José Vitti se consolida no PSDB

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Presidente da Assembleia Legislativa aproveita interinidade no Palácio das Esmeraldas para apresentar-se à base aliada

Reuniões, visitas e conversas com outras lideranças políticas e empresariais pelo deputado José Vitti – num ritmo absolutamente frenético – causou surpresa em inúmeros setores do próprio PSDB, que não conheciam exatamente a desenvoltura com a qual ele desempenha seu papel político. Para os deputados estaduais, nenhuma surpresa. Vitti sacudiu a Assembleia Legislativa, pacificando completamente o Legislativo estadual, logo após sua pose na Presidência, no início deste ano. Por sinal, foi exatamente esse novo dimensionamento político que foi impregnado na Assembleia que fez dele uma aposta fácil do governador Marconi Perillo em relação à renovação do PSDB. Com a interinidade no Palácio das Esmeraldas durante viagem do governador ao Uruguai, Paraguai e Argentina, e licença do vice-governador José Eliton no mesmo período, as demais lideranças de toda a base aliada também passaram a conhecer Vitti.
Mas qual é o objetivo imediato de Vitti ao agir da forma como vem agindo? Nada demais, ao contrário do que algumas lideranças chegaram a enxergar. Ele não quer e não vai se oferecer à base aliada como candidato ao governo em 2018. Sua meta é somente tentar a reeleição. O presidente da Assembleia, sempre que o assunto é colocado diretamente ou insinuado, é bastante claro em relação à sucessão de Marconi. Ele apóia declaradamente a candidatura do vice-governador José Eliton.
Essa posição simples e peremptória compõe exatamente o perfil político do presidente da Assembleia Legislativa. No biênio 2015/2016, ele exerceu a liderança do governo, uma tarefa espinhosa numa fase em que o Palácio das Esmeraldas promoveu profundos cortes e ajustes na máquina administrativa. Com bastante habilidade, e respeito às posições e opiniões individuais, ele atravessou o período sem criar arestas, inclusive com os deputados e deputadas da oposição. No lugar do rolo compressor governista que geralmente se vê nos Legislativos, Vitti jogou com a liderança, permitindo assim a convivência, embora em campos opostos, entre governistas e oposicionistas.
Internamente, após a sua eleição e antes de sua pose na Presidência, jamais se viu tanta discrição. Mesmo na semana da posse, ninguém tinha a menor noção de como ele montaria a estrutura administrativa da Assembleia. Ele próprio ainda hoje não diz porque agiu dessa forma, mas pessoas próximas a ele comentam que foi uma forma de respeitar o ex-presidente Hélio de Souza. Qualquer vazamento sobre novos diretores ou mudança na estrutura organizacional fatalmente causaria o esvaziamento daquela administração. É este o seu estilo.
Para o PSDB, a consolidação de José Vitti é uma ótima notícia. Empresário bem sucedido, ele gosta de tecnologia, inovação e planejamento, que são características que o partido, através dos governos Marconi, impregnou no Estado, inclusive como contraponto aos governos do PMDB. Esse é o aspecto que faz da ascensão de Vitti internamente um bem danado para o ninho tucano. Ao escapar naturalmente da fragilidade da acomodação política e administrativa, que muitas vezes amplia a área de conforto, o presidente da Assembleia tornou-se um interlocutor sintonizado com o comando de Marconi Perillo, principal elã de toda a base aliada estadual.
Esse conjunto, evidentemente, embora com destinação imediata em 2018 visando a reeleição, começa a gerar no PSDB a possibilidade de iniciar um trabalho estrutural para as eleições municipais de 2020, especialmente em Goiânia. A última vez que um tucano disputou a prefeitura da capital foi em 2000, com a então deputada federal Lúcia Vânia, hoje senadora do PSB. É um caminho ainda bastante longo e cheio de armadilhas. Passa necessariamente pela reeleição do deputado no ano que vem. Se José Eliton também conseguir êxito na disputa pelo governo estadual, o cenário estará claramente montado para prosseguir rumo à eleição de prefeito.
Em outras palavras, a base aliada não apenas mira a eleição do ano que vem, como já inicia os primeiros movimentos internos visando a sucessão do prefeito Iris Rezende. Na outra ponta, enquanto isso, os opositores não sabem nem ao menos quem será o candidato ao governo em 2018. É algo para se pensar. l