Quem leva vantagem?
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A base aliada estadual tem maior número de opções para as eleições de Goiânia no ano que vem, mas PMDB tem a referência Iris Rezende
O que é melhor do ponto de vista da perspectiva de poder em uma eleição: ter várias opções de candidatos com grande potencial eleitoral ou ter apenas uma, mas que se coloque como principal referência da eleição? Essa é a atual situação para a disputa da Prefeitura de Goiânia no ano que vem. A base aliada estadual conta com inúmeras e boas opções, mas o PMDB tem o grande trunfo, Iris Rezende. E ao contrário do que se imagina, não existem favoritos destacados previamente, nem mesmo Iris. Não chega a ser um jogo com todo mundo “japonês”, mas ninguém larga na corrida sucessória com pinta de imbatível.
Mas, calma, nem Iris Rezende, se realmente disputar mais uma vez a Prefeitura, não pode ser considerado favorito disparado? Aí é que está o nó dessa questão. Que Iris é sem qualquer dúvida a principal referência que se tem hoje do cenário da disputa é inquestionável. O problema são as condições atuais que vão compondo aos poucos o cenário da sucessão.
Iris terá pela frente uma baita encrenca à espera de solução. E uma solução que seja boa, porque poderá interferir diretamente no resultado das eleições. Afinal de contas, ele será candidato como aliado do prefeito Paulo Garcia (PT) ou vai tentar se infiltrar no campo oposicionista, abandonando o herdeiro que ele próprio ajudou a eleger em 2012? Não é uma coisa simples definir essa situação.
Na história, raríssimas vezes um padrinho conseguiu voltar a ser eleito na disputa imediatamente posterior rompendo politicamente às vésperas da eleição. O melhor e mais acabado exemplo desse fato ocorreu em São Paulo. O então prefeito Paulo Maluf, no auge da popularidade, indicou seu sucessor, Celso Pitta, e o avalizou firmemente nas eleições de 1996. Exatamente igual aquilo que ocorreu em Goiânia em 2012, com Iris e Paulo Garcia. O governo de Pitta não foi tão bem como havia sido o de seu padrinho. E aqui também as semelhanças são inquestionáveis.
Maluf tentou voltar ao comando nas eleições de 2000. Ele conseguiu passar para o segundo turno raspando na trave. Geraldo Alckmin, terceiro colocado naquela eleição, ficou com somente 0,14% de votos a menos que Maluf. Marta Suplicy, do PT, nadou de braçada, e ganhou tanto o primeiro como o segundo turnos com sobras, se elegendo prefeita.
É isso o que pode ocorrer com Iris Rezende no ano que vem em Goiânia? Pode, mas não significa que a história vai se repetir. Cada eleição é uma eleição, e “ene” fatores pesam e levam o eleitor a se definir por este ou aquele lado. No caso de Iris, o problema é exatamente esse: não saber claramente para que banda o eleitor vai pender. Se for para o lado dele, a possibilidade de a eleição acabar logo no primeiro turno é muito grande. Se não, se a coisa ficar minimamente equilibrada, aí Iris correrá o risco de um grande fiasco, como nem ao menos chegar ao turno final.
Mas e se a administração Paulo Garcia encontrar o prumo e se recuperar perante a opinião pública? Claro que isso seria ótimo para Iris, mas dificilmente esse milagre vai acontecer. É quase impossível melhorar o humor dos eleitores com o país inteiro mergulhando numa crise econômica como essa que está se formando em Brasília, e que já começou a contaminar negativamente os desempenhos dos Estados e municípios. E este era o exatamente o ano da esperança para a plena recuperação do governo de Paulo Garcia. Basta uma simples olhada para o calendário para perceber que o tempo virou fumaça: metade do ano já foi. E do ponto de vista do tal ajuste fiscal do governo federal, o torniquete ainda nem começou a apertar pra valer.
Ou seja, a possibilidade de Paulo Garcia e sua administração se tornarem importantes cabos eleitorais no ano que vem é praticamente nula. Pior do que isso. Num cenário francamente pessimista, não se pode descartar exatamente o oposto: ser um cabo eleitoral daqueles que todos os candidatos vão querer se manter em relativa distância. É nesse campo em que a candidatura de Iris Rezende está, e é isso que ele terá que trabalhar para resolver bem.
Já o campo adversário, principalmente a base aliada ligada ao governo Marconi Perillo, tem inúmeros nomes muito bons e com boas perspectivas do ponto de vista do potencial de crescimento. Mas também não é nenhuma “Brastemp”. Teoricamente, o melhor entre eles é o do ex-prefeito de Senador Canedo e ex-candidato oposicionista ao governo do Estado Vanderlan Cardoso. Seu desempenho nas eleições estaduais em Goiânia são um ótimo cartão de visita. O problema é que ele está chegando somente agora na nau governista. É óbvio que vai pintar ciumeira danada. Aliás, já pintou. Como resolver isso? Confirmando-se como um dos favoritos logo de cara. Se ele surgir no meio do bolo, com destaque, mas sem larga vantagem sobre os demais colegas do grupo governista, aí a situação pode se complicar. Se não, se ele se destacar realmente, como se imagina, a tendência é que o ciúmes dê lugar ao bom senso e ao instinto de sobrevivência eleitoral.
Outro nome fortíssimo é o da senadora Lúcia Vânia. Não há dúvida de que é ela quem tem mais estofo e bagagem para enfrentar uma disputa acirrada como a que deverá ocorrer em Goiânia no ano que vem. Mas nem é válido citá-la. Os planos da senadora ainda tucana, que está com as malas afiveladas para se mandar para o PSB, é se preparar nos próximos quatro anos para buscar nova reeleição para o Senado.
No PSDB, uma lista variada e enorme de potenciais candidatos pululam pra todo lado e pra todos os gostos. Vai do deputado Delegado Waldir ao deputado e pastor Fábio Sousa, ambos políticos em ascensão. Tem ainda o presidente da Agetop, Jayme Rincón, que pegou gosto pela política e é o tucano de bico mais afiado para embates sem tréguas. Se a disputa descambar para a pancadaria, ele passa a ser o grande nome do partido.
Um nome no aliado PSD é o também deputado Thiago Peixoto (PSD), fortíssimo enquanto formulador de ideias e debatedor com grande conteúdo.
Por fim, a base aliada também tem uma bela encrenca para resolver: qual é a melhor fórmula para enfrentar e vencer na capital de Goiás, com chapa única, significando uma união ampla e total da base, ou com pelo menos duas chapas, visando dividir as atenções do eleitorado e criando condições para uma definição apenas no segundo turno? Adotar a melhor solução para essa questão é fundamental. O jogo, definitivamente, vai ser bom e intenso.