Origem do colapso: veja para que é usado o sal-gema retirado do solo de Maceió
04 dezembro 2023 às 16h16
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A extração do sal-gema do solo de Maceió, capital do Estado de Alagoas, causou sérios problemas à estrutura do solo da região. A estimativa é que cerca de 60 mil moradores deixaram seus bairros devido ao risco de desabamento. Mas qual é a importância e uso deste produto pela indústria?
Diferente do sal comum, que geralmente é usado no preparo de alimentos – que é obtido diretamente do mar -, o sal-gema é encontrado em jazidas subterrâneas. Segundo pesquisas, essas reservas foram formadas há milhares de anos a partir da evaporação de porções do oceano. Por esse motivo, o cloreto de sódio é acompanhado de variedades de minerais.
Embora menos conhecido do que o chamado sal de cozinha, o sal-gema é bastante comum nos supermercados. Por exemplo, o sal extraído no Himalaia, que tem tonalidade rosa por causa das características locais, é um sal-gema. O mineral também é usado na produção de soda cáustica e bicarbonato de sódio.
A exploração em Maceió, inicialmente, era voltada para a produção de dicloroetano. Essa substância é empregada na fabricação de PVC. A unidade industrial da Braskem, responsável pela extração, foi inaugurada em 2012, na cidade de Marechal Deodoro, na região metropolitana de Maceió. A petroquímica se tornou a maior produtora de PVC do continente americano.
O sal-gema também é empregado em processo de outras indústrias, como a de celulose e de vidro.
A extração na cidade alagoana consistia na escavação de poços até a camada de sal. Isso há mais de mil metros de profundidade. A retirada era por meio de injeção de água para dissolver o sal-gema e formar uma salmoura, que sugada para a superfície. Em seu lugar a petroquímica preenchia com solução líquida para manter a estabilidade do solo.
Porém, lá houve vazamento de solução líquida e deixou buracos na camada do solo. A hipótese levantada por pesquisadores é de que a ocorrência tenha relação com falhas geológicas na região. Alguns tremores de solo chegaram a ser sentidos nos bairros de Pinheiro, Mustange, Bebedouro, Bom Parto e Farol, em março de 2018.
Risco de colapso
Assim, na última quarta-feira, 29, a Prefeitura decretou situação de emergência. O alerta é que haja um colapso em uma das 35 minas de sal-gema exploradas pela Braskem no bairro do Mustange. Ao todo, cinco bairros já registraram afundamentos e abalos sísmicos.
A própria petroquímica divulgou um comunicado que confirma a ocorrência de desabamento sem precedentes da área. A previsão é do surgimento de uma cratera equivalente ao estádio do Maracanã e com consequências incertas. No entanto, a empresa confia em uma acomodação do solo.
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