A inveja virtuosa é a de não se ser invejoso do mérito alheio
21 abril 2024 às 00h01
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É parte da natureza humana os sete pecados capitais: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça e soberba. Todos nós estamos sujeitos a estas tentações. Elas são tão inerentes à nossa constituição que podem ser generalizadas. Um ser normal tem dentro de si os elementos fundamentais destes sentimentos. O que pode alterar é a dosagem. Uns são mais … outros são menos pecadores. Os “mais”, os exacerbados, constituem uma anormalidade e por isto sao classificados como psicologicamente desequilibrados. Os “menos” são tidos como virtuosos.
Ainda que divirjam nas dosagens, todos esses pecados causam males a outros ou a si mesmo. Alguns afetam mais profundamente o seu portador como a gula, por exemplo Já um ciúme doentio interfere no relacionamento entre os envolvidos. Cada um deles tem as suas consequências. De todos, porém, é a inveja o que escreveu os piores capítulos da história. Segundo a Bíblia, Caim matou o irmão Abel por inveja.
A inveja vai ser destacada neste artigo por ser, talvez, dos pecados capitais, o que mais males causou à humanidade. Guerras entre nações, lutas entre diferentes pessoas, rixas familiares tiveram como estopim a inveja. As causas da inveja são incontáveis.
A origem da nossa inveja vem da somatória da nossa genética com a nossa educação. Há pessoas que ( parece ) já nascem invejosas. Outras desenvolvem este sentimento no convívio familiar e na sociedade. Todo o processo educativo na formação das personalidades – em casa e na rua – está baseado em uma competitividade que pode estimular a inveja.
Os educadores idolatram os vencedores, estimulando a competição. Além de que a nossa vida nos coloca com frequência em situações competitivas. Competimos nos estudos, nos esportes, pela namorada, pelo emprego…e , portanto, criando ambiente para a inveja, em nós ou nos outros.
No jogo da vida os vencedores e os vencidos podem desenvolver complexos — de superioridade ou inferioridade. O sentimento da inveja tem muito a ver com estes possíveis complexos . Os que são sempre vencidos tendem à amargura da inferioridade. Os sempre vencedores, ao complexo de superioridade, que é um passo para a soberba , o outro dos pecados capitais.
Ainda que intuitivamente os líderes fazem uso das nossas fraquezas, das tentações ao pecado, para a sua política de liderança. Eles conhecem bem a natureza psicológica das massas. Sabem o poder da inveja. Daí é um pulo para exploração deste que é o pior dos nossos instintos — a inveja. Injetam-na veia da grande massa contra os bem sucedidos na vida. Posicionam-se, para sedução dos eleitores, como aqueles que reduzirão a distância deles dos melhores sucedidos sócio e economicamente. Adotam o “nós” contra “eles” como slogan.
A luta de classes, que Marx via como a causa de todos os males do mundo, eliminada, acabaria com as desigualdades. Em não havendo desiguais estaria sepultado o pecado da inveja sob o ponto de vista sócio-econômico. Portanto, os demagogos, seguindo a cartilha do marxismo, não perdem a oportunidade de apontar as desigualdades existentes. Ainda que na prática foram os praticantes do marxismo que criaram mais desigualdades do que os sistemas que criticam. O socialismo é uma ideologia que se alimenta da inveja.
A inveja, portanto, tornou-se a principal arma dos populistas para vencer as eleições. Nenhum tema é mais acariciado pelos socialistas como apontar para a desigualdade econômica. Quando de fato de que o que deveria ser tratado com especial carinho é a eliminação da pobreza. O mal é a pobreza e não a desigualdade. E não se elimina a pobreza desestimulando o sucesso.O bem sucedido, se baseada no mérito , deve merecer a nossa admiração e não a inveja.
A inveja virtuosa é a de não se ser invejoso do mérito alheio.