Mas… Já?

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É incrível como a base aliada se une fortemente na disputa pelo governo do Estado e vive aos trancos e barrancos na disputa pela Prefeitura de Goiânia

Se Sigmund Freud estivesse vivo, certamente ele se dedicaria algum tempo ao comportamento bipolar da base aliada em Goiás. É incrível como essa mesma base dá aulas de como se unir e se fortalecer nas disputas estaduais e se esfrangalha toda dois anos depois nas disputas pela Prefeitura de Goiânia. Desde 1996, quando o professor Nion Albernaz liderou uma inédita coalizão das forças de oposição ao PMDB/PT em Goiânia, nunca mais esse grupo conseguiu repetir esse comportamento.
Não que a união implique necessariamente vitória. Claro que não. Ao contrário do que ocorre nas eleições estaduais, o goianiense adora disputas eleitorais com polarização tripla. Isso significa que, mesmo unida, a base aliada pode perder feio. De qualquer forma, é obviamente muito mais complicado vencer se não houver união.
O engraçado é que todo mundo sabe disso. Não é segredo pra ninguém, mas a cada eleição se repete o cenário complicado de troca de farpas, corpo mole e desentendimento amplo dentre as forças da base aliada, e derrota. O quadro geral das perspectivas da base aliada estadual em Goiânia, inclusive, só tem piorado.
Em 2004, por exemplo, nenhum de seus candidatos chegou ao segundo turno, disputado entre Iris Rezende, do PMDB, e Pedro Wilson, do PT. Em 2008 e 2012 nem sequer houve necessidade de dois turnos para definir a eleição. E… E nada. Nem bem se inicia o processo em direção às eleições de 2016 e já começa a lengalenga belicosa na base aliada.
Com o notável desempenho no terceiro mandato de Marconi Perillo, o nome de Jayme Rincón aparece naturalmente como potencial candidato pela base aliada. E já surgem as primeiras reclamações. Por quê? Ninguém consegue entender. Não pelas vias normais do raciocínio político lógico. Seria até compreensível uma disputa interna intensa se a disputa fosse hoje, agora, e contra o prefeito Paulo Garcia. O desgaste na imagem dele é inegável. Mas não é e nem será assim.
Primeiro porque a disputa se dará somente em 2016, e nada impede que Paulo se recupere, se não completamente, pelo menos boa parte da imagem arranhada.Segundo, e definitivamente, porque Paulo Garcia não será candidato. Ele foi reeleito em 2012. Portanto, dentro de dois anos, o prefeito, bem ou mal, não será candidato.
O que isso significa? Que vem gente nova por aí. Pelo menos em relação ao que aí está no Palácio do Cerrado Venerando de Freitas Borges. Pode ser o velho Iris Rezende?
Pode, claro. A política é uma das poucas atividades humanas em que a idade conta menos que a disposição. E Iris, evidentemente abatido neste momento pela derrota que sofreu no ano passado, vai se apresentar “zero bala” em 2016. Para ser candidato novamente ou para bancar alguma candidatura de seu grupo.
E o PT? É inegável também, tanto quanto o desgaste na imagem atual de Paulo Garcia, que o partido virá para a eleição com gente nova. Fala-se pelo menos de três nomes: dos deputados estaduais Humberto Aidar e Adriana Accorsi, e do ex-reitor da UFG e candidato derrotado a deputado federal Edward Madureira. Qualquer um deles é forte, tem apelo e condições de montar uma boa estratégia de marketing eleitoral. É óbvio que o trabalho deles poderá ser facilitado ou não pelo atual prefeito. Se ele se recuperar, ajuda. Se não, é evidente que vai prejudicar.
Fora isso, não se de descartar automaticamente uma nova aliança entre PT e PMDB, não necessariamente nessa ordem. É um jogo meio complicado esse, mas pode ser jogado, sim. A tal história de que em política tudo pode acontecer, inclusive nada. E nesse tudo, deve-se incluir também a possibilidade da candidatura de Vanderlan Cardoso (PSB), que igualmente tem condições de se posicionar bem na disputa.
Enquanto isso, na base aliada começam a surgir os resmungões. Agora, o chororô é contra a colocação do nome de Jayme Rincón. Ora, se o nome dele vai emplacar ou não é outra história. Se emplacar, deve ser ele o candidato. Se não, vai ser outro. Matar e morrer para ser candidato dentro da base aliada estadual, repita-se, desde 1996, é um péssimo negócio. Mais à frente, outros nomes vão ser trabalhados, certamente. E aí o barulho de mercado persa vai tomar conta de vez da base aliada. Ou será que desta vez será diferente? Este começo tá igualzinho. Pode ser que o desenrolar do enredo se revele diferente.