É possível derrotar Iris Rezende
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Mesmo garantindo que ainda não se decidiu, todo mundo tem a “certeza” de que o ex-prefeito vai disputar a Prefeitura de Goiânia novamente. Como batê-lo é a questão
É incrível como Iris Rezende se tornou previsível em seus mistérios ao longo das décadas. Neste momento, por exemplo, ele diz que ainda não sabe se será ou não candidato a prefeito de Goiânia novamente, e que só vai definir seu futuro daqui uns tempos. Exatamente igual aquilo que sempre fez em outras situações semelhantes. Todo mundo sabe que ele é, mas ele diz não saber se será. A dúvida, portanto, não é saber se Iris irá ou não tentar o retorno à Prefeitura da capital, mas se existe alguma forma de impedir que isso aconteça. Esse é o sonho de todos os opositores a ele. E só há um caminho para impedir: derrotá-lo em seu ambiente preferido, as urnas. Será possível?
Possível, é, claro. Não apenas é possível derrotar Iris como qualquer outro político aqui e alhures. Não existe ninguém eleito de véspera. E nem derrotado. Neste caso, até peru se salva, e sobrevive pelo menos até o dia da eleição. É claro que candidatos favoritos tendem a agregar mais valor desde a pré-campanha e, também por isso, quase sempre conseguem confirmar a vitória. Quase sempre, diga-se. Favoritos também perdem. É mais raro, mas acontece vez ou outra.
No embate direto, Iris só foi derrotado até hoje por Marconi Perillo. Por aí já se percebe o tamanho da encrenca que é encarar o peemedebista nas urnas. A primeira derrota aconteceu em 1998. Ele era franco favorito. Favorito absolutão mesmo, com mais de 70% de intenções de voto no início do período das pesquisas. Acabou chegando em segundo no prieiro turno, e derrotado definitivamente no segundo turno. Só que todas as vezes em que foi derrotado, e não foram tantas vezes assim, a disputa foi em nível estadual. Em seu principal reduto, Goiânia, ele permanece invicto.
Há uma velha máxima no meio político de que quem bate nos adversários durante a campanha perde a eleição. É uma tremenda bobagem. Na verdade, quem bate perde ou ganha, dependendo de como bate e de como consegue se defender também. Sim, porque quase sempre as campanhas mais agressivas recebem o troco na mesma moeda. Além disso, é preciso saber desmontar as teses mais populares do adversário. Ou seja, é preciso saber bater, e ter credibilidade para isso. Indo mais além e na contramão dessa tal frase, quem não bate, ganha? Pode até ganhar, mas não diretamente. No máximo, como herdeiro. De repente, dois candidatos trocam “sopapos” e um terceiro acaba se beneficiando. Isso também acontece dentro da imprevisibilidade das campanhas.
O grande momento das campanhas “paz e amor” foi 2002, com o Lula e o marqueteiro Duda Mendonça, um mago de extraordinária competência. Mas a verdade é que a campanha de Lula foi extremamente agressiva do ponto de vista desclassificatório de tudo o que José Serra representava. Nada nos governos de FHC era mostrado como bom e positivo. Ao contrário. O grande problema naquela eleição era que José Serra e o PSDB estavam completamente divididos, e enquanto um lado tentava vencer, o outro aceitava normalmente a virtualidade da derrota que acabou acontecendo. Lula bateu o suficiente para vencer, e só não bateu mais porque não foi necessário.
Na linha oposta dessa campanha, aparece 2014. Quem mais desceu o “sarrafo” foi a presidente Dilma Roussef. E quem mais apanhou, em determinado momento, foi Marina Silva. A Marina derreteu debaixo da pancadaria porque não soube se defender. Aécio, enquanto isso, passava ao largo e até, de certa forma, acabou entrando como herdeiro no primeiro turno. No segundo, foi moído também sem conseguir reagir.
São duas situações semelhantes muito mais do que conflitantes. Lula e Dilma bateram e se defenderam com precisão, e também por isso conseguiram vencer. Esse é o único caminho para a vitória. E dentro disso, funcionaria contra Iris Rezende em seu “terreiro”?
Pode funcionar, e talvez não seja tão complicado assim tematizar peças negativas contra ele. Apesar de ter rompido com o prefeito Paulo Garcia, a péssima imagem da administração que ele, Iris, avalizou na campanha de 2012 certamente será explorada. O rompimento pode não ter o efeito vacina que o peemedebista espera.
Mas Iris não é um pobre indefeso. Muito pelo contrário. Como todo líder político de extraordinário alcance eleitoral, ele tem uma arma poderosíssima: o instinto de sobrevivência. Ao sair de duas derrotas, em 1998 e 2002, Iris se lançou candidato a prefeito de Goiânia e imediatamente surgiu em primeiro lugar nas pesquisas. Consequentemente, se tornou alvo de todos os adversários, mais até do que Pedro Wilson, então candidato à reeleição. Quando a situação ficou realmente embaçada para ele, sacou duas soluções administrativas ousadas e partiu para o contra-ataque.
Iris sabe que será o alvo novamente, e também por essa razão vem adiando o início da campanha. Por ele, certamente, quando menos campanha houver, melhor. Ele é disparadamente o mais conhecido dentre todos os candidatos, e o preferido majoritariamente. Ou seja, se ele entrar e sair da campanha da mesma forma, fatalmente será eleito. Então, para os adversários, não há muito o que fazer se não encabeçar uma campanha crítica e inteligente. Se não bater, perde.