As “armas” dos principais candidatos
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Quais são os pontos fortes eleitoralmente de José Eliton, Daniel Vilela e Ronaldo Caiado
É claro que o quadro geral de 2018 em Goiás ainda não está definido, muito embora a situação seja considerada definitiva na base aliada estadual, com a candidatura do vice-governador José Eliton, que estará despachando no Palácio das Esmeraldas durante o processo eleitoral com a desincompatibilização do governador Marconi Perillo em abril para disputar, muito provavelmente, uma das duas vagas de senador que estará em jogo no ano que vem. PMDB e DEM, que ensaiaram bastante um casamento eleitoral, com o lançamento de apenas uma candidatura, parece que estão dando um tempo no noivado. Pode ser até que a união volte a frequentar as cercanias dos dois partidos, mas neste momento a distância entre eles é muito grande.
Quais são as potencialidades eleitorais de cada um deles? Antes de mais nada é preciso sempre levar em conta que não se vence eleições na véspera do processo eleitoral, nem se perde. Há, sim, candidaturas que se colocam no campo competitivo e outras que se apresentam com a nítida e indisfarçável função de somente marcar presença. Favoritismos existem, mas nem sempre o que parece ser inexorável ou apenas uma questão de tempo se confirma nas disputas eleitorais. Eleição são, provavelmente, o maior e mais sensacional cenário favorável à mudança rápida e surpreendente. De qualquer forma, candidaturas competitivas dificilmente são superadas pelas ações despretensiosas e sem embasamento político-partidário.
Assim, José Eliton, Daniel Vilela e Ronaldo Caiado se colocam acima da média geral das candidaturas até aqui ventiladas. Cada um ao seu modo e dentro de suas estruturas partidárias, eles se destacam. E todos eles têm potencialidades especiais, “armas” eleitorais que devem ser utilizadas à farta no ano que vem.
O vice-governador tem na base aliada o seu grande trunfo. É o mais significativo e azeitado exército eleitoral do Estado. Integrada por vários partidos grandes e também por pequenas siglas, cobre com folga cada centímetro habitável do Estado. É um poder avassalador, sem nenhuma dúvida. Ao ponto de vencer a mais improvável eleição das últimas décadas, em 2006. O então candidato, governador Alcides Rodrigues, iniciou a campanha à reeleição como se fosse um nanico qualquer. Além disso, seu raciocínio nos debates e entrevistas era tão lento que causava constrangimentos. Em um dos debates na TV (Anhanguera, mediado pelo repórter global José Roberto Burnier), Alcides se perdeu em anotações e quase não conseguiu formular uma pergunta. Foram os segundos de silêncio mais longos da história eleitoral no Estado, ao ponto de o mediador chamar a atenção de Alcides duas vezes – “Sua pergunta, candidato”, cobrou ele. No final do primeiro turno, Alcides, que havia iniciado a campanha com menos de 10% nas pesquisas de intenção de votos, surgiu à frente do até então líder absoluto, Maguito Vilela. Ele confirmou a vitória também no segundo turno.
Por aí se tem uma noção do que estará à disposição de José Eliton na campanha do ano que vem. Mas é óbvio que não é possível antecipar se esse experiente e bem-sucedido exército eleitoral continua com a mesma força de outrora. Mas é certo que José Eliton tem um discurso muito mais afiado do que Alcides, além de conhecer e participar ativamente da administração. Isso lhe dá um potencial informativo que embasa ainda mais seu conjunto de propostas, além de proporcionar uma boa convivência partidária.
O senador Ronaldo Caiado tem no seu enorme histórico eleitoral – sua primeira disputa foi em 1989, como candidato a presidente da República. De tradicional família ruralista e política, é herdeiro natural do potencial eleitoral desses segmentos, mas também conseguiu somar eleitores fora desses eixos. Ele tem fortíssima presença política em praticamente todas as cidades do Estado, e foi eleito e reeleito diversas vezes como candidato a deputado federal, e chegou ao Senado em 2014. Discursa com enorme facilidade e agressividade. Tem ainda grande penetração entre os eleitores que rejeitam mais radicalmente a esquerda, especialmente a representada pelo PT e seus aliados. Seu único grande aliado é o prefeito de Goiânia Iris Rezende. É o mais conhecido dos pretendentes.
O deputado federal Daniel Vilela é o mais jovem dos três candidatos. Isso não significa que ele seja desconhecido. Filho do ex-governador Maguito Vilela, significa que tende a surfar na administração do pai, entre 1995 e 1998, que teve fortíssima aprovação popular. Sua maior força vem do fato de que o PMDB permanece, apesar de estar longe do Palácio das Esmeraldas há duas décadas, o partido com maior número de filiados em Goiás. Costuma-se dizer, com certa razão, que não há um só quarteirão nas cidades e povoados do Estado que não tenha pelo menos um peemedebista. Tem discurso leve e rápido, e nesse aspecto é até melhor articulado, embora com menos conteúdo, do que seu pai. Ele vende a imagem de representante legítimo da renovação interna no PMDB estadual. Foi vereador, em 2008, deputado estadual, em 2010, e chegou a deputado federal em 2014. Em três disputas, venceu todas.
Pelo que se pode perceber, é impossível apontar um favorito absoluto. No quadro atual, um deles deve vencer as eleições do ano que vem, mas como foi destacado logo na abertura desta Conexão, ainda tem um mar inteiro de possibilidades para passar por baixo de ponte que liga ao Palácio das Esmeraldas. l