Exército sem general

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A posição natural de principal avalista das propostas oposicionistas para o governo do Estado em 2018 é de Iris Rezende. O problema é que a atual administração, em Goiânia, não conseguiu se desgarrar das crises

A oposição goiana corre o risco bastante sério de não poder contar com um timoneiro, um guia ou referência interna para chegar ao público externo. Essa posição seria naturalmente de Iris Rezende, mas a sua administração em Goiânia, seja como resultado de herança dos governos imediatamente anteriores, seja pela grave crise econômica que o país enfrenta e que não permite a velha solução de aumento de receita via elevação de impostos, não tem conseguido deslanchar e agradar de maneira geral o eleitorado goianiense. Se é comumente aceito como verdade absoluta que Goiânia é a grande caixa de ressonância político-administrativa do Estado, então esse problema ganha contornos definitivos.
Mas existe mesmo a necessidade de um guia, o tal general, das forças oposicionistas, especialmente aquelas representadas pelo maior partido, o PMDB? Pode não ser absolutamente decisivo uma figura assim, mas representa um fator bastante positivo quando se tem. A questão aqui é que os candidatos da oposição vão se apresentar para os eleitores somente com discursos, enquanto o candidato governista vai carregar o ônus, mas também os bônus, representados pela entrega de obras e pelo grande leque de programas de proteção e inserção social, que começaram a ser implantados em todo o Estado desde o primeiro governo de Marconi Perillo, no período 1999/2002. Em outras palavras, os opositores vão falar, enquanto o candidato governista vai falar e também apresentar os resultados que julgar positivos.
É claro que Iris Rezende, pela sua liderança em Goiânia e pelo seu longo histórico, é a referência natural, mas não é a única. O ex-governador e ex-prefeito de Aparecida Maguito Vilela poderá substituir o líder maior nessa tarefa. Mas aqui entraria um outro aspecto: quem será o candidato do PMDB — ou apoiado pelo partido, no caso de uma coligação caudatária e não protagonista? Se for Daniel Vilela, único nome lançado no mercado político oposicionista pelo partido até agora, o aval de Maguito estaria enfraquecido. Seria o pai defendendo uma possível vitória eleitoral do filho, o seu herdeiro em todos os sentidos, inclusive no patrimônio político. O apoio de Maguito como referência seria melhor aproveitado se o candidato não tiver esse laço familiar.
E, nesse caso, sai a brasa e entra o fogo. O único outro candidato desse eixo político que também está à disposição do mercado eleitoral desse ramo oposicionista é o senador Ronaldo Caiado, presidente regional do DEM, que conta com adeptos entre alguns peemedebistas. Caiado e Maguito não se bicam, definitivamente, desde a campanha pelo governo do Estado em 1994. Além disso, o ex-governador teria que ser desprendido muito mais do que se pode imaginar para vê-lo apoiando exatamente aquele que derrotou seu filho Daniel na corrida interna. Para fechar, Caiado é próximo de Iris Rezende, e representa o novo irismo com poder de fogo e de voto.
Obviamente, um cenário encrencado como esse, em tese, não favorece a oposição, mas a eleição não se vence de véspera — e nem se perde nas mesmas circunstâncias. O quadro final está longe de ser apresentado para julgamento nas urnas, e existe um mundo de água para passar debaixo da ponte que levará ao processo final de escolha do candidato ou dos candidatos do principal eixo da oposição goiana. A situação está ainda tão nebulosa que nem mesmo o surgimento de um tertius deve ser completamente descartada — embora essa possibilidade seja neste momento tão pequena que soa como absurda. Como dificilmente esse novo nome seria o de Iris Rezende, que está sofrendo uma barbaridade para consertar administrativamente a Prefeitura de Goiânia, qualquer olhar mais apurado recairia sobre Maguito Vilela, o plano B desde sempre dos maguitistas.
Assim, sem uma referência realmente hegemônica, o eixo oposicionista capitaneado pelo PMDB vai ter que trabalhar em tempo integral para construir uma candidatura que chegue à campanha propriamente dita com uma inédita união. Será que isso será alcançado? Não se sabe, mas esse é o objetivo. l