Olavo de Carvalho insinua que João Cezar de Castro Rocha não teria dado entrevista ao Jornal Opção
22 março 2020 às 00h00

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Ao rebater informações dadas por professor doutor da UERJ em entrevista publicada no dia 8 de março, filósofo brasileiro reforçou hipóteses levantadas por docente
https://www.youtube.com/watch?v=9jsIGDSnwGA&feature=youtu.be
O filósofo e astrólogo Olavo de Carvalho resolveu atacar em duas diferentes oportunidades o professor de Literatura Comparada da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), doutor João Cezar de Castro Rocha, na semana passada.
A primeira foi em seu Curso On-line de Filosofia (COF), ao dizer que a entrevista concedida ao Jornal Opção e publicada na edição 2.330 trata-se de uma “obra coletiva”, feita a várias mãos. Na segunda vez, em entrevista gravada ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, chamou o docente de “besta quadrada” e “analfabeto” por dizer que a guerra cultural bolsonarista está baseada no livro “Orvil”.
Olavo insiste que o texto não tem a oralidade de uma entrevista e, pela extensão, trata-se de um “press release”. Se Ovalo de Carvalho soubesse minimante as regras de elaboração de um release, saberia que um material de divulgação jornalística elaborado por uma assessoria de imprensa ou comunicação não poderia ter mais do que uma página.
Press release?
“O verbo dominante nos vídeos dos intelectuais bolsonaristas é eliminar. E o substantivo é limpeza”
A informação precisa ser curta e direta para que desperte o interesse da produção ou redação de um veículo de comunicação para cobrir o evento, convidar determinado especialista para falar sobre o assunto ou conseguir pautar uma matéria.
Como não teria como ser um “press release”, como sugere da forma mais do que falsa e equivocada o filósofo, vamos analisar a possibilidade de uma entrevista ser “uma obra coletiva”. Se Olavo de Carvalho acompanhar as entrevistas das edições semanais do veículo, verificará que as publicações são realmente grandes, assim como a que ele teve o cuidado de imprimir em papel A4 e teria dado um total de “20 páginas”.
Mentira
Para espanto do filósofo, eu mesmo fiz a entrevista por telefone e gravei. Aproveitei o final da tarde da terça-feira 3 de março, quando João Cezar aguardava um voo entre uma conexão e outra. Entrevistei o professor sozinho por quase duas horas. A ligação foi encerrada porque o docente da UERJ precisava embarcar.
Todas as falas de João Cezar de Castro Rocha foram ditas por ele. O único cuidado que tomamos, o que é feito com qualquer entrevistado, é corrigir, na edição do material transcrito, se há erros de digitação, concordância ou frases que dificultem o entendimento do leitor.
Já que Olavo de Carvalho não é jornalista, mas sim astrólogo e filósofo autodidata, vale reforçar que o mínimo que se exige de um profissional da comunicação é ouvir o que um entrevistado tem a dizer e ser fiel ao que foi dito. Aqui não interessa se o entrevistador concorda ou não com o conteúdo das hipóteses, pesquisas, livros ou afirmações da fonte.
Alunos de Olavo
Inclusive, eu também já entrevistei alunos do filósofo Olavo de Carvalho e, assim com fiz com o professor João Cezar, fui fiel às declarações das fontes ouvidas para matérias ou entrevistas. Aproveito para deixar aqui, Olavo, o espaço aberto para que também conceda uma entrevista ao Jornal Opção.
Garanto que se surpreenderá com o fato de que não haverá distorção às palavras ditas por você ao veículo, coisa que tanto o espantou ao ler – imagino que tenha lido toda a entrevista de “20 páginas” – as declarações de João Cezar de Castro Rocha, que foram fielmente reproduzidas, com o devido zelo que cabe a um jornalista.