Dos últimos dezessete campeões mundiais, apenas dois venceram todos os jogos. Empatar com um México e ver o goleiro adversário ser destaque absoluto está longe de ser um mau sinal. Afinal, Copa é assim mesmo… por isso que é bom

rafael jardim

Quando acabou o jogo de terça, virei para um amigo e comentei: “Agora, ninguém vai ter medo do Brasil”. E ele respondeu: “Mas isso é bom”. E me convenceu disso. Realmente: em tese, não ter medo do Brasil significa sair da retranca e tentar atacar. E de fato: isso é sempre bom para a seleção.

Não apenas por isso, o empate pode ter sido a melhor coisa para o Brasil neste momento. Não que os nossos jogadores estivessem de salto alto, mas levar uma chacoalhada desta pode realmente servir para melhorar o nosso jogo, corrigir erros, voltar atrás em decisões erradas (hein Felipão…) e, em linhas gerais, ficar mais esperto.

Não dá pra dizer que o jogo da seleção foi péssimo. Fred e Paulinho, realmente, péssimos. Ramires, mal. De resto, ninguém jogou mal. E parece que ninguém percebeu: fazer gol na nossa seleção é muito, muito difícil. E Júlio César não foi tão exigido, mas deixou claro que está bem ligado. Sem deixar de mencionar: Bernard entrou bem, e ajudou a desatar o nó tático que vimos no primeiro tempo.

Quem se antecipou a dizer coisas como “tem nem perigo de levar o hexa jogando desse jeito” talvez desconheça a história das copas. De 1950 pra cá, apenas duas seleções ganharam todos os jogos: as brasileiras de 1970 e de 2002. Em 2010, a Espanha começou perdendo para a Suíça. E o time que eles chegaram a considerar o melhor de todos os tempos ganhou, das oitavas até a final, todos os jogos por 1 a 0 (e a final teve prorrogação). E só fez dois gols no Chile (que irônico) e em Honduras. Em 1982, a Itália campeã empatou os três primeiros jogos. Ou seja, Copa é Copa, e a primeira fase, ao contrário do que pensam, nunca é de jogos amistosos. E vamos combinar né, quando o melhor do jogo é o goleiro adversário, não dá para dizer que o time jogou, assim, tão mal. Fosse o Casillas…

A lógica diz que o Brasil vai melhorar. Costuma ser assim. A hora de o time ficar redondo é mais ou menos nas oitavas. E no nosso caso, vai ter que ser na marra. Seja Chile ou Holanda, pode anotar, a emoção vai começar pra valer nas oitavas.

Não há, enfim, razão para pessimismo. A maioria se esquece disto, mas Copa é assim mesmo. Por isso que é bom.