É parte da natureza humana os sete pecados capitais:  avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça e soberba. Todos nós estamos sujeitos a estas tentações. Elas são  tão inerentes à nossa constituição que podem ser generalizadas.  Um ser normal tem dentro de si os elementos fundamentais destes sentimentos. O que pode alterar é a dosagem. Uns são mais … outros são menos pecadores. Os “mais”, os  exacerbados,  constituem uma anormalidade e por isto sao classificados como  psicologicamente desequilibrados. Os “menos” são tidos como virtuosos.

Ainda que divirjam nas dosagens, todos esses pecados  causam males a outros ou a si mesmo. Alguns afetam mais profundamente o seu portador como a gula, por exemplo  Já um ciúme doentio interfere no relacionamento entre os envolvidos. Cada um deles tem as suas consequências. De todos, porém, é a inveja o que escreveu  os piores capítulos da história. Segundo a Bíblia, Caim matou o irmão Abel por inveja.

A inveja vai ser destacada neste artigo por ser, talvez,  dos pecados capitais, o que mais males causou à humanidade. Guerras entre nações, lutas entre diferentes pessoas, rixas familiares tiveram como estopim  a inveja.  As causas da inveja são incontáveis.

A origem da nossa inveja vem da  somatória da nossa genética com a nossa educação. Há pessoas que ( parece ) já nascem invejosas. Outras desenvolvem  este sentimento no convívio familiar e na sociedade. Todo o processo educativo na formação das personalidades  – em casa e na rua – está baseado em uma competitividade que pode estimular a inveja.

Os educadores idolatram os vencedores, estimulando a competição. Além de que a nossa vida nos coloca com frequência em situações  competitivas. Competimos nos estudos, nos esportes, pela namorada, pelo emprego…e , portanto, criando ambiente para a inveja, em nós ou nos outros.

No jogo da vida  os  vencedores e os vencidos  podem desenvolver complexos — de superioridade ou inferioridade. O sentimento da inveja tem muito a ver com estes  possíveis complexos . Os que são sempre vencidos tendem  à amargura da inferioridade. Os sempre vencedores, ao complexo de superioridade, que é um passo para a soberba , o outro dos pecados capitais.

Ainda que intuitivamente os líderes fazem uso das nossas fraquezas, das tentações ao pecado, para a sua política de liderança. Eles conhecem bem a natureza psicológica das massas. Sabem o poder da inveja. Daí é um pulo para exploração deste que é  o pior dos nossos instintos — a  inveja. Injetam-na veia da  grande massa contra os bem sucedidos na vida. Posicionam-se, para sedução dos eleitores,  como aqueles que reduzirão  a distância deles  dos melhores sucedidos sócio e economicamente. Adotam o  “nós”  contra  “eles” como slogan.

A luta de classes, que  Marx via como a causa de todos os males do mundo, eliminada,  acabaria com as desigualdades. Em não havendo desiguais estaria sepultado o pecado da inveja sob o ponto de vista sócio-econômico. Portanto, os demagogos, seguindo a cartilha do marxismo, não perdem a oportunidade de apontar as desigualdades existentes. Ainda que na prática foram os praticantes do marxismo que criaram mais desigualdades do que os sistemas que criticam. O socialismo é uma  ideologia que se alimenta da inveja.

A inveja, portanto, tornou-se a principal arma dos populistas para vencer as eleições. Nenhum tema é mais acariciado pelos socialistas como apontar para a desigualdade econômica. Quando de fato de que o que deveria ser tratado com especial carinho é a eliminação da pobreza. O mal é a pobreza e não a desigualdade. E não se elimina a pobreza desestimulando o sucesso.O bem sucedido, se baseada no mérito , deve merecer a nossa  admiração e não a inveja.

A inveja virtuosa é a de não se ser invejoso do mérito alheio.