Se há um mal-entendido entre o público em geral é o referente à figura do dito mercado. Todos entendem o seu sentido quando se refere a um local físico em que se reúnem os mercadores e os compradores de alimentos e objetos. É algo concreto. Fácil de ver e explicar. Já o mercado no sentido figurado, que se ocupa das relações econômicas e financeiras, o seu funcionamento tem algo de mistério. Não é acessível aos neófitos que não entendem a existência de algo tão abstrato em que se processa a lei da oferta e da procura.

Eles ignoram que esse mercado é neutro. Nada têm a ver com as oscilações dos preços para mais ou menos. Por isto deblateram a sua existência e nele pretendem intervir. Esse  mercado, comparativamente falando,  é como um imaginário campo de esportes  em que  equipes disputam  partidas. Ele não influência nos resultados, mas os jogadores sim.Assim é o mercado financeiro ou de capitais. Os seus resultados são a consequência da ação dos seus agentes – todos nós. Quando uma dona de casa vai à feira e faz compras ela aumenta a procura; quando um feirante oferece os seus produtos ele aumenta a oferta. O preço é a resultante desse equilíbrio.

 É, portanto, a ação de todos os indivíduos que determinam as variações das cotações dos produtos como também  das ações, das moedas e dos juros. Isto em um mercado livre. As distorções acontecem quando as autoridades intervêm no processo.  Não há, pois, como jogar culpa no mercado pelos preços altos ou baixos, ofertas e escassez de produtos ou serviços. Esse mercado, portanto, não é causa mas efeito das ações humanas. Nós somos esse mercado.

Para o bom funcionamento do mercado o governo deve limitar-se a estabelecer regras que evitem desvirtuamentos e manipulação: cartelização, monopólio e  concorrência desleal. O mercado funciona melhor quanto menos interferência externa ocorrer. As suas imperfeições são passageiras. Elas corrigem-se com o tempo. O mercado, a exemplo da   justiça, “tarda, mas não falha”. Cabe ao governo estimular a concorrência e socializar as informações para coibir os abusos dos “jogadores”.

O mercado não se limita a oferta e procura de cousas e bens, mas também da mão de obra. Ainda agora estamos vendo os efeitos da restrição à  imigração nos Estados Unidos da América, que está provocando escassez de mão de obra. Uma economia pujante, crescendo constantemente, com um baixo índice de natalidade, funcionaria melhor se houvesse uma política liberal para aceitação de imigrantes. Ao contrário do que vêm acontecendo. Assim como uma região com sobra de mão de obra, necessita a emigração para corrigir o seu desequilíbrio. Uma em falta deveria facilitar a imigração.

O desequilíbrio da balança comercial

Há já alguns anos, os Estados Unidos enfrentam escassez de mão de obra. A taxa de desemprego vem se mantendo como a mais baixa dos últimos cinquenta anos. E o crescimento de novos empregos mantém-se elevado. Em consequência os salários sobem e pressionam os preços. O governo teria duas alternativas: liberar a imigração ou elevar as taxas de juros para conter a demanda. A escolha tem sido a de esfriar a economia em vez de abrir o país aos imigrantes. A imigração não é considerada na luta contra a inflação. E sim o arrefecimento do crescimento da economia.

O desdobramento dessa escolha é o desequilíbrio na balança comercial. Ao não importar o trabalhador, a opção tem sido importar produtos fabricados no exterior que tem mão de obra mais barata. Não por menos crescem nas prateleiras das lojas dos Estados Unidos os produtos importados. O bloqueio à movimentação das pessoas entre os países provoca um desequilíbrio nesse mercado. Além de conviver com 10 milhões de ilegais trabalhando no país.

A Alemanha, em situação de carência de mão de obra, adotou medida diametralmente oposto. Abriu as fronteiras para incorporar na força de trabalho 1 milhão de turcos. Com isto aliviou os custos da produção tornando a indústria alemã competitiva interna e externamente. E não onerou o consumidor local. A dicotomia é: ou o imigrante ou o produto importado. Intervir nas livre movimento das pessoas e dos bens é dar um tiro no pé.