É inegável a influência do ex-prefeito dentro do PSDB goianiense, mas veto a nome do PTB tem efeito contrário

Ex-prefeito Nion Albernaz: sem poder de veto dentro da base aliada marconista?
Ex-prefeito Nion Albernaz: sem poder de veto dentro da base aliada marconista?

Não há nenhuma dúvida sobre a enorme in­fluên­cia que exerce o ex-prefeito tucano Nion Albernaz dentro do PSDB de Goiânia. Além de contar com o apoio direto de inúmeros ex-auxiliares de seus três governos (1982/1985, 1989/1992, 1997/2000) que povoam o diretório metropolitano do partido, Nion se tornou o conselheiro-mor do ninho desde que espontaneamente resolveu se aposentar na disputa direta por mandatos. Mas o que se percebe claramente é que essa influência de Nion não extrapola os limites do PSDB da capital.

Ainda, e eternamente, ressentido com a duríssima campanha eleitoral de 1996 contra o PT do então prefeito Darci Accorsi (falecido) e principalmente Luiz Bittencourt, então no PMDB, Nion não gostou nem um pouquinho do lançamento do nome do rival pelo PTB à Prefeitura de Goiânia. Não apenas não gostou como fez questão de anunciar esse descontentamento publicamente, fora portanto dos limites de seu partido.

Na prática, qual o efeito desse veto em relação à possível candidatura de Bittencourt a prefeito de Goiânia no ano que vem? Inicial­men­te, é óbvio que a posição do ex-prefeito vai pesar bastante dentro do PSDB. Ou seja, dificilmente o petebista terá apoio dos tucanos. Mas isso para nesse ponto. Nion não tem tanta influência assim entre os demais partidos que fazem parte da base aliada estadual. Pior ainda: o veto reforça a posição do PTB já que valoriza a candidatura de Bittencourt numa inevitável conclusão: se houve a manifestação de um tucano tão importante como Nion, é porque existem realmente plenas condições de o partido conseguir viabilizar a sua candidatura. O veto acaba funcionando como um incentivo, exatamente o sentido oposto da intenção.

Sempre se soube que Luiz Bittencourt teria enormes dificuldades para obter apoio no ninho tucano. A campanha de 1996 foi realmente um dos embates eleitorais mais duros de todos os tempos, e teve em Bittencourt um de seus protagonistas, não apenas no primeiro, mas também no segundo turno. O curioso nessa história é a volta que o mundo dá dentro dos fatos políticos. Naquela eleição, Nion se posicionava como francamente favorito, o que se confirmou na urnas nos dois turnos, mas para ser candidato pelo PSDB, onde havia chegado em 1994 após um enorme quiprocó dentro do PMDB, ele teve que superar outro concorrente interno: Jovair Arantes. Agora, é exatamente Jovair quem provoca a candidatura de Bitencourt, não como vingança, mas como real alternativa de seu partido, o PTB.

Por outro lado, essa questão do veto poderá ter desdobramentos. Nion deixou o PMDB na época por discordar, e de certa forma contrariar, o modo como Iris Rezende sempre dirigiu o partido. Ele deveria ser o candidato natural do PMDB ao governo do Estado em 1994, mas foi vetado pelos iristas, que apoiaram a dupla Maguito Vilela/Naphtali Alves. Sem espaço, buscou refúgio no PSDB e se tornou uma das principais figuras da oposição em 1998, quando Marconi Perillo venceu a disputa contra Iris Rezende pela primeira vez.

Diante disso, levando em conta que o PTB acredita nas chances eleitorais de Luiz Bittencourt, e vai fazer o possível para confirmar a sua candidatura dentro de uma linha amigável em relação à base aliada estadual, e que o PMDB poderá lançar mais uma vez a candidatura de Iris Rezende, qual seria a posição do PSDB goianiense em um eventual segundo turno entre Iris e Bittencourt? Provavelmente, Nion lavaria as mãos, e não apoiaria nem um e nem o outro, mas e o diretório do PSDB, se manteria fiel ao veto do ex-prefeito?

São questões pertinentes que apenas o tempo poderá responder. No momento, a pouco menos de um ano das eleições municipais, a única coisa que se sabe é que quatro partidos da base aliada estão se movimentando, PSDB, PTB, PSD e PSB, e que o PMDB continua dependente da candidatura de Iris Rezende para se manter ativo na capital do Estado.

A confusão é grande apenas no PSDB. Há inúmeros possíveis candidatos. A começar pelo deputado federal Delegado Waldir Soares, campeoníssimo de votos no ano passado e que fala abertamente que topa até migrar para outra sigla qualquer para confirmar sua candidatura a prefeito. Além dele, e não exatamente nessa ordem, aparecem o presidente da Agetop, Jayme Rincón, e os também deputados federais Giuseppe Vecci e Fábio Souza. A disputa dentro do ninho segue absolutamente embolada.

Nos demais partidos, os nomes que estão colocados não enfrentam disputas internas. O deputado estadual Virmondes Cruvinel foi apresentado pelo PSD. No PSB, a liderança interna de Vanderlan Cardoso, e sua sintonia fina com a senadora Lúcia Vânia, é inquestionável. Pelo PTB, Luiz Bittencourt não tem rivais. E assim caminham os partidos da chamada base aliada estadual.

Já o PMDB não tem como escapar de nova candidatura de Iris Rezende, a não ser que o partido decida se manter como caudatário do até agora parceiro PT, que parece mesmo disposto a bancar candidato próprio à sucessão do prefeito petista Paulo Garcia. Entre os estrelados, o nome mais cotado atualmente é o da deputada estadual Adriana Accorsi, que estreou nas urnas no ano passado.