Gomide pode empurrar eleição para o 2º turno
COMPARTILHAR
Cruzamento de informações mostra que, sem petista, Marconi Perillo poderia até vencer já no 1º turno
Para a esmagadora maioria do mundo político, pesquisas eleitorais se resumem a um ou no máximo dois quadros: o geral e algum cruzamento sobre segundo turno. Um olhar mais apurado e detalhado, porém, revela inúmeras informações que ficam “escondidas” dos holofotes, embora estejam ali. E há um manancial quase inesgotável de observações nos cruzamentos inseridos nos levantamentos estatísticos.
Grosso modo, a visão que se tem hoje é que Marconi Perillo lidera a corrida eleitoral e Iris Rezende aparece em segundo. É uma visão correta. Os números estampam isso de forma categórica. E também está claro, conforme a pesquisa Fortiori/Jornal Opção publicada na última semana, que há grande possibilidade neste momento de um segundo turno entre esses dois candidatos. O Fortiori também afirmou que se o tira-teima entre Marconi e Iris fosse agora, o governador seria reeleito com uma margem de 5% dos votos totais — 43% a 38% —, ou 6,2% dos votos nominais válidos — 53,1% a 46,9%.
Essas são as informações claras que estão estampadas nas duas tabelas da pesquisa Fortiori/Jornal Opção. As demais observações devem ser procuradas em outros pontos do levantamento, em outras tabelas. É necessário atentar para alguns fatos que podem se constituir como um quadro de informações paralelas que desvendem a exata dimensão do papel de cada candidato na formação e tendência atual do universo pesquisado.
Introspectando completamente toda a pesquisa Fortiori/Jornal Opção, é possível afirmar que os números são inquestionáveis em relação a dois fatores. Primeiro, que as candidaturas Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT) são, no atual momento da corrida sucessória, os agentes causadores de um segundo turno. Por último, que entre um e outro, é Gomide, e não Vanderlan, quem aparece como principal agente dessa causa, o segundo turno.
Complicado? Realmente, parece mesmo um nó: como entender que o último e não o terceiro colocado na pesquisa é que se coloca como principal componente de uma possível segunda etapa na eleição? É aqui que entram as tais informações que geralmente passam longe dos holofotes principais, os cruzamentos detalhados regionais.
As pesquisas são publicadas de forma resumida para que todos as entendam de pronto. Os detalhamentos, além de transformar a informação num emaranhado de pouco ou quase nenhum apelo de leitura, são apresentados na forma de extenso relatório.
A pesquisa Fortiori/Jornal Opção, por exemplo, contém nada menos que 36 páginas. Só a pesquisa para o governo do Estado resultou num total de 46 gráficos. Destes, apenas oito foram publicados: quadro geral espontâneo, quadro geral estimulado com os quatro candidatos, rejeição, três simulações de segundo turno e duas simulações com três candidatos. Esses são os gráficos que mostram a espinha dorsal de uma pesquisa. Os demais apenas detalham esses conteúdos, mas são nesses outros que se percebem outras informações relevantes de uma pesquisa.
Este é o caso da migração de votos quando é simulado o segundo turno e os cruzamentos das situações em que se retirou do quadro geral pesquisado os nomes de Vanderlan e Gomide. Observando-se cada composição, é possível perceber claramente como os eleitores desses dois candidatos se comportam, neste momento, sem a citação de seus titulares.
Majoritariamente, os eleitores de Vanderlan se concentram mais em Goiânia e na região Central do Estado. Quando seu nome não é pesquisado, Iris recebe 2% desses eleitores na região Central, contra 3% de Marconi, e 7% em Goiânia, contra 1% de Marconi. Nessas mesmas regionais da pesquisa, os eleitores migram fortemente para Marconi quando se retira o nome de Gomide. Só na região Central, onde se inclui Aparecida e Anápolis, o governador cresce oito pontos, contra apenas três pontos de Iris Rezende. Nota-se, portanto, que se Gomide não estivesse no páreo, Marconi avançaria mais sobre esse eleitorado do que Iris e Vanderlan, e ficaria com 48,1% dos votos válidos. Com Gomide e sem Vanderlan, os votos válidos de Marconi recuariam para 46,9%.
A candidatura de Gomide, do ponto de vista da intenção de Iris Rezende, de levar a eleição para um segundo e decisivo turno, é mais importante do que a de Vanderlan Cardoso. Sem ele, e novamente com base nas fartas informações da pesquisa por região, o eleitorado de Anápolis provavelmente migraria fortemente para Marconi, exatamente como aconteceu nas eleições anteriores.
Obviamente, pesquisa é reflexo da situação atual, e não projeção sobre dados futuros. Neste momento é assim. Até outubro, tudo pode acontecer. Inclusive, nada.