora que os dividendos não são recursos que retornam à correnteza gerando consumo e investimentos. Mesmo que os dividendos fossem queimados, ainda assim estariam contribuindo para enriquecer o Tesouro, valorizando a moeda. Portanto, é menos mal os dividendos em mãos particulares do que aumentando as garras da Petrobrás. A   contribuição da Petrobrás, depois da privatização, seria aplicar preços menores, o que sim dinamizaria a economia. Ainda que isto significasse o fim de algumas empresas que servem de fachada para mascarar existir concorrência nesse mercado, o que custa caro ao consumidor.

Se a Petrobrás dá prejuízos ou dá   lucro não importa, deve ser privatizada. Nenhum monopólio é bom para nenhum país. A economia de mercado agradecerá com maior desenvolvimento econômico. Os investimentos do governo na Petrobrás serão mais saudáveis à economia se aplicada na saúde pública.  E Lula não terá por que ser contra os dividendos, pois serão o resultado de uma saudável planta que frutificou. E poderá direcionar a sua beligerância contra as árvores do governo que não dão frutos.