A humanidade sempre sofre com alguns fantasmas, são demônios que nos atormentam, os atuais são: uma guerra nuclear, a degradação ecológica, a corrupção moral e o decréscimo populacional

Todas as épocas da história tiveram os seus fantasmas. Alguns tiveram os seus exorcistas, outros não. Os homens têm sido vítimas dos profetas de desgraças. Um que alcançou grande notoriedade foi Thomas Malthus (1766-1834), matemático e economista britânico.

Malthus previa insuficiência de alimentos pelo crescente desequilíbrio entre uma população crescendo em escala geométrica e uma produção em escala aritmética. O mundo estaria, segundo ele, caminhando para a fome generalizada.

Outro foi Nostradamus, que teria previsto vários eventos importantes no mundo. Entre eles estão a Revolução Francesa, a Primeira Guerra Mundial, a criação da bomba atômica e as mortes da princesa Diana e do presidente dos EUA John Kennedy.

O malthusianismo foi exorcizado pelo aumento da produtividade no setor agropecuário. A fome existente hoje no mundo, ao contrário do que acontecia na Idade Média, não se deve à escassez de alimentos, mas do baixo poder aquisitivo de uma substancial parcela da população

Já os dirigentes do Partido Comunista Chinês, assustados com o fantasma de uma superpopulação impuseram, há décadas, um desumano controle sobre a natalidade. Temiam os comunistas uma ruptura do sistema político e econômico pelo excesso de chineses.

 Hoje, o mesmo partido, que se arrogava ao direito de violentar a liberdade individual, oferece estímulos financeiros para aumentar os nascimentos. Fracassou o pretendido controle demográfico.

O fantasma da superpopulação foi exorcizado com a decisão espontânea das mulheres de, por razões ponderáveis, não desejarem ter filhos. O fantasma mudou de roupa, agora ameaça com o ônus de uma população de anciões.

Com o desenvolvimento da bomba atômica, o fantasma era proliferação das armas nucleares, que poderiam cair no domínio de governos inconsequentes. Hoje o Irã, um Estado teocrático, dirigido por fanáticos, está próximo de ter a sua bomba. A Coreia do Norte vive de chantagear o mundo com uma ameaça nuclear. A China já é de todas a maior das ameaças. E sem esquecer da Rússia. Esta guerra é um fantasma que ainda não foi exorcizado. Uma conflagração com armas nucleares, em escala mundial, poderia ser o Apocalipse.

Outro fantasma que assusta milhões é o desequilíbrio ecológico. Alguns fenômenos naturais como o derretimento da calota polar, a elevação da temperatura, as chuvas torrenciais são dados usados para mostrar o risco que corre a humanidade, se não cuidar da natureza.

Houve épocas da história que também tiveram alterações ecológicas, às quais a natureza e a humanidade adaptaram-se. Estaríamos vivendo outra destas fases? Se sim, seria mais um medo alimentado pelos profetas de fantasmas.

Não só com fatos concretos que os demônios nos assustam. O fantasma da crise moral em que estamos mergulhando é, sem dúvida, um grande desafio. Ela é consequência da perda de identidade dos indivíduos. O ser humano virou um número, perdeu a personalidade, e sendo ninguém tudo lhe é permitido.

A concentração o populacional em grandes aglomerados, dezenas de milhares de habitantes em uma cidade e arredores, diluiu o efeito de contenção ao crime e à imoralidade. Nos pequenos povoados há uma coerção social. Todos se conhecem e esperam ser considerados. Além de ser mais fácil identificar um infrator e puni-lo. A modernidade, com a versão materialista, em que a ciência substituiu as religiões fez com que tudo seja permitido e nada seja pecado.

Em busca de exorcizar os fantasmas que ainda nos atormentam levantaria a hipótese de se apostar na volta às origens. Um mundo menor. O que passaria com aceitar que seria o decréscimo populacional (um dos atuais fantasmas), que exorcizaria todos os demais. Como dizem os gringos, “smal is beautiful”.