A economia de escala refere-se à redução do custo médio de produção à medida que a quantidade de bens ou serviços produzidos aumenta, resultando em maior eficiência e competitividade.

O economista escocê Adam Smith (1723-1790), com a sua proposta da especialização, deu impulso a busca do aumento da produtividade (economia de escala) em todas as atividades humanas.

Ainda que a indicação original objetivasse as atividades econômicas, a ideia universalizou-se. A medicina, por exemplo, a levou  ao limite — segmentando os profissionais em partes do corpo humano ou da mente.

A disseminação da ideia fez o mundo reordenar todas as atividades econômicas, priorizando as vantagens competitivas decorrentes das vocações regionais, o que resultou na globalização.

 A globalização tornou-se um novo modus operandi, que revolucionou as relações entre nações e empresas. Produção, transporte e distribuição foram influenciados pelas vantagens comparativas.

A concentração das atividades segundo as vocações regionais ou humanas trouxe como resultado produtos e serviços de melhor qualidade e menor preço, beneficiando o consumidor e gerando oportunidades.

O terroir francês permite uma qualidade de vinho a um preço inferior ao produzido na Inglaterra ou Suíça. É mais econômico comprar vinho da França e vender ao país o que não produz. As vantagens são tão evidentes a ponto de superar o sentimento bairrista e as ideias ultrapassadas da fase do Mercantilismo.

Por uma generosidade da natureza, a grande maioria das regiões do mundo tem uma vocação a ser explorada. O deserto de Nevada, nos Estados Unidos, descobriu ser a liberdade geral a sua vocação, que resultou na cidade de Las Vegas, que tem a maior renda per capita do país.

Quem ignora as vantagens comparativas nada contra a correnteza. Porque é um desperdício econômico.

Como nenhuma região é autossuficiente , vivemos das trocas. Estas ensejaram a concentração das populações nas cidades. Quanto maior a população, maior a oportunidade de intercâmbio entre os seus habitantes. Mas, assim como os medicamentos têm efeitos colaterais, também os tem o crescimento populacional.

A deseconomia de escala

Enquanto, na fase inicial os benefícios da economia de escala beneficiaram os consumidores, dando às populações produtos a preços acessíveis, a evolução da medicina aumentou o tempo de vida. O resultado foi a explosão populacional, que se concentrou em grandes metrópoles.

A população mundial, desde a Revolução Industrial, vem crescendo em alta velocidade.

Países como China e Índia têm 1,5 bilhão de habitantes, cidades de milhões de habitantes há a centenas mundo afora.

Esta superpopulação está cobrando a sua conta: 1 — às pessoas: a queda da qualidade de vida pelo aumento da violência, trânsito congestionado, poluição geral e insociabilidade; e 2 — às empresas: escassez de insumos como água, energia, transporte e custo da mão de obra

A especialização e o consequente aumento da produção, como a mudança do campo para as cidades, foram importantes conquistas enquanto houve economia de escala. Depois de certo ponto, quando os custos aumentam mais  com a maior produção , há uma  deseconomia de escala. 

Os produtos ficam piores e mais caros; as cidades, enfrentam a deterioração das condições de vida: trânsito emperrado, pavimentação esburacada, custo elevado dos imóveis,  violência, poluição do ar, da água e das áreas públicas.

Se as deseconomias de escala nas atividades empresariais encontram solução na transferência para outro endereço, outra região, na superpopulação, a solução é um decréscimo populacional. A atual tendência da queda da natalidade poderá ser o fim da atual deterioração da qualidade de vida nas cidades.

O preço a ser pago para a desejada melhoria da qualidade de vida, ensejada pela mudança demográfica, será o custo do fim da atual bicicleta, que gasta com a previdência hoje por conta do crescimento populacional.

Thomas Malthus¹( 1766-1834) tinha parcialmente razão, o aumento demográfico seria o fim da humanidade, não por falta de alimentos como ele profetizava, mas por uma superpopulação, uma deseconomia de escala, que faria a vida inviável.

Nota

¹ A teoria de Malthus, também conhecida como malthusianismo, é uma teoria demográfica que postula que o crescimento da população humana (progressão geométrica) tende a ser maior do que o crescimento da produção de alimentos (progressão aritmética).